LANÇAMENTO Cantora: FAFÁ DE BELÉM CD: “TANTO MAR” Gravadora: BMG NOVIDADES · Já nas lojas, via gravadora Biscoito Fino, o primeiro DVD de Joyce que traz a cantora ao lado da mesma banda que a acompanhou em shows realizados, ano passado, na Europa e no Japão: Tutty Moreno (bateria), Rodolfo Stroeter (baixo), Robertinho Silva (percussão), Nailor Proveta e Teco Cardoso (sopros). O vídeo, gravado no Teatro Franco Zampari, pertencente à TV Cultura de São Paulo, reflete a perfeita interação entre a artista e os músicos que a acompanham há anos. A maioria das canções faz parte da produção mais recente de Joyce, a exemplo da instrumental “For Hall” (uma homenagem ao guitarrista de jazz Jim Hall) e “Forças da Alma”, mas sucessos antigos também reaparecem com novos arranjos, como é o caso de “Feminina”, “Monsieur Binot” e “Clareana”. · Afastado (por decisão própria) do circuito da axé music, o cantor Netinho deverá lançar, ainda este mês, o seu primeiro CD no qual se volta para o universo pop. O trabalho, que sai pela EMI, leva a assinatura de Marcelo Sussekind na produção e vem com diversas faixas de autoria do próprio baiano assinadas com vários parceiros. A propósito: pela sua antiga gravadora, a Universal, depois de ter resolvido abandonar o repertório voltado para o agito dos trios elétricos, Netinho chegou a gravar um CD com regravações de sucessos da MPB, o qual nunca chegou a ser lançado comercialmente. · O compositor brega Odair José terá algumas de suas canções regravadas por nomes da atual cena pop em um CD que será lançado pela pequena gravadora Allegro Discos. Ainda em fase de pré-produção, já estão garantidas no disco as presenças das bandas Mombojó, Jumbo Elektro e Picassos Falsos, além dos cantores Tom Zé, Otto e Zeca Baleiro. A regravação da música “Vou Tirar Você Desse Lugar” (feita pela banda Los Hermanos para a trilha sonora do filme “Lisbela e o Prisioneiro”) também deverá fazer parte do projeto. · O paraibano Zé Ramalho registrou recentemente, sob a costumeira produção de Robertinho de Recife, show ao vivo, o qual irá resultar em CD e DVD. Do repertório constarão, dentre outras, “Táxi Lunar”, “Dança das Borboletas”, “Eternas Ondas”, “Vila do Sossego”, “Garoto de Aluguel”, “Sinônimos”, “Companheira de Alta Luz”, “Frevo Mulher” e “Meu Nome É Trupizupe”, esta última uma parceria com o poeta Bráulio Tavares. · O segundo CD de Seu Jorge, que até agora só havia sido editado na Europa, será lançado em breve no Brasil, provavelmente no mês de maio. Com o título de “Cru”, o disco é um grande sucesso no exterior e tem projetado o cantor como uma das grandes revelações brasileiras da atualidade. Embora assediado pela multinacional Sony-BMG, o cantor optou por negociar o seu trabalho com o selo ST2 (de médio porte) porque prefere ter controle total sobre a sua obra. CD RECOMENDADO A paraense Fafá de Belém despontou para o sucesso em 1975, quando gravou a canção “Filho da Bahia” (de Wálter Queiroz) e a viu incluída na trilha sonora da novela “Gabriela”, da Rede Globo. Depois disso, gravou alguns bons discos até que resolveu enveredar na seara da música romântica, sem nunca, contudo, ter deixado de incursionar em outros estilos, como forró, bolero e guarânia. Famosa pelas voluptuosas formas, pela charmosa gagueira e pela inconfundível gargalhada, Fafá sempre foi reconhecida também pela sua voz potente e pela forma exacerbada de interpretar as canções.
De volta, felizmente, ao planeta da música inteligente, Fafá está pondo nas lojas o seu novo CD, inteiramente voltado à obra de Chico Buarque. Diferentemente da maioria de seus trabalhos anteriores, não se trata este de um disco de arroubos. Não se espere, assim, a Fafá grandiloqüente de (quase) sempre. Muito pelo contrário: emolduradas em arranjos bastante simples (por vezes, simples até demais), alicerçados na trilogia piano-contrabaixo-bateria, as canções escolhidas são apresentadas pela cantora de forma surpreendentemente contida.
