Dia do Escritor – O lucro é o conhecimento

Em 1960 foi decretado que o dia 25 de julho seria a data oficial em que se comemora o Dia Nacional do Escritor. Porém, aqueles que se dedicam a este ofício no estado de Sergipe pouco têm a comemorar.

 

Para começar, não existe nenhuma editora no Estado. Os escritores ficam à mercê da falta de profissionalismo das pessoas, e com isso, “a gente [escritores] sofre o pão que o diabo amassou no inferno”, declara Aglaé Fontes de Alencar, que já publicou treze livros, a maioria trata do tema do folclore no Estado e é leitura obrigatória para todo estudioso do assunto.
 

Uma das maiores gráficas do Estado produz uma média de cinco livros por mês. Cada exemplar, com 250 páginas e capa colorida, pode custar em média R$ 8, caso sejam impressos mais de 1000 exemplares. Depois de publicado, a maior rede de livrarias do Estado cobra 40% em cima do valor do livro, para que ele seja oferecido em suas lojas. “É uma realidade desanimadora”, comenta a escritora.

 

“Tenho um livro que foi publicado pela editora Melhoramentos que eu nem vi o processo, ganhei num concurso a publicação, eles publicaram e eu já recebi pronto. Nunca tive problemas e todo mês pingava um dinheirinho.” acrescenta.


Profissinalismo

 

Antônio Carlos Viana, renomado escritor sergipano com cinco livros publicados em grandes editoras – Cia das Letras, Scipione, Cátedra, Hucitec e Libra e Libra – compartilha da mesma opinião de Aglaé. “A dificuldade de se publicar um livro aqui é muito grande. O escritor faz tudo desde a revisão, preparação, até a divulgação. Com a editora a gente manda os originais que passa pelo corpo de pareceristas [pessoas que dão o parecer final sobre a qualidade do produto] e se for aprovado leva uns oito meses para chegar às livrarias”.

 

Antônio destaca ainda, o trabalho de divulgação que as editoras fazem em âmbito nacional, o que torna o escritor muito mais conhecido para além dos limites do Estado. “Meus livros são bem vendidos e a crítica sempre foi favorável. Eu tive um pouco de sorte”, declara Viana, que está prestes a lançar seu sexto livro, em setembro, pela editora Martins Fontes, intitulado ‘Redação com Estilo’.


Lucro = conhecimento

O médico e escritor Marcos Almeida, mesmo tendo produzido seus livros nas gráficas do Estado, não hesitou em enviar três dos seus quatro livros para a avaliação de
comitês nacionais de grandes livrarias de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. Com isso, suas publicações vêm conquistando leitores de outras localidades, um exemplo da boa aceitação é que o seu livro ‘Passaporte para a Antiguidade’ já está na quarta remessa.

 

“As pessoas diziam que se um livro fosse produzido aqui as livrarias grandes não aceitariam lá fora, eu estou furando isso. Aracaju já consegue fazer livros em qualidade igual às grandes editoras”, declara Marcos. “De uns anos para cá o espaço está se abrindo e a qualidade gráfica está melhor. Houve um avanço grande, mas o caminho que tem que ser percorrido é longo”, acrescenta.

Ele ressalta que neste ofício das letras, não dá para visar o lucro. Pois, muitas vezes o livro vai para livraria com o mesmo preço que saiu da gráfica. E acrescenta que, antes de tudo, o escritor deve cultivar “o interesse de que o conhecimento seja propagado”.

 

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