Poucos sabem, mas nesta quinta, 8, comemora-se o Dia do Nordestino. Esses formam quase 30% da população brasileira e, muito diferente do que se pensa em outras partes do país, ainda estão longe de corresponder às caricaturas de que são um povo sofrido a conviver apenas com fome e seca. 
O bancário Geotran diz não se importar com imagem do nordestino na TV
Pelo menos essa é a opinião unânime dos sergipanos entrevistados pelo Portal Infonet, que saiu às ruas para saber os motivos que levariam os nordestinos a serem orgulhosos da sua naturalidade. Nenhum dos entrevistados sabia da data, mas prontamente responderam que ela será significativa para fortalecer ainda mais a identidade nordestina.
O bancário Geotran Alves é enfático ao ressaltar que pouco importa a imagem que novelas e filmes trazem do nordestino. “O que vale é aquilo a que estamos acostumados, sem se importar com o que outras regiões pensam de nós”, diz. Ele logo se adianta para explicar o nosso diferencial em relação às metrópoles: “Aqui não vemos tanta violência. Fomos agraciados por Deus por viver aqui. A tropicalidade do Brasil está no nordeste”, afirma. 
Rodrigo ressalta a cultura como um dos aspectos para o orgulho nordestino
Não só o clima, mas a cultura também é um elemento que estimula o nordestino a se ver com bons olhos. “Temos as manifestações mais ricas do que em qualquer outro lugar, algo que com certeza é bastante explorado e consegue resistir às tradições”, aponta o estudante Rodrigo Menezes, que acrescenta as belezas naturais das praias como mais um predicado dos nordestinos.
Ainda no tema cultura, o radialista Willian Santos lembra que só nessa região é que se encontra o verdadeiro forró, algo que, para ele, é um dos elementos mais representativos da vida nordestina. “Pra mim, ser nordestino é um grande prazer. Não podemos citar qualquer outra coisa sem esquecer o forró, o que mais nos identifica enquanto nordestinos. Não há quem não se apaixone quando pisa aqui”, diz. 
A locutora Ana Cely traça a programação que faria para a data
Se o Dia do Nordestino pudesse ser comemorado, a locutora Ana Celi Freitas descreve como seria a programação: “Uma festa grande, na praia, com muito forró pé-de-serra. Não tem nada mais nordestino que algo assim. Engana-se quem pensa que aqui só tem pobreza: temos praias belíssimas, um povo hospitaleiro e feliz. Só há coisas boas a oferecer”, conta.
No Mercado Thales Ferraz, a vendedora de flores Maria Joseane Souza diz que a data merece mais destaque: “Os nordestinos são honrados, têm direito a um dia assim porque são um povo batalhador, inteligente, forte, que não se aflige facilmente e consegue sobreviver diante de qualquer dificuldade”, descreve. 
Joseane diz que a data merece mais destaque
Opinião igual ao do vendedor de cordel Joelson Cabral, que não esconde a felicidade em saber da data. “É uma iniciativa boa, não tem quem não se sinta alegre por ser nordestino. Somos um povo sofredor, é verdade, trabalhamos e lutamos muito, mas quem diz que isso tira a nossa alegria?”, questiona.
Identidade e auto-estima
Questionada sobre a influência que estigmas e preconceitos poderiam causar no cotidiano do nordestino, a socióloga Sônia Cristina Azevedo explica que “a identidade nordestina é construída historicamente, ficando a mercê de algumas circunstâncias, ao mesmo tempo em que se posiciona frente a novas configurações e exigências sociais, culturais, políticas e econômicas”. 
A sociológa Sônia diz que identidade nordestina é construída historicamente
Segundo ela, essas questões são um importante objeto de estudo porque diante das novas configurações globais, influenciadas por mudanças, traça novas possibilidades de identidade. “A cultura é plural e o nordestino está inserido nesse contexto de mudança, tentando algumas vezes valorizar a sua cultura local a partir do diálogo com outras culturas, negociando com os novos e reelaborando os velhos elementos e práticas culturais”, teoriza.
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Por Diógenes de Souza e Glauco Vinícius
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