Fafá continua cantando bem, com o seu timbre firme e característico, mas o melhor de tudo é vê-la (ouvi-la) saindo de sua fase brega que terminou permeando boa parte de sua carreira. E a escolha do compositor homenageado não poderia ser melhor. Chico Buarque, considerado a única unanimidade viva do Brasil, é mesmo atemporal e sua obra tem que ser sempre revisitada para que as novas gerações não deixem de conhecê-la.
Falando no artista de olhos cor de ardósia, o próprio avalisa o disco, fazendo-se presente na faixa “Fado Tropical”, na qual declama versos com seu charme característico. “Teresinha”, grande sucesso do repertório de Maria Bethânia, surge aqui numa versão com letra em francês e a faixa-título “Tanto Mar” é apresentada nas suas duas versões (com a letra censurada e com a que Chico adaptou para driblar os fiscais da ditadura).
Já a canção “Sob Medida” foi desnecessariamente regravada porque a própria Fafá, além da gravação original, já a havia registrado em mais duas outras oportunidades. Em compensação, reunir “Angélica” e “Mulheres de Atenas” numa mesma faixa resultou numa feliz idéia pois acentuou a diferença e o antagonismo na construção de ambas: a primeira, suave melodia numa letra que ressalta a força da mulher; a segunda, melodia pulsante numa letra que narra a submissão feminina. Os melhores momentos do CD, todavia, ficam por conta de “Vida”, “Com Açúcar, Com Afeto”, “Bastidores” e “Desalento”.
Enfim, se não é este o melhor disco de Fafá, já que não se pode esquecer dos maravilhosos álbuns “Água” (de 1977) e “Estrela Radiante” (de 1979), certamente está entre os seus trabalhos mais coesos, o que, por si só, já o credencia a fazer parte de qualquer cedeteca que se preze… Ouça!
· O músico carioca Roberto Coelho declara todo o seu amor à Cidade Maravilhosa no seu CD de estréia cujo título é “Rio 58”, um lançamento da gravadora MCD. Em meio a programações e samplers e a letras que vêm ora em inglês, ora em português, a velha bossa nova predomina neste trabalho que conta com diversas participações especiais nos vocais das canções, como, por exemplo, as de Olívia, Bel Garcia, Vanessa Falabella e Graça Cunha, todas intérpretes emergentes do mercado independente nacional. O som pop e eletrônico se junta ao neo-retrô nas 12 faixas do disco que, se não chegam a empolgar, têm a virtude de guardar unidade entre si. Os destaques ficam por conta das canções “Never There”, “Moto Contínuo” e “I Don’t Like Samba” e com a potente e bela voz da cantora Dadá Cirynu que engrandece a faixa “Taste of Mambo”.
· E ainda ecoa pelo palco do Teatro Atheneu a voz impressionantemente perfeita da cantora Ithamara Koorax que ali se apresentou na semana passada. Com a platéia lotada, o show inesquecível fez os presentes se emocionarem às lágrimas e arrepios. De lamentar somente a ausência de grande maioria dos artistas da terra. Fazer o quê…?Patrocinado pela Embratel e com o apoio do Governo do Rio de Janeiro, a cantora Luciane Menezes está lançando o seu primeiro CD, o que faz ao lado do grupo Pau da Braúna. Como ela própria define, trata-se de um trabalho de música étnica, mas o que se constata é um delicioso disco de MPB. Conciso, baseado em timbres acústicos e com arranjos econômicos, nem por isso se torna monótono. O que se ouvem são belas canções emolduradas por arranjos bem elaborados. Luciane canta bem, é uma exímia instrumentista que executa com destreza o cavaquinho e soube se cercar de ótimos músicos, a maioria bastante jovens. O repertório reúne forrós, sambas, marchas-rancho, jongos, cirandas e afoxés, verdadeiros pilares da nossa cultura musical. Dentre os destaques se encontram “Um Bocadinho Só” (de Aniceto do Império), “Assentamento” (de Chico Buarque) e “O Encantamento” (de Ignez Perdigão). É uma ótima pedida para quem gosta de se reciclar e conhecer bons trabalhos do circuito alternativo!
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