Tulipa Ruiz: expectativa e curiosidades em Aracaju

Cantora se apresenta em Aracaju nos dias 6 e 7 (Foto: Rodrigo Schmidt)

Pela segunda vez em Sergipe, a cantora, compositora e ilustradora Tulipa Ruiz e banda se apresentam em Aracaju em dois shows, que acontecerão nesta terça-feira, 6, e na quarta-feira, 7, integrando o projeto MPB Petrobras. Show imperdível, na ótica do produtor Gustavo Ruiz, o guitarrista e irmão da cantora paulista, que se criou em Minas Gerais embalada pela influência do próprio pai, o guitarrista Luiz Chagas e dos variados gêneros musicais que costumava apreciar na infância e adolescência na “vitrola” da família.

Em 2012, Tulipa Ruiz abriu o Festival de Cinema Iberoamericano, da Casa Curta-SE, e retorna com grande expectativa e ansiosa também para conhecer a intelectualidade musical sergipana. “Estou muito feliz em estar de volta, feliz em fazer dois dias de show porque, felizmente, vou conhecer um pouco desta cidade e um pouquinho do que é produzido aqui também”, observou a compositora, em entrevista que concedeu ao Portal Infonet no início da tarde desta terça-feira, 6.

Tulipa Ruiz e Gustavo: super show (Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet)

Na entrevista, Tulipa Ruiz fala dos futuros projetos, que deverão ser dedicados a clipes musicais, da turnê que fará na Europa no início do segundo semestre deste ano e da sua impressão sobre a política cultura brasileira. “A gente tem iniciativas muito interessantes, mas elas são minúsculas comparadas ao tamanho do nosso país. Infelizmente o eixo Rio/São Paulo acaba sendo favorecido”, lamentou.

Leia, a seguir, os melhores trechos da entrevista.

Infonet – Quem efetivamente é Tulipa Ruiz?
Tulipa Ruiz – Nasci em São Paulo, sou filha de músicos: meu pai é guitarrista, sempre tive música na minha casa. Decidi cantar um pouco tarde, mas sempre gostei muito de música. Gosto de cantar, de desenhar e descobrir. Mas a coisa que eu mais curto é fazer show, de estar no palco, do contato com o público. É muito legal ter uma banda.

Tulipa: regionalização da cultura

Infonet – O que mais influenciou o seu estilo na musicalidade?
Tulipa Ruiz – Eu digo que sou muito influenciada pela vitrola dos meus pais, pelos discos que ouvi quando era pequena, que são os discos que fazem parte da minha formação musical e do Gustavo [Ruiz, irmão e guitarrista da banda da cantora e compositora] também. A gente cresceu ouvindo música. Meu pai é guitarrista, gostava muito do rock in roll, minha mãe gostava muito de música brasileira. Então, a gente cresceu ouvindo todos os baianos, todos os mineiros… Meu tocava com Itamar Assumpção, então vem a vanguarda paulista. Todas as coisas que ouvi na minha infância e adolescência me influenciam até hoje e atualmente eu gosto de ouvir coisas novas, fico muito atenta à produção dos meus amigos, produção que tem acontecido aqui no Brasil, de banda gringa que eu gosto… Bom, fico atenta às novidades. Gosto de ouvir música.

Infonet – Você surgiu com luz própria e esta sua identidade seu estilo próprios seriam resultado desta convivência com a diversidade?
Tulipa Ruiz – Música é uma linguagem que se pode misturar com outras linguagens, não vejo música como uma linguagem fechada. Para mim, o palco é importante, a performance é importante, os gestos são importantes, assim como a luz, o cenário… Acho que tudo é comunicação, talvez isso contribua para essas coisas híbridas.

Infonet – Esta é a segunda vez que Tulipa Ruiz apresenta seu trabalho aos sergipanos. Qual a impressão do público?
Tuilipa Ruiz – Quando a gente marcou estes dois shows, a gente já começou a receber respostas do pessoal, falando que estava ansioso para este show e a gente está em feliz em voltar quase dois anos depois, já com as músicas mais firmes.  A gente tocou aqui no início da turnê ‘Tudo Tanto’ e estava tudo muito fresco. É muito legal voltar um tempo depois já com mais horas de voo.

Infonet – O que a família Ruiz reserva para o público sergipano nesta segunda oportunidade?
Tulipa Ruiz – Há músicas de ‘Tudo Tanto’ e também do ‘Efêmera’. Às vezes a gente fecha o repertório durante o show. As pessoas começam a pedir música e isto acaba sendo meio imprevisível, variando de cidade para cidade. Então acaba que o nosso setlist nunca é um setlist totalmente fechado. A gente preparou um setlist, vamos tocar ‘Megalomania’, que é uma música nova, que não está no disco… Mas, dependendo do show e dos pedidos do pessoal, tudo pode mudar.

Infonet – Qual o seu conceito sobre a política cultural no Brasil?
Tulipa Ruiz – Quando o Brasil descobrir que investir na cultura é a maior propaganda do mundo, acho que as coisas vão ficar melhor. Quando saí do Brasil pela primeira vez, fiquei muito impressionada. Percebi que, quando você sai do seu país, você vira embaixador de sua cultura e investir em arte é muito contribuir para uma identidade. É fundamental. O Brasil tem que, cada vez mais, investir em cultura. A gente tem iniciativas muito interessantes, mas elas são minúsculas comparadas ao tamanho do nosso país. Infelizmente, o eixo Rio/São Paulo acaba sendo favorecido. Acho que as coisas deveriam ser mais democráticas porque o Brasil é muito gigante. Ações assim deveriam acontecer de Norte a Sul o tempo todo, valorizando a cultura local, reconhecendo as pessoas que estão aí há muito tempo e os novos talentos. A gente é um país musical, um país artístico. Reconhecer e valorizar isso é fundamental para a gente entender a nossa identidade.

Infonet – O que os fãs podem esperar de seus futuros trabalhos?
Tulipa Ruiz – Este ano, a gente termina esta turnê Nordeste, em julho estaremos na Europa. Em junho, eu lanço o clipe de ‘Megalomania’ e o EP com dois remixes e, até o final do ano, quero fazer mais clipes porque sou uma cantora com poucos clipes. Quero fazer mais clipes tanto do ‘Efêmera’ quanto de ‘Tudo Tanto’.

Infonet – Qual seria o viés destes clipes, dá para antecipar algumas ideias?
Tulipa Ruiz – Há o clipe do ‘Magalomania’, que é uma parceria nossa com o público, um clipe colaborativo. E os próximos, ainda não sei dizer ao certo. Estou com muitas ideias, mas ainda está muito misterioso para mim. É uma caixinha de surpresas. Tudo pode acontecer nos próximos clipes e aceito sugestões.

Por Cássia Santana