“Ser sergipano vai muito além disso”

“A cantora careca”. Esta é a peça que entra em temporada a partir de hoje no Teatro Atheneu. O espetáculo, que trata de uma crítica à burguesia inglesa, tem à frente a Companhia de Teatro Stultífera Navis, e conta com a participação especial da banda de rock Snooze, que estará executando a trilha sonora ao vivo. O espetáculo, que passa a acontecer todas as segundas-feiras, conta com o texto – exemplar de um expressivo movimento teatral da década de 50, conhecido como Teatro do Absurdo – do romeno Eugène Ionesco. “A cantora careca” fica em temporada até o dia 23 de dezembro. Em visita à sede da InfoNet, o diretor da Stultifera Navis, Lindemberg Monteiro, e o assessor de comunicação, Anderson Bruno, falaram sobre este e outros projetos. PORTAL INFONET – Como nasceu o projeto “A Cantora Careca”? LINDEMBERG MONTEIRO – Este é um projeto de quase um ano, onde trabalhamos intensivamente. É um projeto de definição da nossa proposta em fazer teatro em Sergipe, que é um teatro voltado para a investigação, estudo e pesquisa do ator. Tem como base trazer novas formas de se fazer um espetáculo aqui em Sergipe. A gente já viveu uma experiência bem sucedida que foi o “Almanaque”, no ano passado, onde ganhamos um prêmio e este ano a gente resolveu montar um grande clássico do teatro universal. Os atores tiveram uma preparação intensa, estudamos não só o texto, mas também a linguagem dos clowns[palhaços], fizemos uma preparação de ginástica acrobática, discutimos temas como o cinema de suspense, de Alfred Hitchcock, até passando por uma análise profunda dos reality shows de hoje. PI – Como aconteceu essa mistura de teatro e música? Por que colocar a Snooze em cena? ANDERSON BRUNO – Colocar uma banda em cena era uma pretensão de Lindemberg, que notou que a banda dá uma energia a mais na cena e, como a peça foi escrita como uma crítica à burguesia inglesa, decidimos colocar uma banda que cantasse em inglês. A trilha é toda instrumental. Eles ficam atrás do palco, dentro de um pub e fazem parte da cena e dos elementos cênicos. LM – É marcante a presença da música ao vivo, em cena, realizada por uma banda de rock. Quando a gente resolveu colocar música ao vivo, naturalmente a gente tinha que chamar a Snooze. Eles recebem muitas críticas por cantarem em inglês e a Snooze é uma prova de que para mostrar qualidade da música sergipana, naturalmente não se precisa fazer música regional. Ser sergipano vai muito além disso. PI – Falem um pouco sobre a história da peça AB – A história da peça consiste em um diálogo entre dois casais ingleses. Um recebe o outro, começando um diálogo totalmente incoerente, que sofre a interferência do capitão dos bombeiros e da empregada. Mas esta incoerência toda tem sentido. O autor, além da crítica, quis também fazer um estudo da linguagem. PI – Então, “A cantora careca” é mais do que uma comédia? LM – A cantora careca é uma comédia que não leva o público apenas ao riso, mas também à reflexão e à constatação do quanto o nosso comportamento social é absurdo. PI – Que outros projetos a Stultífera Navis desenvolve agora? LM – Estou participando, em Fortaleza, do Projeto de Integração de Atores do Nordeste – Piane, que é idealizado por Moncho Rodriguez, que é um diretor espanhol que faz uma pesquisa no Nordeste há quase 20 anos. Ele montou aqui no Estado a Opera do Milho, cujo projeto visa a reunião de atores e diretores de todo o Nordeste para pesquisa sobre a dramaturgia nordestina e, posteriormente, a montagem de espetáculos. A residência fixa do projeto é em Fortaleza, e dela a gente viaja por vários Estados fazendo pesquisas, além de um intensivo trabalho prático de experimentação. Também fui convidado pelo Instituto Dragão do Mar para fazer a orientação dos formandos da escola de direção do Instituto. No Centro funciona teatro e compreende escolas de teatro, música, dentre outros. É importante porque Sergipe foi convidado e está sendo representado. Visa descobrir a verdadeira dramaturgia nordestina, contribuindo para o teatro nacional. PI – De Sergipe, “A cantora careca” vai para onde? LM – “A Cantora Careca”, antes de estrear, foi convidada para participar de um festival de teatro em Recife que vai acontecer em janeiro e em fevereiro, somos os convidados de honra da 3ª Bienal da UNE, que vai acontecer também em Pernambuco – Recife e Olinda. Uma das características da Companhia é que os nossos espetáculos são sempre resultados dos nossos estudos em relação ao teatro e à nossa dramaturgia e, mesmo montando um clássico, existe a presença das nossas influências locais. Foi fundamental para esta montagem também a nossa parceria com a Studuim Danças, aonde Lu Spinelli vem acompanhando o trabalho de preparação corporal da Companhia. PI – O movimento do teatro sergipano está se tornando cada vez mais evidente. Qual o papel da Stultífera Navis neste contexto? AB – A Companhia de Teatro Stultifera Navis, em seus projetos, não visa apenas fazer peças teatrais, mas também a apresentação de um conteúdo para o social. Nós queremos que as pessoas analisem o conteúdo da informação e que eles pelo menos comentem alguma coisa. Queremos fomentar este pensamento, de um novo processo de trabalho, pois tudo o que a gente faz é em cima de estudos. Estamos acentuando os trabalhos no sentido de gerar uma fomentação de idéias. Mais informações pelos telefones (0xx79) 9133-5751 (Anderson), 9964-3950 (Bruna), 9993-6970 (Victor) e 9978-9752 (Maíra).

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