Histórias do teatro que se faz na rua

Grimário Farias, da Cia. Alegria Alegria
Entre palco, camarins, público e artistas não há divisões, tudo acontece no mesmo espaço público da praça. No teatro de rua, pode até não ter poltronas confortáveis, mas também não se paga ingresso e público e atores interagem muito mais proximamente. Na semana em que se comemora o Dia Internacional do Teatro, 27 de março, Aracaju recebe a Mostra Brasil de Teatro de Rua, que convoca a todos a pensar sobre a importância dessa manifestação artística na cultura brasileira.

 

Enquanto se maquia em plena praça Fausto Cardoso, Grimário Farias, da Cia. de Teatro Alegria Alegria (RN), fala sobre a importância do teatro de rua para a popularização da cultura brasileira. “É inegável que os grupos de teatro de rua contribuem para a popularização”, afirma.

 

A Alegria Alegria está prestes a completar 25 anos de apresentações nas ruas do país. Neste tempo, Grimário conta que já viu surgirem e se consolidarem muitos grupos. “O cenário atual é promissor. Pelo menos no Rio Grande do Norte, nós vemos muitos jovens que se dedicam ao teatro de rua”, conta.

 

Resistência política

 

Lindolfo Amaral, do Imbuaça
O grupo sergipano Imbuaça tem um pouco mais de tempo de estrada, quase 31 anos, e é a mais antiga companhia de teatro de rua do país ainda em atividade. “No nosso país temos uma prática de descontinuidade, e nós resistimos”, orgulha-se Lindolfo Amaral, membro fundador do grupo.

 

Ele conta que o Imbuaça, como a maioria dos grupos do país, surgiu em meio à ditadura militar com um forte objetivo de resistência cultura. “A rua foi uma opção política e ideológica”, explica. À época, mesmo com a censura aos espetáculos e com o Teatro Atheneu de portas fechadas, nasceu e resistiu o Imbuaça.

 

Para Lindolfo, o teatro de rua tem a mesma gênese do teatro que se vê nas casas de espetáculo fechadas. “Seguiram o mesmo caminho de celebrar colheitas, de festas agrárias”, diz, numa referência aos cultos ao deus grego Dionísio.

 

Financiamento

 

Cia Alegria Alegria ensaia na praça Fausto Cardoso
Tanto Lindolfo quanto Grimário destacam a dificuldade de financiamento enfrentada pelo teatro de rua ainda como um grande obstáculo. “É muito difícil. A menos que seja um grupo grande, não se consegue chamar a atenção de financiadores”, acredita Grimário.

 

O fato de não ter verba de bilheteria é apontado por Lindolfo como um agravante. “É difícil para todos, mas o teatro de rua não tem bilheteria. Embora os grupos de teatro de palco também não estejam tendo retorno de bilheteria”, pondera.

 

Mostra

 

A Mostra Brasil de Teatro de Rua vai até a próxima sexta-feira, 28, com apresentações na praça Fausto Cardoso e nos Teatros Atheneu e Tobias Barreto. Lindolfo, organizador do evento, conta que os grupos trazem uma proposta interessante de ocupação do espaço urbano em suas apresentações, com utilização da estrutura vertical da cidade. O Teatro de Roda (GO) e o Falos e Stercos (RS), por exemplo, trarão espetáculos grandiosos e itinerantes, que farão o público caminhar com os atores.

 

Por Gabriela Amorim

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