O espaço já é pequeno para tantos volumes espalhados nas prateleiras. Há livros em todos os cantos do lugar. No chão ou mesmo empilhados junto às paredes. Descartes e Kant convivem com Graciliano Ramos e Jorge Amado. Estão todos mantendo um diálogo incessante sobre quem o leitor vai encontrar primeiro. É assim o dia a dia no Coquetel da Cultura, único sebo existente em Aracaju. Uma coleção de mais de 71 mil livros estão à disposição dos amantes da leitura em geral. São relíquias da literatura brasileira e mundial. Autores clássicos estudados na academia, edições esgotadas, volumes utilizados pelos estudantes dos ensinos Fundamental e Médio, livros de histórias infantis. É essa variedade livresca que Luiz Henrique, proprietário do sebo que já é o segundo maior do Norte-Nordeste, guarda em um prédio situado à Rua Campo do Brito, 1199, no bairro São José. O ofício Luiz traz de berço. Seu pai foi livreiro durante muitos anos e ele resolveu enveredar pelo mesmo caminho. A idéia de montar um sebo em Aracaju nasceu após o fechamento da livraria Jubiabá, da qual ele era proprietário. Seu primeiro estoque nasceu de sobras da livraria e depois mais alguns volumes foram sendo por ele adquiridos, fazendo com que a coleção fosse crescendo. “O sebo é, antes de tudo, um órgão de utilidade pública. É no sebo que as pessoas têm oportunidade de adquirir livros por um preço bem menor. Além disso, existem coisas em sebos que não se vende mais em livrarias”, afirma Luiz Henrique. Segundo ele, um livro em um sebo costuma custar, em média, de 10 a 30% do preço de um livro novo. No sebo não ocorre somente a venda de livros, mas também a troca e a compra de mais exemplares que irão se somar à vasta coleção. A aceitação do Coquetel da Cultura está sendo bastante satisfatória. “Para as pessoas que gostam de ler, um sebo é sempre muito bem vindo. Quem tem visitado o sebo tem gostado muito do que encontra”, declara Luiz. O público que freqüenta o lugar é basicamente formado por intelectuais, professores, estudantes universitários, crianças e todos os que apreciam verdadeiramente a leitura. “O sebo é uma relíquia, é muito difícil se encontrar um. Aracaju já estava carente nesse aspecto”, declara Antônio Porfírio, economista e escritor sergipano. Apesar de possuir um dos maiores sebos do país, Aracaju é a capital brasileira onde menos se encontram sebos. A falta de valorização da cultura e da educação e o alto custo do livro no Brasil podem ser apontados como causas da escassez de lugares como esse. O próprio dono do único sebo do Estado, assim como o escritor Porfírio, apontam a falta de incentivo e de priorização da leitura um dos principais agravadores do problema. Apesar das dificuldades, o único sebo de Aracaju cresce e faz florescer na cidade uma nova onda. A onda de ler muito hoje, para amanhã ler ainda mais. Por Najara Lima
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