A assembléia aconteceu na Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Sergipe (OAB/SE), em uma sessão especial a convite do presidente da entidade, Henri Clay Andrade. Há alguns dias, Luciano vinha tentando falar nas Casas Legislativas do Estado e do Município, respectivamente, sem sucesso. Apenas esta semana decidiu-se que ele poderia ir até a Câmara Municipal para explicar suas declarações acerca do ocorrido. No caso da Assembléia Legislativa (AL), o convite partiu da deputada Ana Lúcia e do deputado Belivaldo Chagas. A reunião seria feita extra-oficilmente, apenas com a bancada de oposição. De repente, o presidente da AL, Antônio Passos, irrompeu ao recinto suspendendo a conversa: “Acho que Antônio Passos foi pressionado de última hora em uma estratégia do Governo do Estado”, cogitou Ana Lúcia, que também estava presente à nova reunião. De acordo com Henri Clay, o convite surgiu com o objetivo de defender o princípio da liberdade de expressão que, segundo ele, foi violado a partir do momento em que o empresário foi impedido de mostrar sua versão dos fatos. E foi justamente a sua versão dos fatos, tão esperada, que ele falou. Desta vez, sem interrupções. “Esperamos que os erros detectados pelo governo e os motivos do cancelamento sejam repassados para a população, principalmente porque com uma economia de cerca de R$ 20 milhões, o povo tem direito de saber o que estava errado. Além disso, a questão não é apenas essa: se temos duas empresas que fazem a mesma obra, pela mesma qualidade, por que contratar a mais cara?”. Foi isso o que Barreto explicou. “A equipe da Celi é especializada em garimpar concorrências no Brasil inteiro. Como ela não conseguiu detectar uma em Sergipe, cuja parte da obra, inclusive, seria construída em um terreno da Celi que não foi comprado? Nesse momento, questionei a competência da minha equipe e começamos a investigar o caso”, disse Luciano. A partir daí, começou-se uma verdadeira expedição em busca de documentos e prazos e as informações descobertas deixaram o empresário pasmo. Se todas as informações levantadas pelo dono da Celi forem verdadeiras, o Governo do Estado estaria agindo de má-fé com as empresas sergipanas. O problema começou a partir da própria abertura do edital. A modalidade estabelecida de contrato foi a de carta-convite, que determina que as empresas seriam convidadas, devendo para isso enviar suas propostas e documentos para participarem da seleção. “O regulamento previa que o chamado seria publicado apenas uma vez, três dias úteis antes da data prevista para o recebimento dos envelopes com a documentação”, esclareceu o empresário. O problema, para Luciano, é que três dias é um prazo muito curto para qualquer empresa apresentar uma proposta para obras desse porte. Mas o problema não pára por aí, diz Luciano: “Por coincidência, claro, o único jornal em que seria divulgada a convocação não circulou na data prevista, apenas no dia em o que as empresas deveriam apresentar a proposta”. Mais: Barreto disse que a convocação seria publicada em uma sexta-feira e as empresas só tomariam conhecimento da seleção na segunda-feira, já que o Diário Oficial só chegaria às sedes dos estabelecimentos quando o expediente estivesse no final. “Bom, o Diário não circulou no prazo determinado. Eu também nunca vi nenhuma empresa dessas que participaram aqui em Sergipe. Mais, em 40 anos de trabalho, nunca vi empresa sair ligando para concorrente avisando que vai haver uma licitação e se por acaso tivessem feito isso, poderiam ser condenadas por crime de formação de cartel”, questionou Luciano Barreto. Fora esses pontos, o empresário ainda levantou vários outros, como a caracterização do Sergipe Tec como Organização Social (OS). Segundo ele, o órgão não atende a todos os requisitos exigidos por lei para ser caracterizado como tal, e mesmo que se enquadrasse, o empresário questiona a real necessidade de uma OS licitar. Barreto ainda falou sobre a questão da licitação da ponte Aracaju-Barra dos Coqueiros, cujo edital foi modificado após muitas “brigas de empreiteiros”, explicou. “Fico pasmo quando atribuem um fato dessa importância a uma mera briga de empreiteiros, como andaram dizendo por aí. Se todas as vezes que isso acontecesse tivéssemos uma briga entre os empreiteiros, talvez não tivéssemos tantas obras inconclusas. Em Sergipe, 95% em valor de obras públicas foram efetuadas por empresas de fora”, lamentou Luciano Barreto. Quem também lamentou foi a deputada Ana Lúcia, que se sentiu privada de seus direitos como cidadã e parlamentar. “Infelizmente, eu como deputada fui cerceada do direito de ouvir o Luciano no parlamento. Hoje, eu venho para uma casa Civil para fazer isso”, disse. Segundo Ana Lúcia, toda essa situação foi causada porque de alguma forma, Antônio Passos foi coagido a impedir que o empresário falasse sobre o assunto.“Qual grande obra em Sergipe foi feita por uma empresa local?”. Luciano Barreto, diretor-presidente da Construtora Celi, levantou este e outros questionamentos hoje, dia 15. Ele falou, em uma esperada reunião, sobre o contrato do Governo do Estado com a construtora pernambucana Queiroz Galvão, no valor de R$ 55 milhões, para as obras do Sergipe Parque Tecnológico.
APEQUENAR – “Não vou apequenar o debate nem vim aqui para rebater provocações”, iniciou Luciano Barreto. Segundo o empresário, sua expectativa era a de encerrar o assunto no momento em que o governador João Alves Filho mandou cancelar o contrato. Para a deputada Ana Lúcia, há mais coisas no motivo do cancelamento do que o Governo do Estado comenta: Deputada Ana Lúcia
APONTAMENTOS – A primeira possível irregularidade apontada por Luciano é a questão do regulamento de contratação do Sergipe Tec. Um dos itens, diz que a seleção de empresas para a construção das obras deveria ser feita baseada nos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. “Só que nenhum desses princípios foi seguido, já que o de publicidade não foi cumprido, anulando os outros”, disse. Luciano Barreto
Luciano citou uma fala que o diretor do Sergipe Tec teria dito sobre o caso. Segundo o diretor, o Sergipe Tec não convidou ninguém para participar da licitação e as empresas que tomaram conhecimento da seleção o fizeram de duas formas, ou elas leram o Diário Oficial ou visitaram a sede do Parque Tecnológico e leram o regulamento que estava afixado no mural. Ainda de acordo com Barreto, foi explicado que as empresas que tomaram conhecimento do fato teriam ligado umas para as outras avisando sobre a seleção. Henri Clay
Comentários