Capela: testemunha diz que recebeu orientação de Sukita

Alexsandro confessa esquema para forjar vandalismo (Foto: reprodução vídeo/SSP)

O ex-prefeito Manoel Messias Sukita, de Capela, volta à cena policial, agora acusado de envolvimento no ato de vandalismo supostamente forjado dentro da Prefeitura de Capela, fato ocorrido no início deste ano. O suposto ato de vandalismo foi denunciado à polícia pela prefeita Silvany Sukita, esposa do ex-prefeito, que no momento estava assumindo o comando daquele município. O ex-prefeito Messias Sukita foi citado pelo ex-servidor contratado pela gestão passado, identificado como Alexsandro Santos Dantas.

Este rapaz, conforme a polícia civil, teria sido contratado na gestão do ex-prefeito Ezequiel Leite e revelou que acabou sendo orientado pelo próprio Sukita e por um homem responsável pelo setor de segurança da atual gestão a prestar um depoimento falso na Delegacia de Polícia sobre o suposto ato de vandalismo na Prefeitura de Capela, de forma a atribuir a responsabilidade ao ex-prefeito Ezequiel Leite. E, conforme o próprio Alexsandro Dantas revelou em depoimento prestado na quinta-feira, 29, ele teria aceitado cumprir as orientações transmitidas pelo ex-prefeito e pelo rapaz, conhecido como Conde para mentir na Delegacia de Polícia, mediante promessa de que se manteria no emprego naquela prefeitura durante a gestão de Silvany Sukita.

Sukita investigado

O delegado geral da polícia civil, Alessandro Vieira, confirmou que o ex-prefeito Sukita está sendo investigado, alvo do inquérito policial que continua em tramitação na Delegacia de Polícia de Capela sob responsabilidade da delegada de polícia Mariana Amorim. Na ótica do delegado geral, o ato forjado teria beneficiado diretamente a prefeita Silvany Sukita. “Serviu para justificar a decretação de estado de emergência”, declarou o delegado geral, confirmando que seria uma medida para que a gestora pudesse dispensar licitações e fazer as contratações que considerasse necessárias.

Mas a prefeita não será investigada, pelo menos neste primeiro momento. Conforme explicou o delegado geral, por ela possuir foro por prerrogativa de função, os desdobramentos da investigação ocorrerão em uma nova fase do inquérito a partir dos procedimentos legais mediante autorização do Tribunal de Justiça.

Alicate

O laudo pericial do Instituto de Criminalística, apresentado em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira, 30, pelo perito André Feitosa, revela que os cortes nos fios dos computadores também foram forjados, da mesma forma que os documentos espalhados em um compartimento da prefeitura. Nas proximidades do local onde os fios foram cortados, havia uma faca. Mas as investigações da polícia indicam que aquele não teria sido o objeto usado para fazer o corte da fiação.

Conforme revelações feitas pelo perito André Feitosa, os vestígios encontrados revelam que os cortes foram realizados com uso de alicate e não de faca, como sugerem a cena revelada, inclusive, nas imagens produzidas pela atual gestão e entregues à polícia. A delegada Mariana Amorim não recebeu a relação dos documentos que teriam desaparecido da prefeitura e o perito informou que naquelas pastas amontoadas na prefeitura estavam apenas documentos inerentes à vida funcional de servidores. Pastas com datas dos anos de 1992, 2008 e 2014, sem apresentar rasuras, e cópias de alguns contratos de obras e de licitação. “Não estavam rasuradas, foram colocados naquele local”, disse o perito André Feitosa.

As portas também não apresentavam sinais de arrombamento, nem havia sinais de escalada nas paredes. “As portas foram abertas com as chaves, não há sinal de entrada forçada e não houve furto”, destacou o perito. O único dano, classificado como insignificante foram os cabos dos computadores cortados, conforme o perito. “Classificamos como vestígio forjado para induzir a erro as autoridades e obter vantagem com esta conclusão errônea”, complementou o perito, observando ainda que o cenário não foi preservado e que todo o ambiente naquele momento foi manipulado.

O delegado geral Alessandro Vieira e a delegada Mariana Amorim informaram que as investigações não foram concluídas e que a SSP apenas convocou a imprensa para prestar esclarecimentos sobre o inquérito devido a informações que circularam nas redes sociais entre o final da tarde e a noite da quinta-feira, 29. Os novos fatos surgiram, segundo os delegados, com as contradições encontradas nos diferentes depoimentos prestados por Alexsandro Dantas e, finalmente, com as relações que ele mesmo decidiu fazer depois de alertado pela possibilidade de estar cometendo crime de falso testemunho.

Silvany Sukita

A prefeita Silvany Sukita se manifestou por meio da assessoria de imprensa. Conforme a assessoria, a prefeita desconhece as denúncias, nega envolvimento em suposto ato forjado para incriminar o ex-prefeito e também não sabe se há envolvimento do marido neste suposto esquema para forjar o ato de vandalismo. De acordo com a assessoria, para a prefeita o que interessa é a verdade e que a própria Silvany Sukita tomou a iniciativa de denunciar à polícia as condições que encontrou as instalações da prefeitura.

Após o fechamento desta matéria, a prefeita Silvany Yanina Mamlak Sukita mandou uma nota, onde reafirmou que recebeu a administração da prefeitura em estado caótico, com equipamentos deteriorados e ausência significativa de documentos e que a referida situação foi devidamente comunicada aos órgãos de controle – Tribunal de Contas, Ministério Público Estadual e Polícia Judiciária. Ela também destacou que o Tribunal de Contas considerou gravíssimas as denúncias apresentadas por ela e notificou o ex-prefeito para devolver os documentos que estavam em sua posse, ato só ocorrido em 10 de janeiro de 2017, corroborando com os fatos denunciados.

Silvany disse ainda que espera que a verdade dos fatos seja apurada com a mais absoluta imparcialidade e isenção e que seguirá pleiteando das autoridades policiais que levem em consideração a documentação e as provas apresentadas, bem como a ouvida das demais testemunhas indicadas antes de emitir qualquer juízo de valor sobre o mérito da questão, já que o mesmo é função do Poder Judiciário.

A prefeita finalizou a nota, dizendo que acatou o pedido de afastamento voluntário até o final das investigações feito pelos servidores citados na coletiva de imprensa.

Sukita

O Portal Infonet tentou ouvir o ex-prefeito Manoel Messias Sukita, mas não obteve êxito. A assessoria de imprensa informou que o ex-prefeito estaria reunido com assessores jurídicos discutindo esta questão para apresentar a defesa. O Portal Infonet permanece à disposição. Informações podem ser enviadas por e-mail jornalismo@infonet.com.br ou por telefone (61) 2106 – 8000.

Por Cássia Santana 

A matéria foi alterada às 17h43 para acréscimo de nota enviada pela prefeita Silvany Sukita.

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