“Quer moleza, pô? Então senta no colo de Lulu Santos”

Irreverente como ele só… Esse é Lobão, que na noite dessa quarta-feira, dia 15, no Tequila Café, promete trazer aos sergipanos – através de um luau in door – um show sem roteiro, ocasional, informal, despretensioso, imprevisível, aconchegante e solo. O público irá se surpreender com a musicalidade das canções – algumas inéditas, inclusive. Será Lobão em voz e violão, sem aquele estilo “banquinho e violão de Bossa Nova”. “Nada contra, até gosto de João Gilberto”, diz ele. Lobão é aquele cantor famoso mesmo que você está pensando… Aquele chamado por muitos de “Maluco”, que canta e encanta o mundo e que chamou a vida de “Vida Bandida”. Mas de maluco Lobão não tem nada… Um cidadão bastante crítico, com uma jovialidade surpreendente, que traz nas veias uma sede do não comodismo social. Foi isso que ele demonstrou em entrevista exclusiva ao InfoNet Notícias. Por Waneska Cipriano INFONET NOTÍCIAS – Quando você esteve em Sergipe pela última vez? O que te traz aqui? LOBÃO – A última vez que estive em Aracaju foi em 93/94. Nessa quarta-feira a gente faz uma apresentação no Tequila e segue para Natal (RN). Depois, no sábado, a gente vai para Caicó (RN). Esse show aqui em Aracaju foi bem fora de época, porque na verdade estou viajando para receber o título de cidadão Caicoense. Achei muito legal a homenagem e aproveitei a oportunidade para dizer: “Oi! Estou na área!”. INFONET NOTÍCIAS – Você demorou muito para retornar a Aracaju, por quê? Quando vem fazer um show maior? LOBÃO – Quando começou essa moda no Norte/Nordeste de axé e pagode eu sumi. Uma desinteligência brutal. Além disso, também detesto Carnaval. Fiz tournée internacional – Estados Unidos, Japão e Europa. Na verdade, não vim antes porque não tinha dinheiro nenhum, não tinha gold. Surgiu então esse show mais informal, um show sem roteiro, que acho muito legal. Nada de bossa – nada contra, até gosto de João Gilberto. Toco em um banquinho, sentado na areia da praia, de qualquer jeito. Sobre shows maiores em Aracaju, estou aguardando um convite de vocês. Fiz um show muito legal em um teatro famoso em São Luís, com meu colega Valdevil, e o pessoal naquele teatro – tudo bacana, chique – acabou saindo tudo dançando. Foi demais! E foi um show porrada mesmo. INFONET NOTÍCIAS – Como você classifica a música brasileira hoje? LOBÃO – Relembrar RPM é um verdadeiro aborto, cara. Depois eu quem sou o maluco! Essa indústria maluca… Sempre fui contra a campanha de pirataria. Gravadora cobrando jabá. Tô fora! Por isso eu faço questão da numeração de meus discos. Existem dois tabus da indústria fonográfica brasileira: jabá e numeração em disco. Tenho até um “furo” jornalístico aqui para você. Hoje a deputada federal Tânia Soares manteve contato comigo e disse que está tudo bem encaminhado com um projeto de lei exigindo a numeração dos discos. A lei já foi sancionada e tudo mais. Eu quero ver em mãos, porque sabe como é, de repente tem uma linha lá que diz algo em desacordo… Sei lá… Mas se tiver tudo certo mesmo, essa será uma data histórica. INFONET NOTÍCIAS – Quais são seus projetos para agora, Lobão? LOBÃO – Lançar meu CD pelo Brasil e internacionalmente e trazer minha música às rádios, mas eu não dou jabá. Tem outra coisa também que eu ando fazendo muito agora. Faço palestras em universidades falando de diversos assuntos, sabe? “Rapaz, toma cuidado aí quando você for dar o rabo” [risos]. Coisas assim… Além disso, detesto público acomodado e falo muito isso em meus shows. Eu acabo educando meu público, porque público acomodado pra mim é lixo. Na atual conjuntura do país, o público tem que ter consciência de suas obrigações. Esse é um bom público. Quer moleza, pô? Então senta no colo de Lulu Santos [risos]. Não é verdade? Nada contra Lulu Santos. Sou até muito amigo dele, mas cantar sempre as mesmas coisas? Já disse a ele que quando ele passar na rua o pessoal vai começar a dizer assim: “Como uma onda no mar…”. Não dá! Meu público ficar se masturbando pensando nas minhas músicas antigas? O que é isso! Tem que inovar e exigir isso, sabe? Eu mordo e assopro também, porque o pessoal pede as minhas antigas no show e eu acabo tocando, porque faz parte. Entenda que eu não sou contra essa nostalgia, mas detesto público acomodado, que aceita coisas do tipo “Fama”, da Rede Globo. É podre! Um tiro n´água, cara. É isso aí a representação da juventude brasileira? Bosta nenhuma…

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