Carta do Leitor

Segue abaixo comentário de um internauta sobre a matéria Por que o cimento é mais caro aqui do que em São Paulo?” que foi ao ar no último dia 2, publicada pelo jornalista Ivan Valença. 

“Sou engenheiro civil, economista e professor e mesmo concordando que o cimento  não está nada barato, preciso lhes informar alguns dados para que suas próximas matérias, tenham mais dados e maior consistência:

– O peso do cimento na cesta básica da construção, segundo o próprio SINDUSCON, varia de 3,6 a 7%, dependendo do padrão de acabamento da obra;

– Cimento é uma comodities (sem grandes diferenças entre as marcas) e a tendência das comodities é trabalharem com preços muito similares. Veja o exemplo da gasolina, os preços quase não variam não é mesmo?

– Cimento é um produto de demanda quase inelástica, ou seja, mesmo que o preço baixe a metade, não haveria um aumento significativo no consumo do mesmo (não se constrói apenas com cimento, precisa-se de outros 93 a 96% de outros itens com os mais variados custos);

– Para vc ter uma idéia, em São Paulo os preços caíram quase 50% (guerra de preços) e o consumo só aumentou o mesmo percentual de crescimento do Brasil, do norte, ou do nordeste, ou seja, menos que 7% (não cresceu nada em função da queda de preços);

– O aço, em função da enorme procura pelo mercado asiático, subiu em 2004 mais de 70% e em 2005 continuou a subir e mesmo assim não diminuiu o consumo interno;

– A idéia de que cimento é vital para qualquer obra, surge do fato de ele ser utilizado do começo até o fim de uma obra. Na verdade, imaginando uma obra de R$-100.000,00 (classe média) o cimento representaria algo em torno de R$-4.000,00. Já numa obra popular, que custaria algo em torno de R$-10.000,00, gastar-se-ia com cimento algo em torno R$-700,00.

O mercado cimenteiro nacional conta hoje com 10 grandes grupos e 58 fábricas instaladas no país. Em 1990 existiam mais de 15 grupos e 100% nacionais e o que estar acontecendo é um processo de centralização e de internacionalização do setor. Hoje, são apenas 10 Grupos e destes, 5 já são multinacionais.

Infelizmente, como em outros setores, a globalização e  a internacionalização do setor já é uma dura realidade e, ciclicamente, pelo menos de dois em dois anos, os gigantes mundiais do cimento com objetivo de comprarem as empresas menores, operam em dumping por algum tempo, até que alguns dos poucos fabricantes nacionais/locais, sem fôlego, coloquem-se à venda. Tomara Deus que tenhamos sabedoria suficiente para não chegarmos a um dia em que só haverá uma rede de supermercado, provavelmente a Wal Mart, ou Carrefour, ou qualquer outra potencia mundial.

Da mesma forma no mercado cimenteiro, com a entrada das gigantes mundiais, baixando artificialmente seus preços até a quebra dos produtores locais, que com juros altos, custo do capital altíssimo, impostos absurdos, etc…venderão suas fábricas e nós, consumidores imediatistas, morreremos nas mãos dos 03 a 05 maiores do mundo (por enquanto, até que exista apenas um fabricante) e não mais possamos reclamar com ninguém!!

M.Epade

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