Cineclubismo fortalece audiovisual em Sergipe

Felipe Mundim, diretor regional de Goiás pelo Conselho Nacional de Cineclubes (Fotos: Portal Infonet)
Com 81 anos de ações pelo Brasil, o Cineclubismo caminhou por diversas fases de resistência até chegar ao promissor cenário atual. Em Sergipe, os últimos 10 anos têm sido marcados por mudanças significativas para o movimento cineclubista e para o desenvolvimento da produção audiovisual no Estado.

O diretor Regional de Goiás pelo Conselho Nacional de Cineclubes, Felipe Mundim, aponta a efetiva importância que um Cineclube pode oferecer em um espaço social. “Só através de atividades cineclubistas, de sistematização nas execuções de curtas e filmes, não só em festivais, mas em salas de cineclubes, é que essa diversidade cultural vai realmente aparecer nas telas. Assim pessoas de todos os lugares do Brasil vão reconhecer as semelhanças culturais das outras regiões e trocar essas experiências”, afirma.

Um pouco de história

Lindolfo Amaral se envolveu com cineclubes através do Imbuaça.
As salas de exibição não-comerciais ou cineclubes em Sergipe tiveram em meados dos anos 50 suas primeiras instalações. O Cine Clube de Aracaju (Cicla) foi o primeiro espaço no Estado onde se iniciou o ciclo de reflexões e contatos com o mundo cinematográfico. De lá pra cá começaram a surgir novas possibilidades na exibição de produções audiovisuais de várias regiões do Brasil e do mundo, possibilitando também a formação de um movimento cineclubista em Sergipe.

Segundo o diretor do Teatro Tobias Barreto, Lindolfo Amaral, já nos anos 70 havia uma dinâmica programação dos cineclubes sergipanos. “Na década de 70, tive oportunidade de acompanhar os Festivais de Cinema Super 8  e algumas sessões do Cine Clube, em Aracaju, e na programação dos Festivais de Arte de São Cristóvão. Havia uma turma produzindo e divulgando o cinema. As mostras  eram de muita qualidade. Completamente fora do circuito comercial”, conta.

 

Antônio da Cruz assistia no extinto Cineclube Fantomas.
O Cineclube Fantomas também atuou em Aracaju, por volta de 1998. O artista plástico Antônio da Cruz relembra as ações desenvolvidas no espaço. “Além das ótimas sessões que assistíamos por lá, também tínhamos aulas de direção, direção de arte, trilha sonora, som, fotografia, produção, roteiro, e outros”, conta. Ele ainda relata que o curso de Teoria Crítica do Cinema inspirou a publicação de uma revista. “Em 2002, foi lançada um exemplar da revista “Plano Geral”, que abordava temas ligados ao cinema.

 

Lindolfo, que também é ator, acredita na contribuição que os cineclubes têm realizado para o fortalecimento do audiovisual sergipano. “Nos últimos 10 anos, Aracaju e algumas cidades do interior sergipano vêm assistindo uma produção cinematográfica ímpar, através do Curta-SE ou mesmo da programação Cine SESI, que tem lá as suas restrições. Com o advento do edital de Pontos de Cultura digital, do [Ministério da Cultura] MinC, o Brasil começou a vislumbrar uma luz no fim do túnel. Esses pontos estão se transformando em Cine Clubes”, explica.

 

Cines Sergipe

“Este é um momento especial da implantaão de um circuito de exibição conjunta”, diz Graziele.
Nos últimos tempos têm surgido grandes referências no seu cenário cineclubista sergipano. “Este é um momento especial da implantação de um circuito de exibição conjunta”, afirma a comunicóloga e coordenadora geral do Núcleo de Produção Digital Orlando Vieira, Graziele Ferreira.

Desde 2006, o Núcleo realiza ações cineclubistas, através de mostras de filmes, voltados para os diversos públicos. Dentre de suas atividades, o NPD também oferece um programa de cursos e oficinas gratuitas acerca do audiovisual, viabilizada pela Fundação Municipal de Cultura Turismo e Esporte, da Prefeitura de Aracaju, e do Programa Olhar Brasil | Ministério da Cultura. “É imprescindível para o fortalecimento do audiovisual sergipano, a exibição de produções cinematográficas ao público”, aponta Graziele.

Exibição de filmes no Cine do NPD Orlando Vieira.
O NPD, da Secretaria do Audiovisual | Ministério da Cultura, não é o único pólo de exibição de filmes que não estão no circuito de exibição comercial. O Cine Curta-SE, o Cine CUT, da Central Única dos Trabalhadores, o Cine ABD|SE, da Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-Metragistas | sessão Sergipe, o Cinufs, da Universidade Federal de Sergipe, o Cine Casa Rua da Cultura, dentre outros, compõem o movimento cineclubista de Sergipe. “É também o caso do Grupo Imbuaça, que nos últimos anos tem promovido sessões de cinema em sua sede e em algumas escolas públicas da capital e do interior. Meu contato com cineclubes surgiu através do Imbuaça”, explica Lindolfo Amaral, diretor do Teatro Tobias Barreto.

 

Trocas

 

Marcel Andrade, aluno de audiovisual.
Lindolfo enfatiza que o espaço do Cine Clube serve também para a reflexão. “Não é uma simples sala de projeção. O que é projetado tem um objetivo. O espaço de convivência é também um espaço de troca de informações e experiências”, esclarece. Mas para o estudante de audiovisual Marcel Andrade, ainda falta divulgação dos cines e de suas exibições. “Acredito que esses espaços de exibição aqui tendem a melhorar cada vez mais. Mas ainda sim, percebo que não há uma adequada divulgação e compreensão das atividades e do sentido de um cineclube”, esclarece.

 

Apesar disso, Sergipe vem ganhando grandes contribuições para o cineclubismo do Estado, além de estarem possibilitando o aparecimentos de novas produções locais. “O bacana do audiovisual é a capacidade que ele tem de transformação.  E isso só pode ser possível com o acesso do são produzidos anualmente. Hoje em dia, milhares de curta-metragens, centenas de longa-metragens que normalmente não chegam ao público local, quanto mais no resto do país. Então, as atividades cineclubistas de exibições em que as pessoas podem assistir livremente aos filmes e podem falar sobre os filmes, é a melhor maneira de afetar os indivíduos acerca do audiovisual”, conclui Mundim.

Por Victor Hugo e Raquel Almeida

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