“Musicalidade”, por Rubens Lisboa

L A N Ç A M E N T O

 

Cantor: VANDER LEE

CD: “NAQUELE VERBO AGORA”

Gravadora: INDIE RECORDS

 

Depois do bem sucedido CD gravado ao vivo e lançado em 2003, o qual ajudou a consolidar seu nome entre os mais inspirados compositores da atualidade, o mineiro Vander Lee lança o seu mais novo trabalho, um verdadeiro painel de idéias e que comprova o que já foi dito sobre o talento do moço: “O compositor tem o raro dom de fazer músicas boas, inteligentes e radiofônicas ao mesmo tempo. Coisa de mestre”.

 

Embora já não venha sob a égide da novidade como quando surgiu no meio fonográfico em 1999 (dois anos antes havia lançado o seu primeiro disco, de maneira independente, ainda assinando Vanderly, seu nome de batismo), quando pôs no mercado um magnífico CD, o qual continha preciosidades como “Quem Me Dirá?”, “Românticos”, “Neném” e “Fogo”, Vander Lee sabe manter acesa a chama da criatividade, qualidade necessária a todo bom compositor.

 

O novo trabalho vem revestido de uma maior tranqüilidade e, portanto, sem grandes arroubos. Nem por isso, todavia, deixa de ser um álbum acima da média se comparado aos lançamentos dos dias atuais, credenciando-o já para ser incluído na lista dos melhores discos de 2005.

 

Vander vem tendo seu trabalho autoral requisitado por grandes intérpretes da MPB. Gal Costa, Rita Ribeiro, Eliana Printes, Leila Pinheiro, Emilinha Borba, Milena Monteiro, Regina Spósito e Alcione são algumas das que já gravaram músicas do artista em seus discos e Elza Soares intitula-se como sua madrinha musical, tendo chegado a gravar com ele, no trabalho anterior, a divertida “Subindo a Ladeira”. Canções suas como: “Esperando Aviões”, “Contra o Tempo” e “Onde Deus Possa Me Ouvir” já se tornaram sucessos nacionais. O reconhecimento pelo grande público é, portanto, somente questão de tempo, perseverança e sorte.

 

No disco novo, somente em duas das doze faixas ele se abre a parcerias (a boa e suingada “Tavimatutu”, com Cláudia Benítez, e “Atriz”, com Cláudio Campos, a única não inédita). A irmã (também compositora) Ivânia Catarina faz uma participação especial na bonita “Não Tenho Pressa”. Entre melodias delicadas (“Meu Jardim” e “Tanto Tanto”), flertes com o pop (“Bom Dia”  e “Teu Rastro”) e sambinhas deliciosos (“Lenço e Lençol” e “Ao Meio”), Vander, que também é um letrista de sacadas bastante inteligentes, vai conduzindo o seu bem-vindo CD que chega ao ápice com as belíssimas “Breu”, “A Voz” e “Iluminado”, sem dúvida as melhores faixas do disco.

 

Para quem ainda não o conhece e gosta de música de qualidade, surge aí uma excelente oportunidade com tal lançamento. Até porque, para não perder o trem da história, a gente tem que saber pongá-lo na hora certa…

 

N O V I D A D E S

 

·                     O segundo CD do compositor e cantor Carlos Zimbher já está nas lojas e faz parte do Projeto CD 7 da gravadora Elo Music que consiste em lançar discos com apenas sete faixas. O trabalho (que leva, na produção, a assinatura do tecladista e baixista Alfredo Bello) se intitula “Coração Contemporâneo”, mesmo nome da faixa que abre o CD, uma espécie de guarânia com um pé na melodia brega, mas que evoca, pela pulsação, elementos roqueiros. A letra (super atual) fala dos dilemas do homem dos tempos modernos. Um dos melhores momentos do álbum fica por conta de “Idílica”, um reggae suave com letra romanticamente anárquica. Aliás, a anarquia inteligente é uma das características do artista, bem como o convincente jogo de palavras, conforme se pode constatar em músicas como “Seda”, “Conversa Fiada” e “Carmen Miranda”. Há parceria com Paulo Lepetit e Vange Milliet em “Leva-e-traz”, cuja construção melódica remete ao grupo Secos & Molhados. Já a boa canção “Essa Mulher” termina lembrando muito o trabalho do sergipano Henrique Teles (inclusive, a voz de Zimbher, especialmente nesta faixa, soa por demais parecida com a de Henrique). Trata-se de um daqueles CDs de reconhecida qualidade, mas que necessita ser ouvido com atenção e por várias vezes para que possa ser percebido como tal.

