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Nelson Freitas fala do espetáculo para leitores do Portal Infonet (Fotos: divulgação/site oficial) |
O comediante Nelson Freitas vem pela primeira vez à Aracaju para única apresentação de "Nelson Freitas e Vocês", no dia 15 de setembro, sábado, às 21h, no Teatro Tobias Barreto.
O ator leva ao palco um espetáculo que ironiza os relacionamentos e as situações do cotidiano com histórias e personagens hilários. Em entrevista ao Portal Infonet, Nelson fala da sua peça, carreira, atuações e, também se emociona ao lembrar da parceria que fez com Chico Anysio, quando o mesmo lhe dirigia.
Portal Infonet – Quais os temas tratados na apresentação ‘Nelson Freitas e vocês’?
Nelson Freitas- O tema principal é o relacionamento. Como as pessoas se relacionam em determinados momentos da vida, focado no cotidiano familiar, as diferenças de posturas e reações entre homens e mulheres diante de situações das mais banais, como nos relacionamos com nossos filhos diante de tantas mudanças tecnológicas e comportamentais. E finalmente como lidamos com a síndrome de PVC,- a Porra da Velhice Chegando (risos).
Infonet – Quais as histórias que mais fazem sucesso com o público?
NF– Bom, tem uns posts que fizeram muito sucesso na rede e acho que são os dois pontos altos do show. São eles: "como o brasileiro elogia sua mulher" e "as canções de ninar" que confrontam os absurdos das letras de outrora, com os milhões gastos com remédio tarja preta na fase adulta de qualquer brasileiro.
No mais, o povo sempre prefere rir a chorar, não à toa, a grande quantidade não só de espetáculos de humor, bem como de programas de TV e peças publicitárias com o viés de humor.
Infonet- Você preparou algo de especial para os sergipanos? O que o público pode esperar?
NF- Sempre faço uma pesquisa sobre o público que vai me assistir, seja num evento corporativo, ou uma praça determinada que vamos apresentar. Vou buscar as peculiaridades do lugar, e tentar traduzir de alguma forma para encaixar no show. Aliás, quem se habilitar, estou recebendo dicas pelo meu site: www.nelsonfreitas.com.br de qualquer coisa que seja bacana, curioso, ou engraçado sobre a cidade ou figuras e lendas locais. Manda aí que eu estou curioso.
Infonet – Alguma situação vivida por você virou tema na apresentação?
NF- Muitas. Aliás, a maioria são coisas e causos pinçados da vida real, vividas por mim ou por outrem, ou mesmo garimpadas nesse vasto universo da internet.
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Ele estará em Aracaju no fim de semana |
Infonet – Você começou trabalhando como ator, fez teatro e cinema, e acabou migrando para comédia. Porque essa mudança?
NF- Minha primeira peça profissional foi de Jean Gennet "Nossa Senhora das Flores" dirigida pelo saudoso Luiz Armando Queiroz e era aquele teatrão barra pesada. Minha formação foi em cima do drama, mas a sedução do humor e minha tendência a ser o palhaço da turma falaram mais forte. Quando voltei de Buenos Aires onde fiz a novela "Chiquititas" fui convidado pelo Mauricio Sherman para integrar o elenco do Zorra Total e ali formatei a imagem que tenho hoje em dia. Mas continuo sendo ator e para tanto disposto a todos os gêneros que me apetecerem.
Infonet- Qual o estilo que você prefere trabalhar?
NF- Tenho que confessar que adoro a comédia, me sinto muito mais confortável e o retorno disso tem sido muito mais efetivo e gratificante.
Infonet – Você canta, dança, interpreta, faz comédia. De onde vem tanto talento?
NF- Sei lá. Com exceção dos meus avós paternos que foram trapezistas de circo até meu pai nascer, e meu avô materno que era amante de óperas e excelente barítono amador, ninguém na família vive da arte como eu. Pra falar e verdade é muita cara de pau da minha parte já que minha formação foi no Colégio Militar e meu destino era ser Oficial das Forças Armadas, mas acho que o Exército não perdeu grandes coisas (risos).
Infonet- Há quanto tempo você está no Zorra Total? Como você foi parar lá?
NF- Estou completando 11 anos no Zorra Total, um ano a menos do tempo que o programa está no ar. E digo com muito orgulho que nesse tempo todo, nunca perdemos em audiência para nenhum outro programa no horário, desde sua criação. Apesar de sua característica extremamente popular, esse tipo de humor de bordão deveria ser eleito patrimônio histórico cultural brasileiro, pois só no Brasil temos esse gênero que remonta a própria historia da televisão no país.
Fui pra lá a convite do Sherman depois de voltar da Argentina e de fazer a novela "Filhas da Mãe" do Jorge Fernando, onde eu interpretava o advogado e parceiro do Toni Ramos no Bingo, em um núcleo pra lá de engraçado. Lá chegando me senti tão á vontade que não deu mais vontade de sair.
Infonet- Você acredita que seu sucesso teve maior visibilidade depois da TV?
NF- Evidentemente. A TV no Brasil tem uma ingerência direta na formação de opinião de todas as camadas sociais, e nas atuais condições de abandono cultural em que vivemos nesse país. Viver de teatro, ou mesmo de cinema é um sacerdócio dos mais tenazes entre todas as profissões do mercado.
Infonet- Chico Anysio dirigiu o espetáculo. Como foi esta parceria?
NF- Eu sempre tive o Chico como um modelo, desde minha mais tenra infância, quando o assistia aos seus inúmeros programas e personagens que tanto encantaram gerações.
Sua entonação de voz e o "delivery" dele sempre foram imbatíveis, e eu ficava fascinado com aquilo. Vim a conhecê e trabalhar com ele no Zorra e sempre foi difícil não tietar o velho, até que resolvi inventar esse show só pra poder chamá-lo pra dirigir. Liguei pro Bruno Mazzeo e ele me disse que o Chico estava com problemas de saúde e que já tinha recusado alguns convites, mas que eu ligasse de qualquer maneira, pois gostava muito de mim. Assim o fiz e na mesma hora, para um quase desfalecimento meu, ele disse: "vem pra minha casa agora, e me conta tudo". Só de lembrar meu olho enche de água. Foram tardes memoráveis e a partir disso minha vida profissional teve outro significado. No dia da estreia, mesmo debilitado ele foi à tarde ao ensaio geral e voltou à noite e assistiu da cabine de som e luz. E aquele abraço no palco ao final do show foi uma das coisas mais emocionantes da minha vida. Era como se eu estivesse abraçando um "Deus" que gentilmente meu ofereceu a mão e iluminou meu caminho.
Desde lá nos falávamos com frequência sobre assuntos mais variados, futebol e nossa paixão o Vasco da Gama. Trocávamos emails e sua mente estava ativa e brilhante até o fim. Foi uma perda gigante para todos, mas seu legado reverberará durante muitos anos ainda, mesmo num país sem memória como o nosso.
Por Verlane Estácio e Raquel Almeida
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