Mistura fina

O prefeito de Aracaju, Marcelo Déda (PT), já está trabalhando a ampliação de uma frente oposicionista ao governador João Alves Filho (PFL), visando as eleições municipais de 2004 e a sucessão estadual de 2006. As conversas estão em fase embrionária, mas tende a se aprofundarem com o decorrer dos três próximos meses, inclusive com a possibilidade da participação de todo o pessoal que esteve diretamente ligado ao ex-governador Albano Franco (PSDB) e, provavelmente, com a sua participação. Ontem, em restaurante de um hotel quatro estrelas da orla de Atalaia, o prefeito Marcelo Déda e o deputado estadual Fabiano Oliveira (PSB) lideraram um almoço em que estavam o vice-prefeito Edvaldo Nogueira (PCdoB), o ex-secretário da Educação Nilson Socorro, o ex-secretário geral Waldoilson e o ex-prefeito de Lagarto Jerônimo Reis. Foram discutir um projeto político amplo, no qual coubessem todos os segmentos partidários que integraram a coligação e que apoiaram José Eduardo Dutra (PT), no segundo turno da disputa pelo Governo do Estado. Discutiram, à exaustão, todos os prós e contras desse grupo político, e o prefeito Marcelo Déda achou ótima a idéia de juntar todos no mesmo barco. A partir de agora, vão começar a trabalhar para ampliar esse grupo oposicionista. Concluíram, por unanimidade, que as eleições de 2002 mostraram claramente essa necessidade, através do apoio oficioso do pessoal que não votava em João Alves Filho, cuja maioria saiu de segmentos que estavam ao lado do governador Albano Franco. O deputado estadual Fabiano Oliveira (PPS) vai liderar uma parte desse projeto, porque sendo o segundo candidato mais votado em Aracaju, acha que tem condições de fortalecer uma ala oposicionista que se una em torno de um objetivo. O ex-prefeito Jerônimo Reis (PTB), que estava pensando em deixar um pouco a política e viajar para analisar o que deveria fazer no futuro, também está disposto a arregaçar as mangas e trabalhar para a formação de um novo pensamento político no Estado. Durante o almoço, foi levantada a possibilidade de uma manifestação contrária de um grupo radical do Partido dos Trabalhadores. Mas um dos integrantes da mesa fez ver que na política de hoje não há mais espaço para sectarismos e que os objetivos finais só são alcançados com a convergência até mesmo dos opostos, quando se tornam adversários comuns de um agrupamento que está no Poder. O pessoal lembrou que o petista Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu chegar ao poder pela abertura que fez com lideranças políticas que combatia antes. Atingiu seu objetivo e hoje administra para um povo que acreditou nas suas propostas e mudanças, embora elas ainda estejam tímidas e semelhantes ao que era antes. Uma coisa se disse com muita clareza: o Partido dos Trabalhadores não elegeu Lula. Todas as vezes que tentou o candidato perdeu. Lula foi eleito por uma comoção popular e com a participação dos mesmos conservadores que deixaram o Governo por interesses contrariados e agora retornam a ele como se fosses os arautos do progressismo no país. O sapo teve que engolir os camaleões… O almoço de ontem não foi o primeiro que aconteceu entre políticos que apoiaram José Eduardo Dutra no segundo turno. Na semana passada, um bom grupo de prefeitos do interior, inclusive do PPS, se encontrou para procurar uma saída política e concluiu que o melhor seria ampliar os entendimentos para a formação de uma ala forte e coesa. Surtiu efeito. Ainda essa semana, possivelmente durante o roça-e-mexe do Pré-Caju, o PPS que não apóia o Governo vai reunir-se com Leonor Franco, para tomar uma posição política, que deve trilhar o caminho aberto hoje pelos membros do almoço que aconteceu em um restaurante da Atalaia. O deputado Fabiano Oliveira também vai estar nesse encontro e, se não houver condições de continuar no PPS, todos vão pegar o kit de outro bloco e ingressar em nova legenda. Entretanto, o objetivo maior é que o grupo continue no PPS, aproveitando o que está acontecendo com o deputado federal Roberto Freire, em Brasília, que não está satisfeito com o rumo do partido. O deputado federal Jackson Barreto foi convidado por Roberto Freire para ingressar no PPS, com os históricos o procurando para fortalecer a proposta. Se aceitar, contará com a ala dissidente e poderá integrar a legenda como seu presidente regional. O esquema está sendo montado visando 2004 e 2006, sem abandonar a hipótese da participação direta do ex-governador Albano Franco… Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br

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