Grupo prepara gestantes para o parto ativo (Foto: Arquivo pessoal/RedeAnahi) |
Viver a experiência de ter o bebê em casa é um ato de coragem. A mulher que optar por essa modalidade de parto, deve estar preparada psicológica e fisicamente para o momento. O parto ativo, também conhecido como parto humanizado, tem sido procurado por gestantes que optaram em participar ativamente do nascimento de seu filho. A opção de ter o filho em casa levanta uma discussão acerca da violência obstétrica vivida por gestantes que escolheu pelo parto em maternidades. Em Sergipe, o parto ativo é uma realidade e inúmeras gestantes já procuram as redes que preparam as gestantes para protagonizar o nascimento de seus filhos.
A coordenadora do Grupo Maternar Sergipe de apoio à maternidade, Márcia Arévalo, ressalta a importância da humanização do parto e explica de que forma as gestantes passam por violência obstétrica em hospitais públicos e privados. Ela conta que o parto ativo trabalha com algumas questões principais uma delas é a humanização do parto a diminuição da violência obstétrica. “Esse tipo de violência ocorre tanto em espaços públicos quanto nos privados. A luta pelo pré-natal de qualidade com acesso amplo para todas as mulheres é também uma de nossas bandeiras. O pré-natal gera conhecimento e as nossas três bandeiras são informação, autonomia e protagonismo para a mulher, tanto durante a gestação quanto na hora do parto”, explica.
Márcia Arévolo |
Márcia, que também é uma Doula, ressalta que a mulher já está condicionada a ser levada a maternidades sem ter o poder de escolha. “O que a gente acha é que hoje não temos direto à escolha. Embora o Ministério da Saúde já tenha levantado a bandeira da humanização há anos, a mulher é submetida a diversos tipos de violências ela é encaixada no padrão de horas e se ela não tiver dilatada ela vai para uma indução com ocitocina que provoca dores na mulher. A gestante chega à maternidade, é colocada na indução e a dor é ampliada em 20 vezes com a ocitocina”, lamenta.
Doula
A Doula (Mulher que Serve) é o profissional que trabalha com a gestante toda a confiança emocional. Realiza trabalho de massagens respiração exercícios que auxiliam no parto. Em Aracaju, existem grupos de apoio à maternidade, como a Rede Anahi, localizada no bairro São José.
A psicóloga Silvia Anjos é quem lidera este grupo. Ela também é uma doula e prepara as gestantes para o parto domiciliar. Segundo Silva existem muitas doulas em Sergipe formadas pelo “Projeto Doulas – Amigas do Parto”. O projeto foi iniciado em 2010, através de uma seleção e capacitação de voluntárias na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes e tem como objetivo fortalecer as práticas de humanização preconizadas pelo Ministério da Saúde (MS). O objetivo é incentivar o protagonismo da mulher no trabalho de parto e pós-parto.
A médica sanitarista Priscila Batista é também adepta do parto humanizado e atuante do parto ativo em Sergipe. Segundo ela a prioridade é a humanização do parto. De acordo com a médica, 90% das mulheres ainda vão parir nos sistema médico. “O nosso coletivo é o respeito à escolha do parto domiciliar. Viemos uma situação bastante complicada com relação ao parto humanizado. Hoje a gente tem atuado muito pela internet através de blog e facebook. O movimento pelo parto humanizado se vale muito desse recurso e tem servido de apoio no sentido publicisar essas informações para as mulheres”, diz
De acordo com ela, o Brasil é o campeão mundial de taxa de cesárias no mundo. Ela explica que o parto Cesário, como todo procedimento cirúrgico trás riscos e não é o indicado. “É importante incorporar os recursos que a obstetrícia tem, mas é uma realidade que chama atenção. Em Sergipe nós temos uma taxa ascendente. Em 2011 a gente mais que dobrou o número de parto Cesário Sergipe. É preciso averiguar o que está acontecendo”, alerta.
Experiência
Viver a experiência de ter o bebê em casa é um ato de coragem. A mulher que optar por essa modalidade de parto, deve estar preparada psicológica e fisicamente para o momento.
Ela conta que se preparou para realizar o parto em casa, mas não entrou em trabalho de parto e teve que recorrer ao atendimento médico. “Eu me programei para parir em casa e tive todo o acompanhamento e apoio da minha doula, mas não entrei em trabalho de parto”, relata.
Márcia Arévolo viveu os dois lados da moeda. Ela conta que seu primeiro parto foi em um hospital e não trás boas recordações do momento. Já segundo filho ela teve a oportunidade de participar ativamente e comera a decisão. “Meu primeiro parto foi no hospital e meu segundo parto foi domiciliar e foi quando percebi a diferença. A experiência é maravilhosa porque aquele momento acontece no seu ritmo em parto domiciliar. Eu não tive ninguém me mandando fazer força. Fui ouvindo meu corpo e deixei que ele fizesse o resto. A primeira gestação eu era muito nova e estava muito insegura. Já na segunda gestão eu já estava impoderada e também vir partos domiciliares de amigas. Eu tenho uma amiga que participaram de três partos ativos”, relata.
MPE
A promotora de justiça Euza Missano explica que o Ministério Público Estadual (MPE) já atua na questão da humanização do parto. “Há dois anos, trabalhamos com essa questão e temos vários procedimentos administrativos instalados para humanização do parto. Nesse aspecto, inclui também a assistência a parturiente que vai desde a assistência pré-natal até o nascimento, assistência ao neonato e a criança até dois anos de idade. A questão do parto humanizado é de fundamental importância porque acabamos hospitalizando um procedimento normal a um ato fisiológico. O Ministério Público nunca recebeu as denúncias por parte das parturientes no que permite ao acolhimento, mas não quer dizer que não exista”, entende.
A causa
A bandeira da humanização do parto entende que a gestação e o parto são eventos fisiológicos perfeitos (onde apenas 15 a 20% das gestantes apresentam adoecimento neste período necessitando de cuidados especiais), cabendo a obstetrícia apenas acompanhar o processo e não interferir buscando ‘aperfeiçoá-lo’. Humanizar é perceber, refletir e respeitar os diversos aspectos culturais, individuais, psíquicos e emocionais da mulher e da sua família, devolvendo o protagonismo, o direito de conhecimento e escolha para parir.
Em âmbito nacional, o projeto de lei que prevê o parto humanizado em toda a sua rede do SUS já foi aprovado pelo Senado e pela Câmara dos Deputados. Diante disso, se faz necessário envolver os profissionais da saúde, gestores, mulheres, mães e toda a sociedade sergipana para discutir a importância do processo do parto humanizado, que vai desde a gestação ao acolhimento das gestantes na maternidade.
#bloco{ background: #FFD5EA; border: 1px dotted #ff7490; width: 500px; height: auto; min-height: 100%; overflow: hidden; padding: 10px; margin: auto; margin-bottom: 50px; } #bloco ul{ list-style:circle; padding-left:25px; } #bloco li{ padding-top:10px; text-align:justify; }
As bandeiras pela humanização do parto são:
|
Por Eliene Andrade
Portal Infonet no WhatsApp
Receba no celular notícias de Sergipe
Acesse o link abaixo, ou escanei o QRCODE, para ter acesso a variados conteúdos.
https://whatsapp.com/channel/
0029Va6S7EtDJ6H43
FcFzQ0B