Afro Quilombo completa 30 anos e atravessa dificuldades

Bloco Afro Quilombo em um dos desfiles no Carnaval de Aracaju (Foto: Divulgação)

O Bloco Afro Quilombo está completando 30 anos. Influenciado pelo Olodum da Bahia, nasceu no quilombo da Caixa d’água do bairro Cirurgia, trazendo na bagagem a questão do racismo. O bloco vem atravessando sérias dificuldades devido à falta de incentivo por parte dos órgãos públicos em Sergipe.

Para o coordenador do bloco, Irivan de Assis, as dificuldades para comemorar as três décadas de existência são enormes. “Trazemos uma pauta forte que é a questão do racismo e chegamos aos 30 anos com muitas dificuldades. O Bloco Quilombo distribui mil abadás no Carnaval, quando a gente chega a distribuir menos é porque o Poder Público não faz a parte dele”, explica.

De acordo com Irivan de Assis, a Prefeitura é a responsável por meio da Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju), pelo Carnaval. “A gente enquanto bloco tem que esperar o repasse da prefeitura, mas não existe um planejamento, a prefeitura não pensa no Carnaval como uma atividade que fomente a Cultura, como a constituição de compositores, cantores, dançarinos. Acha irrelevante”, lamenta.

Dançarinos do bloco em 2013 (Foto: Arquivo Portal Infonet)

O coordenador do Afro Quilombo lembrou que a menos de um mês da Festa do Momo, até agora não há qualquer definição quanto à programação. “E nem definição se vai ter repasse, se vai fazer a festa. A gente sai na terça-feira do Carnaval, mas a nossa ideia era desfilar mais de um dia, ter uma visibilidade maior”, afirma.

O Bloco Afro Quilombo faz um percurso na terça-feira do Carnaval, saindo da ladeira da Colina do Santo Antônio com destino à Orlinha do Bairro Industrial. “Geralmente saímos com um tema em relação à cultura africana e esse ano vamos falar um pouco das belezas de Sergipe, aproveitando os 30 anos e a música que a gente gravou falando do Estado [Belezas de Sergipe]”, informa Irivan.

Programação

Irivan de Assis (Foto: Portal Infonet)

Quanto a programação alusiva aos 30 anos do bloco, o coordenador disse que vai tentar desenvolver algumas atividades.

“Isso porque sair só no Carnaval é um desperdício de educação, capacitação, formação de jovens. Atualmente ensaiamos só a banda e não é possível fazer mais do que isso. Primeiro não podemos vender abadá porque o bloco recebe dinheiro público. Isso aqui, né? Porque no Rio de Janeiro, as escolas de Samba recebem dinheiro público e as fantasias são caríssimas, os blocos de Salvador recebem dinheiro e vendem abadás. Mesmo vendendo a gente teria dificuldade porque para você vender um produto tem que estar à mostra, não só chegar assim com 15 dias e não ter como investir e se investir, pode perder porque às vésperas do Carnaval, a prefeitura pode dizer que não tem dinheiro. Não tem um planejamento, um conselho de Carnaval não pensa o Carnaval como um produto cultural e aqui não é crítica a gestão atual, todas as gestões que passaram não tem um Carnaval, contrata umas bandas e diz que fez Carnaval”, entende.

“A nossa ideia é fechar uma atividade com o Olodum, porque tem uma ligação muito forte e estava programando para esse Verão o ensaio do aqui, articulamos, trouxemos a direção do Olodum, mas mesmo com a presença do Olodum, fica difícil capitanear recursos. Fica difícil para um grupo de uma comunidade do quilombo, sem recursos trazer um grupo desses. Não temos como arriscar trazer um show do Olodum sem ter um aparato, sem ter um investimento tanto da iniciativa privada quanto dos órgãos públicos”, diz.

Funcaju

Na Fundação Cultural Cidade de Aracaju, a informação da diretora de Arte e Cultura, Antônia Amorosa é de que “existe uma hierarquia e que somente pode falar sobre o assunto se a presidente Aglaé Fontes liberar”.

O Portal Infonet tentou por diversas vezes ouvir a professora Aglaé Fontes pelo número fornecido pela assessoria de Comunicação, o 3179-3694, mas ninguém atendeu.

E na assessoria de Comunicação, a informação é de que “este ano não vai ter o Carnacaju, a exemplo do que aconteceu em 2014, somente nos bairros da cidade e a programação ainda está em fase de montagem”.

Por Aldaci de Souza

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