Festivais de teatro e dança são suspensos

Em 2014, o Festival Sergipano de Teatro bateu recorde de público (Fotos: Fabiana Costa/Secult)

A proposta da Secretaria de Estado da Cultura de unir o Festival Sergipano de Teatro e a Semana Sergipana de Dança, transformando-os no Festival Sergipano de Artes Cênicas, parece não ter agradado aos artistas sergipanos. O assunto também virou polêmica por causa de um impasse quanto à forma de pagamentos dos cachês. A pedido dos próprios artistas, as apresentações foram transferidas para o segundo semestre. Os eventos, já estabelecidos no calendário cultural sergipano, eram tradicionalmente realizados entre os meses de março e abril, em alusão do Dia do Mundial do Teatro e Dia Nacional do Circo (27 de março).

O  presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculo de Diversão do Estado de Sergipe (Sated/SE), Ivo Adnil, explica que os artistas sergipanos foram convocados para avaliar a proposta da Secult de unir os eventos. De acordo com ele, tanto o Sated/SE, como os coletivos de teatro, dança e circo, discordaram dos valores dos cachês, fator que teria motivado o pedido de transferência dos eventos para o segundo semestre.

O acesso ao festival é gratuito

"Com esse novo pagamento, os grupos de teatro sairiam perdendo, pois os novos cachês prevêm o valor de R$ 1500 para espetáculos até 3 atores e R$ 4 mil para espetáculos a partir de quatro atores, quando antes pagava-se R$ 3 mil para monólogos e R$ 4 mil para espetáculos com dois ou mais atores", detalha. "Os coletivos entenderam que se não havia valor suficiente para suprir todas os itens conquistados ao longo das últimas edições, seria melhor realizar o evento no segundo semestre. Isso para que haja negociação, para que a Secult tenha tempo para bater nas portas e buscar recursos, e para que se possa planejar o festival contendo os dois tópicos: o 5º Festival de Teatro e a 10ª Semana Sergipana de Dança", completa.

Ivo Adnil concorda com a junção dos eventos de Teatro, Dança e Circo, destacando que é preciso entender o momento crítico pelo qual passa o país, mas reconhece que o valor destino aos eventos é baixo, de R$ 170 mil [na última edição] para R$ 85 mil [em 2015], segundo ele mesmo informou. Na próxima sexta-feira, 27, no Teatro Lourival Batista, os artistas se reunirão para definir os coordenadores dos fóruns e discutir a política ideal para o pagamento de cachês e a realização dos eventos.

A Semana Sergipana de Dança iria para a sua 9ª edição

Tradição

Diferente do que pensa o Sated/SE, os artistas estão insatisfeitos com a união dos dois eventos. Uma atitude, que para eles, acabaria com a tradição cultural conquistada ao longo dos anos. “Unindo esses dois eventos, a gente perde a tradição deles, já que o Festival de Teatro iria para sua 5ª edição, e a Semana de Dança para a 9ª. Ao invés de promover políticas públicas para o teatro, eles fazem festivais que a cada dia vão se degradando. A classe está extremamente descontente. Sempre esteve e agora esta pior”, opina.

A atriz Inês Reis também fala na quebra da tradição e destaca que a junção dos dois eventos prejudica a participação dos grupos artísticos. “Entendemos a dificuldade de começar uma nova gestão, mas o Festival de Teatro já faz parte do calendário sergipano, as pessoas já se acostumaram e o festival vai fazer falta. Não vai acontecer nenhum evento grande de teatro neste primeiro semestre. Cada evento tem sua importância, mas seriam os mesmos espaços para eventos diferentes, diversos grupos para o mesmo espaço, e isso implicaria na participação de menos grupos”, opina.

Secult

O técnico da Secult, Irineu Fontes, explicou à equipe de reportagem do Portal Infonet que a proposta de unir os eventos tem o objetivo de reduzir custos com infraestrutura, cartazes, alimentação e transporte, já que a situação finandeira do Estado é delicada. De acordo com ele, os festivais não deixariam de existir, eles continuariam com os mesmos nomes e juntos, durariam um mês.

Irineu destaca que a decisão de levar os eventos para o segundo semestre partiu dos próprios artistas que fizeram a solicitação através de ofício. Ele explica que logo após, a Secult promoveu uma reunião na qual tranquilizou a classe, afirmando que os eventos continuariam existindo.

O técnico discorda da informação de que a união dos eventos prejudicaria a participação dos artistas, destancando que prevê a participação de 30 grupos.  Sobre os cachês, eles explica que não houve diminuição dos valores, e sim, um reajuste seguindo normas da PGE, onde foi estabelecido um cachê para tipo de apresentação, diferentes das edições anteriores, onde pagava-se um cachê único para todos os grupos.

Irineu disse ainda que a Secult pretende criar políticas públicas para levar o público aos espetáculos e, também, para tentar fazer com que os artistas estejam sempre trabalhando, buscando recursos em outros lugares, sem depender que a Secult monte editais ou festivais. Tudo isso sem tirar a responssabilidade da Secult de fomentar a cultura.

Por Verlane Estácio

Portal Infonet no WhatsApp
Receba no celular notícias de Sergipe
Acesse o link abaixo, ou escanei o QRCODE, para ter acesso a variados conteúdos.
https://whatsapp.com/channel/
0029Va6S7EtDJ6H43
FcFzQ0B

Comentários

Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso portal. Ao clicar em concordar, você estará de acordo com o uso conforme descrito em nossa Política de Privacidade. Concordar Leia mais