Jorge Amado se refugiou no município de Estância

Refugiado do Governo Vargas, Jorge Amado refugiou-se em Estância em 1936 (Foto: Arquivo Portal Infonet)

Famoso por suas inúmeras obras, Jorge Amado foi um dos escritores mais importantes da literatura brasileira. Este ano se o escritor estivesse vivo faria 100 anos, e o país todo comemora seu centenário. Mas o que muitos não sabem é que apesar de suas andanças pelo país, o escritor baiano exilou-se em terras sergipanas, onde viveu o período de 1936 a 1939 na cidade de Estância. 

Refugiado do regime de Getulio Vargas por sua ligação com a Intentona Comunista, Jorge Amado, chegou a Sergipe junto com sua primeira esposa, Matilde Garcia Rosa, e sua filha Eulália Dalila. A razão pela qual escolheu a cidade se deve às suas origens, já que seu pai nasceu e cresceu na região, tendo se mudado para Bahia na fase adulta.

Nas terras estancianas, a Papelaria Modelo, a Sociedade Monsenhor Silveira e o Hotel Vitória tiveram papel importante em sua vida. Neste último, Jorge Amado residiu durante algum tempo e com seus proprietários estabeleceu uma relação quase que familiar.

Neuza Maria é filha dos proprietários do hotel onde Jorge se hospedou com sua família (Fotos: Portal Infonet)

Com lembranças ainda muito vivas na memória, Neusa Maria Souza Prata, hoje com 92 anos, filha dos proprietários do Hotel Vitória, fala dos momentos de convivência com Jorge Amado e sua família. “Ele era uma pessoa muito alegre, simpática e querida por todos. Em nosso hotel que era composto por três casas, ele viveu com minha família na casa principal”, conta.

Neuza também relembra do homem de hábitos simples que o escritor foi.  “Pude presenciar muitos momentos, pois aqui ele sentia-se em casa. Jorge gostava de escrever na sala de jantar ou em um quarto grande, onde ficava sozinho e reservado para escrever suas obras”, comenta.

Com o passar do tempo, os laços de amizade se tornaram maiores e no dia em que Neuza completou 15 anos, Jorge e sua esposa, preparam uma grande homenagem para ela. “Jorge Amado foi o mestre de cerimônias de minha festa e com toda sua amizade, leu um texto em homenagem a mim. Fiquei muito surpresa, pois todos conseguiram preparar aquilo sem que eu percebesse nada”, relembra.

À esquerda: Neuza Maria

Para Neuza, a época em que viveu perto do escritor e sua família pode ser chamada de maravilhosa. “Formamos uma grande amizade e pude aprender muitas coisas sobre a vida. Para mim foi uma honra conhecê-los pessoalmente, pois de hóspedes, eles passaram a ser nossos amigos. Sem falar na inteligência do casal de escritores que despertava a admiração de todos”, diz.

Exilado, Jorge Amada se divertia escrevendo e promovendo eventos culturais. “Ele revolucionou a cidade com festas e grandes eventos culturais, movimentando a cena cultural de Estância”, destaca Neuza.

Em Estância, Jorge Amado, escreveu parte de Capitães de Areia e Mar Morto, além de trazer personagens que povoaram alguns dos seus livros, como Gabriela, Tereza Batista e Tieta do Agreste.

Homenagens

Trecho do livro que retrata a convivência de Neuza com Jorge Amado

Filho do dono da Papelaria Modelo, ponto de encontro cultural que costumava reunir diversos intelectuais da cidade, Rui Nascimento, atualmente escritor, lançou em 2007, o livro ‘Jorge Amado – Uma cortina que se abre’.  O prefácio é de Paloma Jorge Amado, filha do romancista e também escritora. A obra fala do período que Jorge viveu em Estância e da influência de Sergipe em sua literatura.

Por Verlane Estácio e Raquel Almeida

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