“O tempo fala contra o hospital”. Sem data definida, sem equipe e sem perspectiva de quando pode voltar a atender às crianças que precisem utilizar o serviço de urgência do Hospital São Lucas, a entidade convocou a imprensa na tarde hoje para dar mais definições sobre a volta do setor de atendimento pediátrico em casos que necessitem de assistência imediata. O médico Paulo Barreto, superintendente do São Lucas, foi o autor da frase que abre a matéria. Paulo: com estrutura, mas sem funcionários
Na última sexta-feira, o Ministério Público de Sergipe (MP/SE) citou o Hospital e determinou que o setor de atendimento pediátrico fosse reaberto de imediato. Desde o mês de maio, dia 18, os profissionais que trabalhavam atendendo na unidade, no Serviço de Urgência, suspenderam os atendimentos após a rescisão do contrato entre o Hospital e a Cooperativa dos Médicos Pediatras (Cooped), que prestava o serviço.
“O atendimento do São Lucas sempre foi feito por especialistas de cada área, porém, o índice de pacientes com problemas mais graves que a maioria das crianças que chegavam aqui sempre foi muito maior. A questão é que não podemos dizer aos pais que o problema dos filhos deles é menos grave que o de outros adultos, que, muitas vezes, chegam ao Hospital com vários traumatismos”, exemplificou Paulo.
Por conta disso, o São Lucas tomou a drástica decisão de encerrar os atendimentos às crianças e se dedicar apenas a casos considerados de mais prioridade. Depois disso, o Hospital modificou toda a estrutura de trabalho da urgência, substituindo equipamentos e profissionais. A determinação do MP/SE veio como um soco no estômago do centro médico: “Em 36 anos de existência, o foco de atendimento do Hospital não é a pediatria. A decisão de fechá-la foi para não sacrificar a qualidade de atendimento”, desabafou Barreto.
Porém, para poupar a qualidade do próprio Hospital, o Ministério Público entendeu que outras entidades médicas estavam sendo prejudicadas. Em informe enviado à imprensa, o MP/SE diz que o encerramento do serviço causou sobrecarga a outros hospitais e comprometeu o atendimento em todos eles. Além disso, o porte do Hospital São Lucas seria mais um motivo para que a empresa não fechasse a pediatria de forma tão brusca.
O juiz de Direito da 7ª Vara Civil da Comarca de Aracaju, Pablo Moreno, acatou a Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério Público pela suspensão do serviço de atendimento pediátrico de urgência. A Ação partiu das promotoras Cláudia do Amaral Calmon e Cláudia Daniela de Freitas Silveira Franco. Agora, o Hospital deverá disponibilizar o serviço sob pena de incidência de multa diária de R$ 6 mil.
“E o que o Hospital pretende fazer?”, perguntou uma repórter durante a coletiva. A resposta foi corporal: com os ombros encolhidos e suspensos, e uma interrogação no olhar, Paulo limitou-se a emendar: “Voltar a atender o mais rápido possível…”. “Eu volto a insistir, em quanto tempo o Hospital pode voltar a atender?”, questionou novamente a repórter. “Não temos uma resposta de quantos dias, mas se você quer algo para publicar, a única coisa que eu posso dizer é o tempo fala contra o Hospital”, explicou o superintendente.
A outra informação é de que a pediatria precisaria de pelo menos 14 profissionais da área para poder voltar a funcionar normalmente, e é aí onde reside o problema: apesar da estrutura já está pronta para receber os pequenos pacientes, faltam os médicos.
Por Wilame Amorim Lima
Da Redação do Portal InfoNet