Psiquiatra destaca sinais para o diagnóstico de autismo

Psiquiatra infantil do Hospital Universitário da UFS (HU-UFS), Karla Mansilla, que é também professora de Psiquiatria da UFS

O Transtorno do Espectro Autista (TEA), ou simplesmente autismo, caracteriza-se por uma série de condições relacionadas a habilidades sociais, comportamentos repetitivos, fala e comunicação não-verbal, além de diferenças únicas. “A doença não tem cura, mas trabalhar a criança desde muito cedo melhora o seu funcionamento, dá mais autonomia, mais independência”, conforme explica a psiquiatra infantil do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (HU-UFS), Karla Mansilla, que é também professora de Psiquiatria da UFS.

Ela afirma que o TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento que traz características como dificuldade na socialização e na comunicação. “Vale ficar atento se a criança tem um comprometimento qualitativo na sua comunicação: ou não fala, ou começa a falar e regride, ou para de falar, ou até mesmo fala tudo, mas não consegue usar essa linguagem em uma troca social adequada, tem dificuldade em iniciar um diálogo. A criança não toma a iniciativa, mesmo que você converse com ela, ela tem dificuldade em interagir”, detalha a médica.

Sinais

A psiquiatra conta que alguns sinais podem ser observados desde cedo, como a dificuldade em sustentar contato visual, a ausência de resposta clara ao ser chamada [a criança] pelo nome, o atraso no desenvolvimento da linguagem verbal e não verbal – não aponta, não responde a sorrisos, demora para falar -, a aversão ou fixação a algumas texturas, incômodos com determinados sons e barulhos, comportamentos repetitivos e estereotipados, como enfileirar brinquedos, rodopiar em torno de si mesmo e balançar o corpo.

Para Karla, o diagnóstico precoce de autismo é fundamental para definir que tratamento específico deve ser instituído, pois neste período inicial da vida alguns comportamentos já podem servir de alerta a familiares e profissionais da saúde.

“É frequente que a criança passe pelo pediatra, neuropediatra, fonoaudiólogo e otorrinolaringologista, pois os pais acham que a criança não ouve. Ele [o bebê ou criança] não olha para mim, mesmo quando eu estimulo, chamo, parece que ele não me olha nos olhos. Outra característica que chama a atenção: ele gosta muito de ficar sozinho, no mundinho dele. Quando a gente vai a festinhas, parquinhos, ele prefere ficar sozinho, se envolver com alguma atividade solitária, a estar junto com outras crianças. Não interage, não troca”, relata Karla Mansilla, afirmando serem essas queixas corriqueiras de quem chega com a criança ao psiquiatra.

Espectro

De forma geral, a médica comenta que quando se fala sobre espectro é para ter a ideia de que há pacientes mais ou menos comprometidos. “Para os menos comprometidos a gente pode fazer um diagnóstico talvez um pouco mais tarde. Nos mais comprometidos, muitas vezes fazemos mais cedo. Em geral, o diagnóstico é feito por volta dos três anos de idade”, pontua.

A psiquiatra informa que são diversas as causas para o TEA. “Pode ser por doença neurológica, doença metabólica, déficit sensorial. O fato é que é preciso um acompanhamento multidisciplinar, com fonoaudiólogo, psicólogo, terapeuta ocupacional, enfim, o ideal é trabalhar a criança desde muito cedo, melhorando a sua autonomia, mas lembrando que, se realmente ela tem TEA, vai permanecer com o transtorno para o resto da vida”, enfatiza Karla Mansilla.

“Infelizmente a gente tem ouvido falar sobre tratamentos sem comprovação científica que enchem os pais de esperança, mas o que a gente sabe é que essas crianças evoluirão sempre dependendo de familiares na vida adulta, algum grau de dependência ela sempre vai ter. Uma das grandes dificuldades hoje é em termos de escolas capacitadas para incluir esses pacientes, porque por mais que alguns colégios preguem que trabalham a inclusão, inclusão não é só aceitar o paciente com TEA em sala de aula”, alerta a médica.

“Quanto mais cedo ocorrer o acompanhamento multidisciplinar, inclusive orientando-se família e escola, melhor será a inserção social e aquisição de autonomia dessa criança. A intervenção tem que ser feita o quanto antes, para estimular potencialidades e auxiliar no desenvolvimento de formas adaptativas de comunicação e interação”, complementa.

Fonte: Hospital Universitário de Sergipe – EBSERH

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