Natural de Curitiba e com uma bagagem de aproximadamente 20 mil apreciações, o enófilo William Kerne, 38 anos, residente da capital sergipana há três anos, conta que a arte de apreciar vinhos está em seu sangue e que a bebida sempre esteve presente no seu dia-a-dia por conta da sua
descendência italiana. Em entrevista ao Portal Infonet o degustador fala sobre o mundo dos vinhos, dá dicas para aqueles que pretendem adentrar no mundo da apreciação e fala sobre o curso de vinhos que vai ministrar nesta terça, 12, e quarta-feira, 13. Tipos de vinho são inúmeros
Portal Infonet – Da onde veio o interesse por vinhos e como você se tornou um estudioso?
William Kerne– Como sou de família italiana o vinho sempre esteve na minha vida. Minha avó tinha um hotel, que tinha um bom restaurante e meu pai foi comerciante. A partir daí o meu interesse começou a crescer e eu comecei a buscar mais informações sobre o assunto, foi quando eu entrei na faculdade de Gastronomia pelo Centro Euporeu, em Curitiba e depois é só degustação, sem a experimentação não dá para dizer que você é um estudioso. Por exemplo, eu estava em Curitiba esse final de semana e lá houve uma degustação de cerca de 480 vinhos.
Infonet – O que as pessoas poderão esperar do seu curso? Como ele é planejado?
WK – Nesta terça-feira, a gente vai estar iniciando uma nova turma. Hoje nós temos uma turma de veteranos de cerca de 30 pessoas, que já estão no seu 12º encontro e que a cada edição a gente pega uma região do mundo; um tipo de uva e partir daí fazemos a palestra de forma informal, sem muita formalidade para não “assustar” ninguém, para situar os interessados nesse mundo e depois partimos para a degustação, onde geralmente experimentamos 12 rótulos. É importante fazer a degustação porque é uma maneira de descobrir o que as pessoas gostam, pois o vinho que você mais gosta é aquele que seu paladar mais gosta. É engraçado que as pessoas que fazem o curso acabando gostando primeiramente dos vinhos amadeirados e aprendendo a fazer a combinação com a comida.
Infonet – Você falou em combinar a comida com o vinho, como é esse processo? É verdade que existe um tipo vinho para cada tipo de comida?
WK– Certamente isso ocorre. Existem tipos de preparos que se harmonizam com um tipo de
vinho, por exemplo, antigamente se diziam que carne branca combina com vinho branco e carne vermelha com vinho tinto. Mas hoje com a globalização de sabores esse quadro mudou um pouco, mas não podemos cometer crimes, como por exemplo, escolher um vinho muito forte para tentar harmonizar com uma comida de sabor suave, porque ai o sabor do vinho vai “matar” o sabor da comida. William diz que paixão está no sangue
Infonet – Para aquelas pessoas que não são especialistas, quais são as regras básicas?
WK – Se a pessoa gostar muito, começar a se interessar pelo assunto é importante que ela busque informações de uma fonte confiável, porque se essa pessoa for pesquisar sobre o assunto na internet, ela nem sempre vai achar informações verídicas. Então, eu aconselho a essa pessoa pesquisar na enciclopédia Larousse que é a mais importante no ramo e depois, é claro, degustar (risos).
Infonet – Um apreciador pode ser considerado um enófilo?
WK – Claro, todo apreciador é um enófilo, pois toda pessoa que gosta de vinho e que começa a pesquisar sobre o assunto tem um potencial muito grande de se tornar um estudioso. O enófilo é um estudioso, é aquela pessoa que não quer só abrir o vinho e bebê-lo, e sim, aquele que tem curiosidade em saber da onde aquele vinho veio, como ele foi feito. É preciso ter paixão pela bebida.
Infonet – Em falar em paixão, a paixão do brasileiro é a cerveja. Você acha que um amante da cerveja pode adentrar no mundo dos vinhos e passar a apreciá-lo?
Adega que o enófilo diz ser boa para quem tem vinhos em casa
WK – Eu acho que a princípio a cerveja tem seu momento e não vai deixar de tê-lo nunca. O vinho faz com que haja uma explosão de aromas e a cerveja é uma coisa mais informal, refrescante, mas é tudo questão de paladar, qualquer pessoa pode aprender a apreciar essa arte.
Infonet – Você acha que o brasileiro está aprendendo a tomar o vinho?
WK – Eu digo que a cerca de quinze anos praticamente não houve casamentos ou festas de 15 anos sem aquelas garrafas azuis de vinho alemão. Era um vinho um pouco mais doce e que caiu na apreciação do povo, por ser gostoso e ter um custo benefício pequeno. Então a partir disso o brasileiro passou a consumir mais e se interessar mais em buscar novos sabores. E é importante destacar que nem todos os vinhos bons são caros, existem vinhos deliciosos com um preço baixo, o que torna o acesso muito mais fácil.
Infonet – Mas há um abuso nos preços da bebida?
WK – Eu não me sinto a vontade em dizer que um vinho possui um preço abusivo, porque existem vinhos que são especialidade de uma única região, que são produzidos em uma quantidade pequena. Então essas pessoas possuem o direito em vender aquele vinho no preço que eles acham que a bebida vale, é tudo muito relativo. O vinho é uma coisa especial, então não posso dizer que o preço é abusivo. Mas, é claro que existem empresas que tendem a lucrar com isso, tendenciando um vinho a ganhar um preço superior.
Infonet – Qual a diferença entre os diversos tipos de vinho?
WK– A primeira classificação que nós poderíamos ter é entre os vinhos suaves e os secos. Os suaves são aqueles que possuem uma graduação de açúcar maior, pois o vinho se torna vinho amassando as uvas e em contato uma com as outras elas se tornam álcool. A outra maneira que mais se vê, são para vinhos de menor custo no mercado, que são aqueles fermentados, transformado em álcool e depois se acrescenta o açúcar, sendo mais doce. Depois temos vinhos jovens, que acaba de ser feito e imediatamente vendido, por isso são geralmente frutados. Já os cortes, que é a mistura de vários tipos de uva num vinho só. Sendo que existem ainda os vinhos velhos que ficam em tonéis e lá perdem a qualidade floral e frutal para ganhar novas qualidades.
Infonet – E para essa armazenação dos vinhos, que dica você dá para aqueles que possuem a bebida em casa? É preciso experimentar sempre, garante o degustador
WK– Como Aracaju é calor o ano inteiro, seria importante as pessoas terem em suas residências um lugar fresco é bom colocá-los lá ou comprarem uma adega como essa (ver foto) em torno dos 12º graus.
Infonet – Para finalizar que dica você dá para aqueles que pretendem adentrar nesse mundo?
WK – Primeiro experimentar sempre. Procurar referências de pessoas que já estão no mercado para obter dicas daquilo que está sendo ofertando, além de traçar um planejamento de quanto quer gastar. É preciso observar esses pontos e novamente experimentar a cada oportunidade.
O curso acontece nesta terça, 12, para iniciantes e na quarta, 13, para conhecedores do tema, no restaurante Leccapiatti di Paolinni. As inscrições devem ser feitas no Leccapiatti ou no Armazém Bacco, com vagas limitadas. O investimento é de R$100, incluso o Jantar Harmonizado e degustação de seis rótulos. Mais informações pelos telefones (0xx79) 3246 4585 ou 8116 7917.
Por Mariana Rocha e Carla Sousa
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