Vitrine: Apoteose do desejo

As vitrines Lanvin sempre mostram muita atitude
Ela chama sua atenção e tem como missão despertar sentimentos como desejo, admiração e compulsão.  Pelo menos é esse o seu papel, caso não atinja os seus objetivos pode ter certeza que alguma coisa está errada.

Para um bom observador, a atração vai muito além do consumo, as vitrines (a palavra certa é vitrina, mas não soa bem e ninguém chama desta forma) programadas são como arte. Cada peça, cada objeto, estão ali para serem contemplados. Os seus símbolos podem representar o cotidiano, o sonho, ou até mesmo ser surreal, porém a ferramenta prioritária é a criatividade.

“A vitrine é o espaço de maior impacto visual da loja, é por meio dela que o cliente terá a primeira impressão. Por se tratar de um espaço importante, é necessário que o empresário apresente sua vitrine de forma eficiente, aproveitando o máximo de sua estrutura, com a constante preocupação de comunicar as características de sua loja e de seus produtos, fazendo com que este espaço seja responsável por valorizar ainda mais o estabelecimento”, afirma o designer Fábio Pinho, responsável por algumas das vitrines mais criativas da cidade.

Estima-se que 80% das vendas de uma loja são vinculadas à vitrine.  Algumas cadeias de lojas nacionais contratam empresas especializadas em traduzir o contexto das linhas expostas em destaque, para que a comunicação com seu público seja imediata. O resultado vocês já sabem.

Reprodução Blog do Artista
Assistente de Visual e Merchandising  de uma loja de departamento especializada em roupas, enxovais e acessórios, Cardoso Lopes, que há 18 anos atua no ramo de programação visual de lojas, diz que na elaboração da vitrine, a empresa trabalha com o LIFE STYLE (estilo de vida)e dentro do estilo de vida,os temas. “As vitrines tem que contar uma história,por isso não misturamos temas, na criação preciso saber para que se destina a vitrine,se é uma vitrine promocional, lançamento,data comemorativa,temática etc…Depois disso deixo a criatividade fluir”.

Apesar de todos os recursos da alta tecnologia, uma idéia inusitada pode surtir mais efeito que  todos os efeitos especiais. “Em termos de criação e de temas para vitrinas, podemos deixar a criatividade solta, e imaginar vitrinas totalmente minimalistas, ou vitrinas extremamente produzidas e customizadas. Depende do produto ou serviço à ser vendido e de quanto o empresário quer investir em sua vitrina”, complementa Fábio Pinho.

O artista plástico paranaense Luciano Mariussi, conta em seu blog que ficou um pouco assustado quando foi convidado para criar uma vitrine de uma conhecida livraria. “Achei que naquela situação seria um tanto complicado reter a atenção do público para qualquer obra que pudesse habitar aquela vitrine: uma parede de vidro que transparecia todo o interior da loja. Como o relacionamento do meu trabalho com as artes se fez via questionamento entre arte e público, a estratégia de aproximação que escolhi foi a compra da participação do espectador”. No espaço da vitrine foi instalada a seguinte frase: Entre Gritando: Eu sei o que é arte contemporânea e ganhe R$ 2,00 de desconto. A vitrine virou arte e foi reproduzida em uma exposição no MAM de São Paulo.

Uma vitrine bem elaborada é tão importante que pode torna-se atração de uma cidade, impossível não sonhar com um Natal em Nova York e as vitrines maravilhosas da Bloomingdale´s e tantas outras, ou se maravilhar em qualquer época do ano com as vitrines do  Faubourg Saint Honoré, a rua da alta costura em Paris.

Vitrines de Nova York: atração fatal
A criação de uma vitrine não é tão simples, para sua composição é preciso um estudo dos vários elementos que irão ocupar o espaço. A concepção pode ser perfeita, porém basta um deslize com a iluminação para não se ter o mesmo efeito. “Uma vitrina deve ser organizada para valorizar o produto que será exposto, deve se observar a estrutura da vitrina como: piso, bases, iluminação e fundo, que servirão de apoio para uma decoração adequada ao tema proposto através do uma de uma técnica de composição. Bases que são coringas na exposição das peças e bons manequins, caso seja de vestuário. Basicamente com isso o loja  terá um espaço planejado para buscar envolvimento emocional com o cliente, proporcionando uma experiência de compra agradável”, comenta Fábio Pinho.

Assim como o mito de Pandora, a vitrine é uma caixa misteriosamente aberta aos olhos e sentimentos de um público cada vez mais individual e solitário que, através na dicotomia dos seus símbolos-entre o real e o sonho, concreto e símbolo, interno e externo- busca uma maneira de ser feliz provando uma dose do elixir do consumo.

Colaboração Jaci Rosa Cruz

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