Pesquisadores estudam o uso de protetor solar inorgânico

A pesquisa tem a meta de desenvolver protetores que não causem alergias

A exposição frequente a radiação ultravioleta (UV) é uma das principais causas para o crescimento do câncer de pele no mundo. Para prevenir contra essa doença, a principal indicação é o uso do protetor solar. Há cerca de dois anos, pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe (UFS) estão desenvolvendo estudos sobre a obtenção e uso de protetor solar transparente, que seja capaz de proteger a pele sem causar danos, a exemplo das alergias.

A pesquisa está sendo realizada pela doutora em Química Renata Cristina Kiatkoski Kaminski junto ao Departamento de UFS em São Cristovão. O estudo conta com a participação de uma aluna de iniciação científica, Maria Jacqueline Batista, e do Dr. Florian Meneau do Laboratório Nacional de Luz Síncroton (LNLS). A pesquisa foi submetida ao edital do Programa de Bolsas e Desenvolvimento Científico e Tecnológico Regional (DCR), desenvolvido pela Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica de Sergipe (Fapitec/SE).

De acordo com Renata Cristina, o objetivo do estudo é obter um protetor solar transparente contendo filtros solares inorgânicos com o dióxido de titânio (TiO2)  e óxido de zinco ( ZnO). A meta é desenvolver protetores que não causem

Renata Crristina explica a pesquisa

alergias na pele e mantenha sua atividade fotoprotetora contra os raios solares e ultravioletas.

A pesquisadora explica que os protetores solares existentes no mercado contêm mais moléculas orgânicas do que inorgânicas, o que pode causar sérios problemas como o câncer de pele. “As moléculas orgânicas penetram na pele podendo causar alergias, já os protetores inorgânicos são usados em menor concentração, geralmente apresentam um aspecto mais esbranquiçado, porém não penetram na pele e causam menos alergias. Esses protetores inorgânicos são protetores comuns de crianças”, afirma. 

Experimentos

Segundo Renata Cristina, inicialmente foi estudado o que seria o creme do protetor. “Estudamos todos os elementos separados e fizemos a junção aos poucos à medida que iríamos estudando cada passo. Antes de tudo estabilizamos o creme com cuidado para que não fosse desestruturado pelo calor, umidade e outros fatores. Esse creme precisa ser adequado quanto ao uso na pele e não tem muito óleo evitando que cause alergia. Depois colocamos o protetor TiO2, estudamos os efeitos da sua concentração na estabilidade da base cosmética e o fator de proteção solar , analisamos a transparência do creme e a espalhabilidade na pele”, explica.

Ainda de acordo com a pesquisadora, a próxima etapa dos experimentos será a adição de ativos antioxidantes que auxiliam a pele a se recuperar do sol  e que sirvam  contra rugas e celulites. “Veremos quais os efeitos desses ativos na estrutura do creme e para finalizar observaremos como diferentes estruturas obtidas nos cremes afetam a liberação do ativo na pele”, disse.

População

Renata Cristina ressalta a importância da pesquisa para sociedade como atrativo para o conhecimento da Ciência e Química.  “É importante esclarecer as dúvidas, os mitos e os diferentes tipos de protetores solares existentes no mercado cosmético. Além disso, simplificar os conhecimentos científicos usado na produção de protetores de maneira que esses conceitos possam utilizados no ensino, tornando o estudo da Química mais atrativo”, ressalta.

A pesquisadora ainda faz um alerta sobre o uso correto do protetor solar para evitar doenças como o câncer de pele. “A proposta da pesquisa é justamente essa produzir um protetor solar que cause menos alergias, seja transparente e proteja contra todos os tipos de radiação solar e, além disso, contenha ativos de antioxidantes, antirrugas e anticelulite. É preciso conscientizar a população através de palestras e oficinas quanto aos tipos de radiação e os perigos de não usar protetores solares que causam danos à pele”, complementa.