Usuários afirmam “posto 24h não cuida quando precisamos”

Posto 24horas foi fechado após a morte do pedreiro (Foto: Portal Infonet)

"O posto é 24 horas, mas no momento em que a população precisa, está fechado". É o que acontece no Posto de Urgência e Emergência 24 horas do conjunto Eduardo Gomes, em São Cristovão, segundo a população local. Depois do caso ocorrido na manhã desta segunda-feira, 25, envolvendo um pedreiro que morreu em frente ao Posto 24h na espera por atendimento, a população voltou a se revoltar pela falta de atendimento médico no local.

Após a morte do pedreiro, o posto foi fechado pela gestão da saúde do município. Segundo populares que moram na região, não é a primeira vez que casos como o do pedreiro José Augusto da Silva acontecem. Monique Nascimento acompanhou o caso de José Augusto pelos jornais, mas informou que isso não é nenhuma novidade. “Nós chegamos aqui [posto] e os funcionários ficam conversando, tomando café. Acontece o tempo todo de a pessoa precisar e não ter gente para atender ou as pessoas que estão não atendem. Já aconteceu com familiares meus”, disse Monique.

Além do mau atendimento, a população também se queixa da falta de medicamentos na unidade. “Várias vezes já passei aqui para procurar medicamentos e não consigo. Ontem mesmo eu tive problema para pegar remédios para minha mãe. No horário que fui, eles disseram que não tinham quem pudesse me atender para aquilo. Fiquei sem os remédios”, explicou a moradora local Elenilza Tavares.

A mulher disse ainda que, devido aos problemas no Posto 24h, as pessoas estão preferindo esperar para poder ir a consultórios particulares. “Quando nos atendem, os médicos mal nos olham e já nos mandam para o Hospital João Alves. Agora, eu e minha família estamos indo a médicos particulares, para não correr riscos”, disse.

Elenilza falou à reportagem do Portal Infonet que, além de todos os problemas com funcionários e medicamentos, sua família também sofreu com problemas de diagnóstico médico. “Há 3 ou 4 meses eu vim com a minha irmã para cá porque ela desmaiou. Levei minha irmã lá depois que ela estava um pouco melhor e me perguntaram se eu tinha levado ela lá só por desmaiar. Aí quando eu a levei a um médico particular, descobrimos que ela estava com princípio de leucemia”, falou revoltada a mulher.

O Portal Infonet entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde de São Cristovão, através do secretário Fernando Rodrigues. Segundo o secretário, as informações dadas pela população não procedem. “Nós temos pessoal durante 24 horas. Durante a madrugada em que ocorreu o incidente, o posto tinha funcionários para atender a todos que chegassem”, disse Fernando.

Quando indagado sobre os motivos pelos quais o pedreiro José Augusto teria vindo a óbito, o secretário Fernando deu seu posicionamento. “Essa vítima costuma dormir na rua. Ele apareceu se queixando das dores em frente a uma empresa de vigilância. Foi quando chamaram a Samu, mas quando a Samu chegou o homem já havia falecido”, explicou o secretário. “Quando o filho da vítima o levou em cima da carroça à frente da Urgência, ele já estava morto”, disse Fernando.

O secretário informou ao Portal Infonet que o problema de falta de médicos já existiu, mas hoje não perdura. “Realmente já sofremos com a falta de pessoal, mas atualmente isso não acontece mais. Eu tenho todos os médicos 24 horas no posto. Se um médico negligenciasse, haveria punição. Quanto aos que falam de falta de medicamentos, isso não existe”, falou Fernando Rodrigues.

O caso

O pedreiro José Augusto da Silva, 53, morreu na porta do Posto de Urgência e Emergência 24 horas do conjunto Eduardo Gomes, em São Cristovão, e família da vítima reclama da falta de assistência médica naquele pronto-socorro. Apesar de destacar que o atendimento é de 24 horas, a unidade estava fechada, segundo os familiares, quando a vítima chegou em uma carroça empurrada pelo servente de pedreiro Sérgio Santos Silva, 35, filho do pedreiro.

Por Helena Sader e Aisla Vasconcelos