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A psicóloga Syrlene Besouchet diz que em SE não existe tratamento especializado(Foto: Portal Infonet) |
Segundo dados do Centro Integrado de Atendimento Psicossocial (CIAPS), a Defensoria Pública do Estado recebe em média 40 pessoas por dia, sendo que 70% dessas pessoas vão em busca de ajuda para o tratamento da dependência química.
O atendimento é gratuito e os usuários procuram a defensoria no sentido de viabilizar uma internação para o tratamento e a defensoria faz a porta de entrada na tentativa de viabilizar o tratamento a quem necessita.
Em decorrência do fechamento da Clinica de Reabilitação Santa Maria [que atendia a pacientes com problemas mentais e usuários de drogas] por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), atualmente, apenas a Clínica São Marcello conta hoje com esse atendimento. Segundo a direção da unidade, ao todo são 140 leitos, sendo 80 através do SUS e desse, 10 para tratamento de dependentes químicos.
De acordo com a psicóloga do Ciaps, Syrlene Besouchet, em Sergipe, não se tem um tratamento especializado para dependentes químicos. “Nós não temos o tratamento especializado ao tratamento das drogas, então a defensoria faz esse elo de ligação. Nós entramos em contato, tentamos administrativamente conseguir essa vaga, geralmente conseguimos, não 100%. Nós levamos em consideração a perspectiva de que não tenha vaga assim de primeira para gente internar no dia que os assistidos nos procura, mas a gente tenta ver e na medida do possível a gente consegue”, afirma.
Como a demanda é muito grande, a Defensoria tem dificuldades de enviar esses pacientes para o tratamento haja vista que em Sergipe apenas uma clínica realiza o acolhimento dos usuários através do SUS. “A gente tem uma dificuldade imensa porque tem uma clínica somente que é a clínica São Marcello. Você tem um público imenso, a demanda é grande e nós não temos vaga, nós tínhamos a Santa Maria, mas fechou. Nós temos tratamento alternativo como Fazenda Esperança, Mãe Natureza que é aquele que não usa medicamento, vai para casa religiosa. Mando sempre pessoas para lá, uns respondem outros não, depende do grau da doença”, diz Syrlene.
Em alguns casos, é preciso entrar com uma ação para obrigar o internamento do paciente. “Já monitorado pelo defensor público que iria entrar com uma ação judicial, aí a gente pede para o juiz analisar e o juiz defere a tutela antecipada pra internar, mas sempre com muita dificuldade porque volta à mesma história, entrando mesmo judicial a gente vai concorrer com uma porção de pessoa que estão na frente pleiteando a mesma vaga quando na verdade o suporte para Sergipe o número de vagas é bem menor, a demanda é bem maior, então fica sempre a desejar, mas a gente na medida do possível vai tentando”, conta.
Eficácia no Tratamento
Maria José tem um neto internado na São Marcelo |
Ainda no entendimento da psicóloga, muita das vezes o tratamento não sai a contento porque em alguns casos o usuário no momento da internação se recusa, foge da clínica ou desiste da internação.
Para uma eficácia no tratamento, a psicóloga garante que vai depender do comprometimento do usuário. “Depende do grau e também de como vai se desenvolver esse tratamento, então, eu não posso dizer que vou internar a pessoa hoje e daqui a 6 meses ela está ok, porque é muito particular a evolução do tratamento. Tem pessoas que com cinco, seis meses respondem de uma forma, tem outros que um ano está totalmente preso a droga, agora não é uma coisa rápida”, garante.
Segundo a psicóloga, dois fatores são fundamentais para o sucesso do tratamento do dependente químico. “Eu coloco sempre que o tratamento de dependência química é muito complexo. Primeiro é a vontade e o comprometimento do próprio usuário e a gente sabe que quando está no período de abstinência nós sabemos que aquela sensação de fissura, busca do prazer que a droga funciona a gente sabe que é maior do que o próprio individuo, então ele tem que se pautar e se determinar de que quer sair, o elemento fundamental é o próprio usuário. O segundo é o apoio da família e a gente sabe do papel fundamental. A gente tem que buscar o apoio da família levando para o médico, para internar, conversando. É muito difícil, mas faz parte”, diz.
Apesar de todas as dificuldades encontradas, a aposentada Maria José dos Santos diz que tem um neto de 18 anos internado na clínica São Marcello. “Eu cheguei aqui chorando e pedi a assistente social que arranjasse uma vaga para ele, porque ele me pediu ajuda e pediu para sair do vício. Ele está mudando e eu vim aqui colocar ele. Ele tem 14 dias que está aqui dentro. Ele já está mudado e disse que já esqueceu as drogas”, conta.
Por Aisla Vasconcelos
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