·                     O pernambucano Otto vai lançar, em breve, o seu primeiro DVD que sairá pela série “MTV Apresenta”. Do repertório constam alguns de seus sucessos, como as canções “TV a Cabo”, “Cuba”, “Bob”, “Dias de Janeiro” e “Condom Black”.

·                     Enquanto Daniela Mercury renegocia seu contrato com a Sony-BMG, Marcos Valle já está gravando um novo CD, todo instrumental, para o selo Dubas.

·                     A gravadora Deckdisc põe nas lojas “Músicas para Violão e Guitarra”, o primeiro CD da banda “Som da Rua”. Formada por cinco jovens rapazes, o som, que é calcado no rock, traz poucas novidades: embora o vocalista Liô Mariz cante bem (chegando a lembrar, por vezes, a voz encorpada e grave de Frejat), as letras são repletas de lugares comuns e as músicas recebem tratamento quase que igualitário em seus arranjos, o que infelizmente termina por tornar o trabalho rançoso e sem destaques.

·                     Também pela Deckdisc já está nas lojas uma excelente coletânea de sambas e choros intitulada “Estação Lapa”. Trata-se de uma compilação de qualidade ímpar, mostrando um painel do que de melhor há, atualmente, com relação a esses gêneros musicais. A obra-prima “Coração Imprudente”, de Paulinho da Viola e Capinan, vem brilhantemente defendida pela competente Teresa Cristina, assim como a premonitória “Juízo Final”, pérola antológica de Nelson Cavaquinho, que ganha novas tintas no vozeirão da sempre ótima Dona Ivone Lara. Já Wilson Moreira nos presenteia com uma versão de “O Mar Serenou” (de Candeia) mais puxada para o samba-de-roda que a conhecida gravação original de Clara Nunes. Dois outros prazerosos momentos são os do pot-pourri reunindo canções de Bide e Marçal, no qual se destaca a cantora Nilze Carvalho com sua melodiosa voz, e “Minha Cabrocha” (de Lamartine Babo), com Alfredo Del Penho, Pedro Miranda e Pedro Paulo Malta. Imperdível!

·                     E a apresentação dos sergipanos Júlio Vasconcelos e Pedrinho Mendonça em Sampa, há quinze dias atrás, foi um sucesso enorme! Os dois se apresentaram no Festival Nacional de Harmônica (que vem a ser a conhecida gaita), organizado pelo renomado músico Flávio Guimarães. O evento se desenvolveu durante três dias no Sesc Pompéia – SP, um complexo cultural com diversos palcos, nos quais vários shows acontecem ao mesmo tempo. Os nossos garotos, que tocaram na Choperia, um local que, no tamanho, se assemelha ao do Tequila Café, ficaram impressionados com a organização e com a presença maciça do público, tanto que o aludido Festival, atualmente, em termos de quantidade de pessoas presentes e de número de participantes, só perde para o Festival Hohner da Alemanha e para os Encontros de Harmônica do S.P.A.H. (Society for the Preservation and Advancement of the Harmonica) realizados nos Estados Unidos. Tocando no segundo dia, Júlio e Pedrinho foram os artistas que antecederam à atração principal da noite e se destacaram dos demais porque, enquanto todos se apresentaram com banda completa (guitarra, baixo, bateria, etc.), eles resolveram criar impacto optando pela presença apenas da gaita, ora dialogando com o pife, ora se conectando com a zabumba ou com o pandeiro. Há que se frisar que Júlio Vasconcelos foi o primeiro gaitista nordestino a ser convidado para tocar no evento, o que valida muito mais sua participação. Dentre outras músicas, os dois tocaram “Brasa Queimando”, um baião de autoria de Pedrinho, e “Pedacinhos do Céu”, conhecidíssimo choro de Waldir Azevedo, o que fez com o público presente os aplaudisse de pé. Em tempo: os dois artistas estão, juntamente com o violonista Guga Montalvão, desenvolvendo um projeto de música instrumental denominado “Café Pequeno”. Com duas músicas já gravadas (o CD demo começou a ser distribuído em Aracaju, de maneira independente, entre os aficcionados por música), o trio planeja lançar comercialmente um trabalho completo até o final deste ano. É a música sergipana de qualidade despontando – ainda bem! E vamos em frente que atrás vem muita gente…

·                     Sábado que vem, dia 07, às 20h30 horas, vamos prestigiar a música sergipana “in loco”, indo até o Teatro Atheneu para assistir e participar do Sescanção – 2005. A entrada é gratuita e a gente vai se ver por lá, não é mesmo?

 

Rubens Lisboa é cantor e compositor
Quaisquer críticas e/ou sugestões serão bem-vindas e poderão ser enviadas para o e-mail: rubens@infonet.com.br.

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