O que era para ser uma diversão pode se tornar um problema de saúde (Foto: Pixabay)
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a considerar pela primeira vez o vício em games como um distúrbio mental, assim, ele será incluído na 11ª Classificação Internacional de Doenças (CID), que não era atualizado desde 1992. Mas você sabe como identificar quando aquilo que é visto como um momento de lazer torna-se uma atividade compulsória? Nós conversamos com a psicóloga Juliana Passos, que explicou como é possível identificar e tratar o problema.
Segundo a psicóloga, toda compulsão tem uma questão por trás, e com o vício em games não é diferente. O distúrbio afeta principalmente o público adolescente, já que é nesse período da vida que enfrentamos problemas como timidez, dificuldade de se relacionar e aceitação do corpo. Por isso, alguns adolescentes optam pelo isolamento, buscando uma fuga no jogo, já que dentro dele [do jogo], o indivíduo entra em outro mundo que não é o real.
A psicóloga explica que diversos comportamentos podem ser sintomas do problema: passar mais de oito horas diárias jogando, substituir atividades que eram comuns antes, a exemplo de jogar bola com os amigos, ir ao cinema, por ficar em casa.
Problemas na descoberta da sexualidade, do sexo oposto, relacionamento com amigos e familiares também são indicados pela psicóloga. Além disso, a psicóloga cita o problema com o tempo. “Ele não se dá conta do tempo passar, este é um outro sinal. Para ele, o tempo não passa, é um tempo virtual, e isso traz consequências”, alerta.
Falta de atenção dos pais
Outro problema bastante comum, que afeta principalmente as crianças, é quando os pais, por ‘falta de tempo’, acabam substituindo uma atividade de lazer com o filho pelos games. “A correria do dia a dia deixa os pais muito cansados, acabam negligenciando o afeto da criança e os games são algum dos instrumentos utilizados para entreter a criança e ‘descansar’ os pais. Isso já pode ser um indício que a dinâmica familiar está errada”, afirma.
Vício em adultos
Apesar de ser mais comum entre crianças e adolescentes, o vício em games também afeta os adultos. Neste caso, teoricamente possuírem um acesso ao dinheiro mais facilmente, eles acabam gastando suas rendas nos jogos. “Começou a gastar dinheiro, é preciso perceber que tem algo de errado. Você está sustentando alguém por trás deste vício, alguém que passa a imagem que o jogo traz diversão. O que traz a diversão são as amizades, sair de casa, as boas convivências “, declara.
Passo inicial
De acordo com a psicóloga, o passo inicial para sair do vício é a identificação de que realmente há um problema. “Tudo parte da identificação. Você só vai buscar uma ajuda psicológica, se você se der conta que você precisa e se você começar a buscar essa ajuda”, explica.
Tratamento
Conforme a psicóloga, o tratamento é feito a depender da gravidade do vício. Se os pais ou o próprio indivíduo perceberem que ele está se instalando, é indicado fazer uma série de exercícios, a exemplo dos vícios em álcool e drogas, onde são utilizadas as estratégias do “só mais um dia sem”. Mas quando se observou que o vício já se faz presente, é necessário um acompanhamento psicológico, e em alguns casos o acompanhamento psiquiátrico.
Por Yago de Andrade e Victor Siqueira