Huse pode sofrer intervenção ética do CRM de Sergipe

CRM divulga relatórios (Fotos: Portal Infonet)

O Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) pode sofrer intervenção ética do Conselho Regional de Medicina (CRM). O alerta vem do conselheiro Hyder Aragão de Melo, um dos médicos responsáveis pela inspeção realizada no Huse pelo CRM que detectou problemas considerados graves na estrutura do hospital e nos procedimentos dirigidos a pacientes. A fiscalização é fruto do pedido de intervenção formulado oficialmente por dirigentes daquele hospital, no ano passado.

Como consequência, o governo terá prazo de quatro meses para corrigir as deficiências sob pena do CRM decretar intervenção ética, proibindo a classe médica de fazer o atendimento rotineiro a novos pacientes em determinados setores do Huse. Uma medida catastrófica, porém necessária, caso os problemas não sejam solucionados, na ótica do conselheiro Hyder Aragão.

Na tarde desta sexta-feira, 21, os médicos Hyder Aragão, conselheiro do CRM, e Rosa Amélia Andrade Dantas, coordenadora de fiscalização, divulgaram os resultados da inspeção realizada pelo CRM durante seis meses no Huse. Além da equipe do CRM de Sergipe, a inspeção foi acompanhada pelo médico fiscal da Paraíba, Eurípedes Sebastião de Souza.

Fotos revelam precariedade na unidade

Os problemas encontrados, na ótica de Hyder Aragão, implicam grandes riscos de infecção hospitalar e até de morte de pacientes. “As deficiências não são pontuais, elas passaram a ser contínuas”, considerou Aragão. “É uma medicina de guerra”, conceituou.

Conheçam os principais problemas apontados pelo CRM

Superlotação em vários setores

Privacidade dos pacientes não é respeitada nos leitos

Pacientes do sexo masculino se misturam com mulheres, sejam idosos, adultos, jovens ou crianças

Documentos guardados de forma inadequada

Teto do centro cirúrgico desabou

Comidas misturadas a medicamentos e guardadas inadequadamente embaixo de macas

Lixeiras próximas a paciente em estado grave

Não há respeito à distância mínima entre as macas

Presença de moscas em vários setores onde há pacientes internados ou que aguardam atendimento

Espaços inadequados para o repouso dos profissionais

Lençóis no chão

Equipamentos quebrados

Infiltrações

Alimentos armazenados de forma inadequada

Ar condicionado sem funcionar, aumentando o risco de proliferação de moscas

Salas de Cirurgias transformadas em enfermarias

Teto do Centro Cirúrgico danificado, sem conserto

Perseguição

Rosa Amélia e Hyder: seis meses de trabalho

Os resultados estão compactados em seis relatórios, cujas cópias serão encaminhadas ao Governo do Estado com pedido de solução. No relatório, o CRM destaca ainda que há servidores perseguidos pela não adesão às fundações, prática de preços diferenciados nas contratações de profissionais, incapacidade administrativa para gerenciar os hospitais regionais e fracasso na funcionalidade das clínicas de família instaladas no interior.

Em um dos relatórios, o CRM cita que a reforma do Hospital de Urgência foi realizada com sub-dimensionamento de leitos nos setores do Pronto Socorro, “sob justificativa de que os hospitais regionais iriam absorver a demanda local, corroborando com as estatísticas que indicam a redução do número de leitos hospitalares em Sergipe (10,8%) nos últimos cinco anos”.

No relatório, o CRM faz alerta preocupante quanto aos riscos das áreas azul e verde do Huse, considerados locais onde há menos gravidade dos pacientes. “Porém, justamente nesses locais, ocorrem óbitos cuja investigação revela a irracionalidade do atendimento”, alertam os médicos Rosa Amélia e Hyder Aragão, em um dos relatórios. “Como justificar que 78,8% dos óbitos da área azul ocorram sem diagnóstico e nas primeiras 24 horas, considerando ser essa uma unidade de baixo risco de morte?”, questionam, no relatório.

Além do governo, também receberão cópias dos relatórios, o Conselho Federal de Medina, Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal, Tribunal de Contas, Assembleia Legislativa, Câmara de Vereadores, Conselhos Municipal e Estadual de Saúde, Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea), Sociedade Médica de Sergipe, Academia Sergipana de Medicina, Conselho Regional de Enfermagem, Corpo de Bombeiros, Vigilância Sanitária e Defesa Civil.

Nota

A Secretaria de Estado da Saúde se posicionou com uma nota público a respeito da conclusão dos trabalhos realizados pelo CRM. Leia, abaixo, a íntegra da nota emitida pela SES:

"A Secretaria de Estado da Saúde (SES) esclarece que recebeu cópia do teor sobre as seis fiscalizações realizadas pelo CRM. O relatório já foi repassado à Fundação Hospitalar de Saúde (FHS). Muitas das questões apontadas no relatório, apresentado 7 meses após início das fiscalizações, já foram adotadas de forma responsável pelo Estado. A prova disso foi a ação junto ao Ministério da Saúde, com a implantação do SOS Emergências, no sentido de controlar a superlotação, reduzir fila de espera, adequação de espaço, disposição de macas, aporte de recursos financeiros, para enfrentamento de questões estruturais como elevadores. Tudo isso, no sentido de promover melhorias não só na  área azul e verde, como consta no relatório, mas também nas áreas amarela e vermelha. E mais, já iniciamos várias ações relativas a outros pontos específicos abordados no relatório, a exemplo de melhoria no sistema de limpeza, serviço de refrigeração de ambientes, avanços na composição de escalas, finalização da obra da UTI e estamos nos debruçando para adequar outros pontos específicos que não são citados no relatório, mas que foram detectados pelo diagnóstico do Núcleo de Acesso e Qualidade Hospitalar, criado pela Secretaria de Estado da Saúde, de acordo com a Portaria 2395/2012."

Por Cássia Santana

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