Marisa Monte fala de sua carreira em entrevista exclusiva ao Portal Infonet

Após quatro anos afastada dos palcos, Marisa Monte retornou em 2006 com a turnê “Universo Particular”, quando surpreendeu todos lançando simultaneamente dois álbuns, ‘Infinito Particular’ e ‘Universo ao meu redor’. O primeiro é uma compilação de músicas próprias em parceria com tradicionais e novos parceiros, como os tribalistas Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes, e a gaúcha Adriana Calcanhoto. Já o segundo remete à referência carioca de Marisa, o gosto pelo samba herdado do pai Carlos Monte, diretor cultural da escola de samba Portela. Nos dias 16 e 17, Marisa traz seu novo show ao palco do Teatro Tobias Barreto, com direção assinada por ela em parceria com Leonardo Netto e Cláudio Torres. Em entrevista concedida por telefone ao Portal Infonet, a cantora fala do seu novo trabalho e o que o público pode esperar do show em Aracaju.

Portal Infonet – O que representa na sua vida musical o lançamento dos dois álbuns? Você já consegue fazer um panorama de que tipo de marco eles têm na sua carreira?

Marisa Monte – Olha, eles são conseqüências dos dois anos que eu fiquei em casa, por que não fiz turnê com os Tribalistas e tive neném… Então tive oportunidade de compor muito e de pesquisar um repertório enorme, e todo inédito, que são essas 27 músicas. E de repente eu me vi com esses dois discos prontos para gravar, e eu não tinha muitos motivos para não fazê-lo. Eu acho que a melhor hora para gravar é quando o disco está pronto pra isso. Por outro lado era um desafio sair dois projetos com conceitos de repertório diferente, conceitos de produção diferentes, produtoras diferentes, concepções musicais diferentes… Então eu achei que era uma boa idéia ficar em casa, e não viajar em 2005. Até por que se eu gravasse um disco e fosse pra estrada ia demorar dois ou três anos para poder gravar o outro. E aí o problema é que já iria ter músicas novas, e isso iria criar um hiato muito grande entre o que eu estava criando e o que eu estava mostrando. Então eu preferi ficar em casa no Rio, fazer os dois discos em 2005, lançar juntos, e ir pra estrada com os dois juntos. Eu sabia que, por um outro, lado eles são complementares, são duas frentes de repertório que sempre existiram nos meus trabalhos. Uma de composições próprias, e outra de pesquisa de sambas antigos e de sambas em geral. Eu achava que eles iam naturalmente se integrar no repertório do show, assim como as músicas antigas dos meus outros discos, e dos Tribalistas. Então eu acho que eu não tinha muitos motivos para não fazer, e todos para fazer dessa forma. Eles estão representando a possibilidade de ir mais fundo em cada uma dessas vertentes e de mostrar mais ampla e profundamente como é a minha relação tanto com o samba, como com o universo de composições.

Infonet – Nos dois álbuns a gente tem a presença de Carlinhos Brown e de Arnaldo Antunes na maioria das composições. Além das parcerias consagradas com Nando Reis, e de novas como a Adriana Calcanhoto e o Seu Jorge. Qual a influência deles no seu som?

MM – Eu acho que são olhares diferentes. São formas diferentes, maneiras diferentes de compor. È uma prática que se diversifica e amplifica. E com isso eu acho que existem mais possibilidades de explicar os sentimentos da gente.

Capa de “Universo ao meu Redor”
Infonet – A direção do show é sua. O que você quis demonstrar com os efeitos visuais do “Universo particular”? Quais são as impressões que você quer deixar no público?

MM – Ele é íntimo e ao mesmo tempo ele é grande. Ele é paradoxal conceitualmente, e ao mesmo tempo isso o faz ter uma linguagem própria, e procurar um jeito próprio de fazer o show. Um jeito que não sei se é padrão, mas que possa expressar com precisão e clareza, a melhor forma pra mim de fazer música, que não é igual à forma de todo mundo. Uma forma que possa expressar com naturalidade a musicalidade da gente.

Infonet – O crítico de música Jon Pareles , do The New York Times elegeu em dezembro,  “Infinito particular” como o segundo melhor disco lançado em 2006, e uma das músicas do “Cansei de ser Sexy” como uma das 5 melhores do ano. Como você vê a atual fase da música brasileira no exterior? E como foi a turnê na Europa e nos EUA?

MM – A turnê foi linda, nos dois lugares. Eu acho que a música brasileira tem um espaço enorme lá fora, muito antes de eu existir. Isso se deve a originalidade e força da música que se faz aqui. Esse caminho foi muito aberto pelo Pixinguinha, desde a Carmem Miranda, por muitos artistas até os dias de hoje.

Infonet – A turnê “Universo particular” já está a oito meses rodando. O que você percebe de mais especial dentro desse show? Qual o momento que mais te emociona? E qual o diferencial dessa para as outras turnês?

MM – O tempo passa e a gente ganha mais intimidade, mais tranqüilidade, mais experiência. A relação com o público é mais íntima e mais cúmplice, por que todo mundo já me conhece, já tenho muito tempo de carreira. Isso é um ganho, uma coisa que dá tranqüilidade. E é muito lindo ver que as músicas que eu fiz, fazem parte da vida de todo mundo, e todo mundo canta junto. Não tem um momento específico, mas “Velha Infância” e “Vilarejo” são tocantes.

Infonet – Você falou em uma entrevista recente que vir fazer show no Nordeste é quase férias. Como você sente o público daqui?

MM – O público do nordeste é muito caloroso e receptivo. Isso é uma coisa que todas as vezes que eu vim, percebi isso. Geralmente quando a gente vem, essas cidades todas estão em festas. Eu sempre levo lembranças lindas, e minha equipe está bem feliz de tocar aqui. 

Por Ben-hur Correia e Carla Sousa

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