O grupo de teatro de rua mais antigo do Brasil é sergipano e completa nesta terça-feira, 28, 30 anos de existência. Estamos falando do Imbuaça. Para lembrar a data histórica, será encenado o espetáculo ‘Os Desvalidos’, às 21h, no Teatro Tobias Barreto. Uma comemoração simbólica para quem estava planejando uma grande festa. 
Os Desvalidos
Desde o mês de abril, o grupo corre atrás de patrocínio para conseguir realizar a Mostra Brasil de Teatro de Rua, um grande evento com duração de uma semana. “É impossível realizar um evento deste nível sem apoio dos órgãos públicos e da iniciativa privada”, ressalta Lindolfo Amaral, ator e um dos fundadores do grupo. “Infelizmente parece que o Imbuaça não tem importância”, desabafa.
O objetivo da Mostra seria chamar a atenção do país para o trabalho de teatro de rua que é feito em Sergipe. Dentre os convidados estariam críticos de arte e grupos de outros Estados para dividir a cena com os sergipanos.
A realização do evento ainda não está completamente descartada. O Governo do Estado e a Prefeitura de Aracaju devem se pronunciar sobre o possível patrocínio até esta terça. A resposta positiva seria um dos melhores presentes que o grupo poderia receber no seu aniversário. “A gente espera que possamos lançar a pedra fundamental da mostra no teatro durante as comemorações dos 30 anos para que consiguamos realizar esse grande evento no mês de novembro”, declara Lindolfo.
30 anos de sobrevivência 
Lindolfo Amaral
O Imbuaça nasceu numa época de efervescência cultura, final da década de sessenta quando não existia apoio público e privado às artes, mas havia muita vontade de fazer a diferença. Assim como tantas outras vertentes artística em Sergipe, o Imbuaça também tem como berço o Encontro Cultural de São Cristóvão. Trinta anos depois o sentimento é de que o grupo simplesmente sobrevive, sem o reconhecimento merecido.
Genuinamente sergipano e levando para o palco e para as ruas a cultura do Estado, o grupo é o único no Brasil com três décadas de existência. “Poucos grupos de teatro no mundo conseguem completar 30 anos. Principalmente num país onde a descontinuidade faz parte de sua cultura”, ressalta Lindolfo.
Mesmo com um currículo repleto de referências no teatro sergipano, espetáculos de sucesso, com a realização de trabalhos sociais e manutenção de uma escola de teatro informal, o grupo não consegue patrocinador para a manutenção de suas ações. 
Nosso Palco é a Rua, projeto fruto de conquista de editais
“O Imbuaça ainda hoje sobrevive com a venda de seu espetáculos ou com a conquista de editais. Se não tivéssemos concorrido e não tivesse conquistado, nós não teríamos condições de manter o Imbuaça diante de tantas dificuldades”. Nesses últimos quatro anos, o grupo já alcançou diversa conquistas em editais, dentre eles o Ponto de Cultura e o Caravana Funarte, ambos do Ministério da Cultura à nível nacional.
Lindolfo lamenta que até hoje não tenham conseguido o patrocínio permanente da Petrobras, empresa forte no Estado e que vem apoiando diversos grupos país afora. “Grupos mais novos e parceiros do Imbuaça
conseguiram o patrocínio permanente da Petrobras. Eu lamento que não se perceba a importância do teatro de rua em Sergipe”, e destaca que além da atuação no Estado o grupo exerceu, e ainda exerce, forte influência sobre o teatro de rua no país, em muitos casos as oficinas do Imbuaça foram o ponta pé inicial para o surgimento de diversos grupos importantes para o Teatro de Rua no Brasil. 
O teatro de rua é a bandeira de luta do Imbuaça
Apesar das dificuldades o Imbuaça ainda resiste. São três décadas de perdas e conquistas de uma trupe de seis atores e diversos colaboradores que levam ao palco e às ruas um pouco da cultura sergipana. Uma mostra disso poderá ser conferida logo mais às 21h, no Teatro Tobias Barreto com “Os Desvalidos”, uma adaptação para os palcos do romance do escritor Francisco Dantas. Os ingressos custam R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada).
Clique aqui e confira o site do Imbuaça
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