Amorosa: um ícone da música sergipana

No próximo sábado, dia 18, no Teatro Tobias Barreto, Antônia Amorosa estará lançando seu quarto CD solo, intitulado “Aldeia”. Com 17 anos de carreira, Amorosa é hoje um verdadeiro ícone da música sergipana. Em entrevista exclusiva ao InfoNet Notícias, ela fala um pouco do lançamento de seu novo CD, de sua carreira, do São João sergipano, do censo de responsabilidade da Amorosa cidadã e muito mais. Por Waneska Cipriano INFONET NOTÍCIAS – Amorosa! Cantora, compositora, poetisa e… o que mais? ANTÔNIA AMOROSA – (Muitos risos…) Mãe, mulher, amiga e muito batalhadora acima de tudo. Eu não acredito na vida sem luta, sem batalha; eu não acredito na vida de alguém deitado na rede, exceto depois do trabalho, para descansar da luta. IN – No próximo sábado, dia 18, você estará lançando seu quarto CD solo… AA – Isso, meu quarto CD. Levei três anos para fazer, com muito trabalho e ajuda dos meus patrocinadores e colaboradores. Não posso esquecer deles: Sectur, Sebrae, Banese, Multiserv, G Barbosa, Celi, Hotel Parque dos Coqueiros, Unit, Setransp, Clube de Engenharia, Unimed, Sesc, Cinform, Norcon, fora os colaboradores, que estão todos destacados no CD, como forma de agradecimento pela ajuda. Patrocínio é quem faz, quem está de uma forma mais expressiva. IN – O CD foi gravado em Recife, na Somax, um dos melhores estúdios do Brasil… AA – Foi um CD muito caro, de alto custo, em um dos melhores estúdios que nós temos no país. Um CD com custo muito alto, mas que valeu à pena. IN – Na noite de lançamento do CD, você promete trazer quais novidades ao público? AA – Vou trazer a mesma Amorosa de sempre, porém mais romântica. As pessoas vão ver um trabalho mais intimista. Quem assistiu meu show de abertura com Fafá de Belém, por exemplo, eu não diria que é igual – porque não existe show igual – o público terá novidades, pois é um show com cenário, com uma iluminação trabalhada. Eu primo muito pelas belas canções da música brasileira. Eu canto o inédito, mas também gosto muito de interpretar o belo, o que já existe. Nesse disco mesmo, tem regravação de Luiz Gonzaga, de Nando Cordel, Cláudio Nucci e Zé Renato; tem uma novidade que é “Nós é Jeca, mas é jóia”, que é uma música que Xangai já cantou e muito mais – além dos compositores sergipanos, que eu sou uma das artistas que sempre defendi. Ismar Barreto é um compositor que fui eu que lancei; Rubens Lisboa eu fui a primeira cantora a interpretar uma música dele; Joésia já atuava no mercado, mas eu também gosto muito do trabalho dela. Além disso, trago também a novidade do trabalho de Neu Fontes, de Doca Furtado – uma música lindíssima de Doca, que recebi dele quando fui fazer um trabalho em Santos e passei por Campinas. Na ocasião ele disse: “Amorosa! Tenho uma música para você”. Quando ele cantou eu me apaixonei e disse logo queria gravar. IN – Qual a faixa que você mais gosta em “Aldeia”? Aquela que identifica mais esse trabalho. AA – Vou até te confessar que – inclusive comentava com Graça agora há pouco (Graça é minha comadre, minha secretária, quem cuida de tudo que é meu) – pela primeira vez em todos os CDs que fiz, esse é o primeiro que eu escuto tudo e não enjôo de ouvir. Mesmo assim destaco as que mais gosto: “Alto do Tempo”, “Nós é Jeca mais é jóia”, “Sabiá” – gosto muito de minha interpretação, “Toada”, veja só de quantas eu gosto, viu? “Mel e Aveloz” acho que ficou um arranjo pop muito legal. “Tempero Moreno” também está muito legal. Ai meu Deus do Céu, “Serigy” eu acho linda. São 11 faixas e o CD está muito legal. Gostei muito do resultado. IN – Amorosa, você que também já tem uma tradição nos festejos juninos, “Sergipe é o País do Forró”? AA – Acho que a gente vai ter que lutar mais um pouco, pois como eu tenho o pé no chão, acredito que a gente precisa criar um trabalho de estrutura mais organizado. Os prefeitos fazem as coisas muito de última hora, principalmente com os artistas de casa, quando eles deveriam dar prioridade aos de casa. Eles se encantam muito e gastam o dinheiro do povo de uma forma irresponsável. Eu sou muito direta nesse sentido, então, eu acho que nós poderíamos fazer uma grande festa usando mais os pratos regionais de casa, e pouquíssimos pratos de fora. Por quê? Porque essa é uma especialidade da gente. Se o forró não fosse nossa especialidade eu até concordaria com esse investimento, mas é nossa especialidade! Nós temos aí dezenas de trios, dezenas de artistas, que cantam forró. Eu sou a favor de que se