Aqui jaz a vida

“Inclusive, quando Carla entrou no cemitério, ela tinha a certeza de que encontraria túmulos abertos, ossadas jogadas… As pessoas têm uma imagem deturpada a respeito dos cemitérios, por isso tentamos sair do clichê: não queríamos entrar naquele local e tirar fotos de flores e de túmulos, ou melhor, queríamos fazer isso com um outro olhar”. Uma colocação um tanto estranha quando o assunto é morte. Com as palavras acima, Ian Moreira, estudante de jornalismo pela UFS, explica suas intenções ao montar, junto com Carla Sousa, também estudante de comunicação, a exposição “Aqui jaz a vida”. A mostra, realizada no Espaço Cultural Yázigi, exibe a questão da morte sob uma outra perspectiva. As fotografias foram feitas no cemitério São João Batista, localizado no bairro Ponto Novo, em Aracaju. Ao invés de mostrar a tristeza, as imagens captam cores e o clima bucólico do cemitério. O que tinha tudo para ser um espetáculo de tristeza, se transforma em um misto de interesse e descoberta. “O cemitério era tão grande, que passamos cerca de duas horas por lá e mesmo assim não conseguimos ver tudo. Durante nosso passeio, encontramos coisas inusitadas, que nos chamaram a atenção. Outro aspecto que nos ajudou a mostrar a beleza do cemitério foi a luz do dia. O céu estava azul, a luz ajudou bastante”, revelou Carla. Já Ian diz que não considera o trabalho nem arte nem jornalismo: “sou apenas um aspirante a fotógrafo”. Sobre a opção de realizar as fotos com uma câmera 35mm ao invés de uma digital, o estudante explicou que a imagem digital ainda tem um caráter descartável. “Quando estou com uma câmera digital, é difícil encontrar uma foto que me agrade”, disse ele. De acordo com os expositores, as fotos foram feitas sem nenhuma produção, exceto a de um caco de espelho que reflete a imagem de uma cruz. No mais, as cenas foram fotografadas da maneira que eram encontradas. “Uma pessoa me disse que quando viu uma das fotos sentiu uma dor. Se todo mundo sentisse pelo menos uma dorzinha, eu já me dava por satisfeita”, brincou a expositora. Um outro aspecto da exposição foi a união entre texto e imagem. Cada fotografia é acompanhada por um texto que fala sobre morte. A opção de unir um elemento ao outro foi “porque a maioria das pessoas não está acostumada a ler imagens. Com os textos, fica mais fácil para essas pessoas prestarem mais atenção ao que foi fotografado”, explicou Ian. Quem não sente uma ponta de curiosidade de saber o que se esconde atrás dos portões do cemitério? É quase impossível passar em frente a um deles sem dar ao menos uma espiada em um túmulo. Para os menos corajosos, essa é uma boa oportunidade de ir se habituando a essa que será nossa derradeira morada. Por Wilame Lima Confira a galeria de fotos da exposição na seção E-VENTOS.

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