Zons: uma reflexão sobre as rádios públicas

Produção independente em debate (Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet)

Imagem e música em um mesmo ambiente, misturado a um empolgante debate em torno das barreiras que artistas da contemporaneidade encontram para difundir os novos estilos e os novos talentos, que afloram a uma velocidade incalculável no mundo artístico no Brasil e fora dele. Este é o norte do Zons, um festival que entra em sua terceira edição com a versão intitulada “Um olhar para o coletivo”, que está acontecendo em Aracaju desde a quarta-feira, 13, e prosseguirá até este domingo, 17, na Reciclaria, um espaço alternativo que se destaca como uma das melhores opções para um público exigente e que transpira inspiração quando se trata de arte e ação.

Neste sábado, 16, um grupo de produtores musicais se reuniu para debater e traçar o perfil dos festivais independentes. Desta mesa participaram produtores conhecidos internacionalmente, como o pernambucano Paulo André Pires, um produtor que já percorreu 480 cidades em 26 países para divulgar os novos estilos brasileiros, especialmente dos músicos nordestinos, que se colocam como alternativas às antigas canções que se consagraram entre os anos 60 e 70 do século passado.

Paulo [de camisa quadriculada]: "ignoramos a produção de países que nos amam"

Paulo André Pires lamenta que este novo momento da musicalidade nacional não seja tão conhecido e responsabiliza a rádio pública pela falta de incentivo a estas produções musicais. “O grande gargalo está na comunicação pública e muita gente nem sabe o que é comunicação pública”, diz. Para Pires, os diretores das emissoras públicas estão, “no mínimo 30 anos atrasados no tempo e no espaço”, numa referência à estagnação da programação musical que se restringe àquelas produções que fizeram sucesso entre as décadas de 1960 e 1970. “Falta oxigenar a comunicação pública e mandar para casa 90% dos gestores que estão perdidos no tempo e no espaço”, enaltece.

O produtor lamenta que uma entidade do porte da Associação das Rádios Públicas do Brasil (Arpub) tenha apenas 300 seguidores no twitter. “Qualquer adolescente tem 300 seguidores”, diz. Na ótica do produtor, as rádios privadas [embora sejam concessões públicas] ignoram os novos estilos e talentos, o que tem refletido no comportamento dos brasileiros para seguir embalados pelo desconhecimento. “Ignoramos a nova produção musical de países que nos adoram e ignoramos também a nossa própria produção”, lamenta.

O produtor destaca que a alternativa para que as novas criações tenham visibilidade são justamente os festivais independentes, do porte do Zons, que estão ocorrendo em vários estados brasileiros. “Quando as rádios públicas e as privadas, que são concessões públicas, deveriam ter este papel”, analisa.

Por Cássia Santana

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