Luiz Fontineli e seu primeiro CD

Cantor e compositor de Porto da Folha, Sergipe, ele participou de vários festivais em diversas cidades do país cantando sua música regional. E, agora, através do projeto Quintas da Assaim, dia 16 de outubro, faz o pré-lançamento do seu primeiro CD, Meu Mistério. Este é Luiz Fontineli, que, em entrevista ao SERGIPE CULTURAL, conta sobre o que é ser artista sergipano e o sobre o processo de querer, insistir e conseguir trabalhar com música no estado. SERGIPE CULTURAL -Quando você começou a cantar? LUIZ FONTINELI –Em 1986, quando fui morar em Salvador. O que me incentivou muito foi um sorteio em que eu ganhei uma guitarra como brinde. Eu já cantava e cumpunha, mas o trabalho instrumental começou com isso. Em 1989, comecei a cantar na noite, já profissionalmente; nessa época eu já tinha voltado para Aracaju. SC – Do início de sua carreira para hoje, houve mudanças em sua música? LF –Não, sempre cantei música regional, rock rural, numa linguagem bem ruralista, e, claro, romântico também, que não pode faltar. Esse meu primeiro CD, que vou lançar no show de quinta, tem exatamente isso e um pouco de funk soul e pop-rock. A maioria das músicas são composições minhas, menos uma que é de um cearense, um xote, Maria Flor, e outra, que é parceria com Mingo Santana. São músicas que estavam nos muitos festivais que participei. SC – Como foi a produção de seu primeiro cd Meu Mistério? LF –Contei uma parte com o estúdio da Unit e outra com a Liberdade FM. Fazendo shows em sindicatos- tocava para eles em troca de apoio, às vezes recebia adiantado: foi desse jeito. Esperar pelo apoio do governo tanto estadual como municipal, de entidades a gente não cosegue nada. Eu esperava muito do municipal, mas para a cultura está muito difícil. SC – Você já participou vários festivais de música. Qual teve mais valor para sua carreira? LF –O Festival de Tatuí, em São Paulo. Ele foi o mais importante, porque nele eu disputei com grandes personalidades. Concorri com o parceiro de Oswaldo Montenegro, José Alexandre, Marquinhos, que era pianista de Tim Maia, Gilberto Franco, um cearense, que já teve nome bem conhecido em Fortaleza. Os jurados eram Jorge Vercilo, Elba Ramlho, Geraldo Azevedo, Bira e Osmar, do sexteto de Jô Soares, grandes estrelas da música. Participei do Canta Nordeste, do Sescanção, três vezes, do Novo Canto,…Em alguns eu fui classificado, mas não consegui patrocínio com a Secretaria da Cultura para viajar. SC – Como você vê o novo som que está sendo produzido em Sergipe? LF –A música sergipana melhorou muito. Eu gosto muito dessa nova safra. Eles criaram uma identidade para o Estado. Estão fazendo música para tocar no rádio; música comercial, mas com qualidade, coisa profissional, mesmo, com produção. Um exemplo é o Herique Teles com a Maria Scombona, Reação, Cartel de Balli, Alapada,… que melhoraram a música de Sergipe em 50% e no futuro vão produzir ainda mais. SC – Qual seu ritual para compor? LF –De madrugada: durante o silêncio total da noite. Mas, às vezes, acontece de surgir de repente, enquanto estou caminhando na rua, vai vindo a melodia e, quando chego em casa, coloco a letra. Tenho pouca parceria, aliás, só tenho essa com Mingo Santana. Não porque não goste, falta tempo, oportunidade, sei lá. SC – Qual o valor do projeto Quintas da Assaim? LF –É um projeto de extrema importância. A cara da música sergipana mudou com a Assaim. João Paulo, como coordenador do projeto, está incentando mesmo, levando os músicos para um novo rumo. É um projeto que não deve acabar nunca. SC -Qual o repertório do show desta quinta? LF –Terá músicas minhas, algumas estão no CD, além de composições de artistas nacionais também, porque a gente não pode radicalizar, se restringir a tocar só a nossa música. Se você vai a um show de qualquer artista, ela vai cantar músicas de outros também, o que eu acho importante. Vou estar com uma banda no palco: João Filho, na guitarra, Flor, contra-baixo e Bal Camafeu na bateria. SC – A que se deve a baixo-estima cultural do sergipano? LF –Acho que todo mundo vai concoradar com o que eu vou dizer: é porque as rádios não tocam a música sergipana. Não músicas “besterol”, que não adianta, mas de qualidade. Dizem que a nossa música não é comercial, mas isso não existe. Se fosse assim, Caetano Veloso não fazia sucesso nunca, já que o que ele faz não é comercial; mas mesmo assim, faz sucesso em todo lugar, porque a rádio toca, toca e toca, várias vezes. É preciso que os empresários de rádiodifusão passem a divulgar o artista sergipano. É o que acontece na Bahia, em outras capitais, como Belo Horizonte mesmo, as rádios repetem demais as músicas de lá, então, o povo passa a gostar. Como é que o governo vai contartar o show de um cantor como eu? O povo não vai ver, porque não conhece Fontineli; só vai me ver se tocar na rádio. A Assaim já tentou mudar isso: já falou com programadores de emissoras, entrou em contato com administradores; alguns tocam, às vezes até com certa má vontade; outros nem assim fazem. Eles não tem obrigação de tocar, não tem lei que os obriguem. Então, fica a critério do programador mesmo. SC – Começar carreira musical é mais difícil hoje ou na época em que você começou? LF –Hoje em dia está melhor. Se você tem um trabalho legal, que agrade o público, nunca haverá barreiras para te impedir de entrar na área musical. Hoje tem mais espaço para trabalhar. Quem é bom prevalece, vai ficando. Telelefone para contato: 9993 6518 Por Marina Ribeiro

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