traga uma ou outra atração de fora, porque eu acho que a gente tem que primar pelo dinheiro do povo. Você gasta as vezes em dez dias uma grana que você, economizando, poderia investir em saúde, educação, em saneamento básico e outras coisas, pois a vida não é só festa não. Eu sou artista e para mim é muito fácil chegar e dizer: “Vamos fazer festa todo dia”. Mas eu tenho um censo político, eu tenho um censo de responsabilidade com relação a isso. IN – Falando em censo de responsabilidade… Já está em pauta novamente a polêmica da segurança na época dos festejos juninos. Segurança no que diz respeito ao uso de fogos de artifício, à legalização da fabricação de fogos. O que você tem a dizer sobre isso? AA – Xô xuá, cada macaco no seu galho! No caso de Estância, é muito difícil você comprometer uma tradição. Acho que tem que haver, por parte da população, a consciência dos seus limites. Sou muito mais a favor de uma educação em torno do “onde existe o perigo”, assim como você chega para um filho e diz assim: “Não chegue perto do fogo, porque ele queima”. Eu estou educando meu filho. Mas se eu prendo meu filho e digo: “Eu vou te prender aqui para você não chegar perto do fogo”. Isso não existe! Existe uma coisa chamada liberdade e existe outra chamada tradição. Confesso que eu, particularmente, acho muito sem graça aquela guerra de busca-pé em um lugar fechado. Eu acho que compromete a tradição, mas e porque não fazer em um terreno. Mas em um lugar fechado? É para o turista ver? Melhor educar o turista para ficar em uma distância aceitável, sem que se tenha uma cerca. Eu tenho outra visão, porque por exemplo, se você tiver 500 mil pessoas, você vai contratar 500 mil policiais? Deu para entender o que eu estou querendo falar? Às vezes a gente não sabe aonde o perigo vai acontecer. Você não sabe aonde o crime vai acontecer. Ninguém sabe onde uma fatalidade vai acontecer. Ninguém sabe! O que eu acho que deve haver por parte da população é uma consciência dos seus limites e, por parte do Estado, a consciência de procurar alertar, avisar. Às vezes exige-se milagre, que é impossível, pois muitas vezes se diz ao cidadão para não ir para perto do busca-pé, e ele vai. Depois acontece um acidente e a culpa é da segurança? Gosto muito de estudar os dois pontos. O que o cidadão estava fazendo? Estava bebendo? Estava largado? Então, meu amigo, com licença, pois o policial não é sua mãe para tomar conta de você não. Resumindo: muitas coisas que acontecem, com relação ao uso de fogos, é muito mais devido a imprudência das pessoas, do que qualquer outra coisa. IN – Se você pudesse resumir esses seus 17 anos de carreira, diria o quê? AA – Eu gosto de fazer um pouquinho de cada coisa. Fiz meu CD, gosto de escrever. Foi através da música que eu tive mais acesso ao povo, porque a música tem um poder muito grande, mas eu não gosto só de cantar. Eu gosto de fazer várias coisas. Uma hora eu gosto de fazer uma coisa, daqui há pouco já não quero mais. Esse CD eu não tive pressa. Levei três anos para fazer, mas tinha que ser do jeito que eu queria, porque nos três últimos CDs que eu fiz, depois que eu ouvia sempre pensava: “Poxa, não era bem isso que eu queria. Não era esse arranjo”. Esse quarto CD eu fiz com mais maturidade. Amorosa alegre e Amorosa romântica. IN – Por que o título “Aldeia”? AA – Porque foi uma forma de homenagear a minha aldeia, o meu universo, o meu povo, a minha cara, o que eu gosto de cantar, como eu gosto de ser, como eu gosto de estar, o que eu gosto de ter. A gente pode avaliar aldeia de várias formas, não é? Esse foi o objetivo. Eu pensei muito também na questão de Sergipe ser pequeno, de ser uma terra muito forte e espiritualmente identificada com o povo indígena. Tanto é que eu abri o disco cantando uma música dos índios Xocós [Amorosa dá uma palhinha] – “Eu subi lá no alto do tempo só pra ver a fundura do mar…” e termino cantando uma música chamada Serigy [mais uma palhinha] – “Pra me livrar da praga do Cacis, Serigy tenho que andar sob as águas…”. É uma música linda, de Joésia Ramos. Então, eu abri e fechei o disco fazendo uma saudação ao povo indígena, porque Sergipe tem uma ligação com o povo índio – pode até não reconhecer isso, mas nós temos uma identidade com ele. É uma forma de homenagear nossos antepassados. – – – – – – – – – – – – – – – – Convites para o show, na Secretaria do Teatro Tobias Barreto. Maiores informações pelo telefone (0xx79) 3179-1490.

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