MNSL: funcionários fazem denúncias durante visita do MPE

Visita contou com participação do MPE, da OAB e do CRM (Fotos: Monique Garcez/ Portal Infonet)

Falta de medicamentos, materiais básicos e insumos, e ausência de macas para atender gestantes que estão em trabalho de parto. Foram essas as constatações feitas pela promotora da Saúde do Ministério Público Estadual (MPE), Euza Missano, após visita realizada à Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL) na noite desta segunda-feira, 5.

Além dela, estavam presentes a conselheira regional de Medicina Rosa Amélia, e Maria Angélica Rezende, membro da Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). As três visitaram o centro cirúrgico, a farmácia, a área de admissão da maternidade e a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIn), e também conversaram com os profissionais, dos quais ouviram várias queixas.

Ana Cristina destaca alguns dos problemas

Uma delas foi da anestesista Ana Cristina Oliveira, que relatou que mesmo sem haver Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a maternidade trabalha como se houvesse uma. “Aqui é horrível. Nós ficamos com todas as responsabilidades na mão. Além disso, tem dias que não dá nem para transitar no corredor, pois ele fica cheio de macas”, desabafa.

Outro profissional, que não quis se identificar, afirma que faltam antibióticos e material para realização de parto normal. “Aqui é assim, chega uma coisa e falta outra. Precisamos desses insumos para trabalhar. Está faltando material de proteção, e apenas está vindo luva de um só tamanho. É inviável”, reclama.

Carlos Araújo destaca que deficiência não está apenas na MNSL

O profissional de medicina Carlos Alberto Araújo, por sua vez, declara que, segundo os demais funcionários, está faltando bisturi e sondas.  Ele ainda ressalta que esta deficiência está presente em outros estabelecimentos de saúde pública.

OAB

De acordo com a representante da OAB, a saúde pública é um ‘blefe’. “Uma maternidade de alto risco não tem antibiótico, e depois quando morre alguém com infecção ninguém sabe o porquê. O nome disso é desleixo com o paciente. As pessoas têm o direito de viver e este não está sendo respeitado”, indigna-se.

Maria Angélica ainda complementa e conta que será feito um relatório onde constarão todas as informações sobre a visita. “Não se pode continuar brincando com a saúde. A população está sendo enganada, e a causa das mortes na maternidade já está explicada”, alega.

Maria Angélica está indignada com situação

Ela também destaca a situação de mulheres que estavam em trabalho de parto e precisavam ficar sentadas em cadeiras. “Elas não têm nem o direito de deitar em uma maca. Isso é desumano. É um faz de conta, e tudo isso é um absurdo”, finaliza.

MPE

A respeito da visita, a promotora Euza Missano ressaltou que o MPE já moveu uma Ação Civil Pública (ACP) em face da Fundação Hospitalar de Saúde (FHS) e do Estado sobre o abastecimento dos estabelecimentos de saúde.

“Viemos à maternidade para saber se o desabastecimento permanecia. O próximo passo é encaminhar a memória de visita ao judiciário, confirmando que não está sendo cumprido o que está na liminar”, revela Euza, acrescentando que o MPE constatou que já houve regularização com relação à superlotação da UTIn.

Documento foi redigido ao fim da visita

Documento

De acordo com o documento redigido pela promotora ao fim da visita a MNSL, além das demais constatações, os plantonistas informaram que a falta de materiais básicos e também de insumos poderá gerar várias consequências, a exemplo de risco de infecção.

Assessoria

Na manhã desta terça-feira, 6, às 7h04 a assessoria de comunicação da Secretária de Estado da Saúde (SES) encaminhou nota ao Portal Infonet. "Quanto ao abastecimento em geral, o diretor administrativo e financeiro da Fundação Hospitalar de Saúde, Mário Ferreira, esclarece que "não estamos de braços de braços cruzados. Encontramos uma dívida grande com fornecedores e alguns setores que beiravam o desabastecimento. Chamamos esses fornecedores,  renegociamos a dívida e hoje trabalhamos com um percentual bem maior de cobertura, tanto do material médico-hospitalar, quanto nos medicamentos para garantir oferta dos itens". O diretor afirma ainda que a Fundação ainda enfrenta problemas no fornecimento,  fruto desse processo de renegociação que demanda tempo para fornecedores, distribuidores e laboratórios regularizarem o atendimento. O governador Marcelo Déda fez um alto investimento para construir e reformar uma das melhores infra estruturas de saúde do Brasil. Somos um dos Estados com maior volume de dinheiro aplicado na Saúde e precisamos do resultado desse investimento na assistência ao usuário do SUS", esclarece a nota na íntegra.

* A matéria foi alterada às 07h47 para acréscimo da nota da SES

Por Monique Garcez e Raquel Almeida

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