Enquanto se maquia em plena praça Fausto Cardoso, Grimário Farias, da Cia. de Teatro Alegria Alegria (RN), fala sobre a importância do teatro de rua para a popularização da cultura brasileira. “É inegável que os grupos de teatro de rua contribuem para a popularização”, afirma. A Alegria Alegria está prestes a completar 25 anos de apresentações nas ruas do país. Neste tempo, Grimário conta que já viu surgirem e se consolidarem muitos grupos. “O cenário atual é promissor. Pelo menos no Rio Grande do Norte, nós vemos muitos jovens que se dedicam ao teatro de rua”, conta. Resistência política Ele conta que o Imbuaça, como a maioria dos grupos do país, surgiu em meio à ditadura militar com um forte objetivo de resistência cultura. “A rua foi uma opção política e ideológica”, explica. À época, mesmo com a censura aos espetáculos e com o Teatro Atheneu de portas fechadas, nasceu e resistiu o Imbuaça. Para Lindolfo, o teatro de rua tem a mesma gênese do teatro que se vê nas casas de espetáculo fechadas. “Seguiram o mesmo caminho de celebrar colheitas, de festas agrárias”, diz, numa referência aos cultos ao deus grego Dionísio. Financiamento O fato de não ter verba de bilheteria é apontado por Lindolfo como um agravante. “É difícil para todos, mas o teatro de rua não tem bilheteria. Embora os grupos de teatro de palco também não estejam tendo retorno de bilheteria”, pondera. Mostra A Mostra Brasil de Teatro de Rua vai até a próxima sexta-feira, 28, com apresentações na praça Fausto Cardoso e nos Teatros Atheneu e Tobias Barreto. Lindolfo, organizador do evento, conta que os grupos trazem uma proposta interessante de ocupação do espaço urbano em suas apresentações, com utilização da estrutura vertical da cidade. O Teatro de Roda (GO) e o Falos e Stercos (RS), por exemplo, trarão espetáculos grandiosos e itinerantes, que farão o público caminhar com os atores. Por Gabriela Amorim
Entre palco, camarins, público e artistas não há divisões, tudo acontece no mesmo espaço público da praça. No teatro de rua, pode até não ter poltronas confortáveis, mas também não se paga ingresso e público e atores interagem muito mais proximamente. Na semana em que se comemora o Dia Internacional do Teatro, 27 de março, Aracaju recebe a Mostra Brasil de Teatro de Rua, que convoca a todos a pensar sobre a importância dessa manifestação artística na cultura brasileira. Grimário Farias, da Cia. Alegria Alegria
O grupo sergipano Imbuaça tem um pouco mais de tempo de estrada, quase 31 anos, e é a mais antiga companhia de teatro de rua do país ainda em atividade. “No nosso país temos uma prática de descontinuidade, e nós resistimos”, orgulha-se Lindolfo Amaral, membro fundador do grupo. Lindolfo Amaral, do Imbuaça
Tanto Lindolfo quanto Grimário destacam a dificuldade de financiamento enfrentada pelo teatro de rua ainda como um grande obstáculo. “É muito difícil. A menos que seja um grupo grande, não se consegue chamar a atenção de financiadores”, acredita Grimário. Cia Alegria Alegria ensaia na praça Fausto Cardoso
Comentários