“Nós não saímos porque senão iríamos apanhar”, diz Henri Clay

Henri Clay
Parecia que tudo terminaria bem, mas a falta de quórum e, conseqüentemente, a não divulgação dos votos nominais causou na última sexta-feira, 7, uma confusão na porta da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Sergipe (OAB/SE), durante as eleições para escolha dos advogados que irão compor a lista sêxtupla para o cargo de desembargador. Com frases de protestos e ofensas às honras de diretores da OAB, cerca de 30 pessoas, segundo o presidente da OAB/SE, Henri Clay Andrade, tentaram invadir a sede da Ordem para pressionar a presidência a revelar os votos.

Acuados, o presidente nacional da OAB, Cezar Britto, e Henri Clay, permaneceram cerca de três horas dentro da sede, na espera dos ânimos se acalmarem. Inconformado com a situação, Henri Clay resolveu expor seu ponto de vista sobre a celeuma da sexta-feira e o futuro da escolha dos nomes para lista sêxtupla.

Portal Infonet – O que efetivamente ocorreu na eleição para desembargador na última sexta-feira?
Henri Clay – Antes eu queria fazer um adendo sobre esse processo para escolha do novo desembargador. Além do notório saber jurídico e da reputação ilibada, é fundamental que haja legitimidade, representatividade. Não teria sentido ter eleição direta para ter 200, 300 votantes e o sexto colocado ter 40 votos e ser o desembargador. Dessa forma, não teria sentido eleição direta. Então, estabeleceu-se um quórum mínimo de validade da eleição, ou seja, metade mais um dos votos dos advogados aptos a votar. Um total de 1.184 votantes. Abriu-se as urnas contou-se a participação dos advogados e não teve quórum. A eleição não tem validade. Então não apuramos os votos nominais, porque não tinha nenhuma validade.

Infonet – E por que não contar os votos?
HC – Para garantir e preservar o equilíbrio da disputa. A igualdade de condições para as próximas eleições diretas.

Infonet – Mas divulgando o resultado influenciaria na próxima eleição?
HC – Claro que iria influenciar. Até porque alguns candidatos poderiam ter poucos votos e desistir da disputa. Também iria prejudicar o próprio quórum. Se com 16 candidatos não conseguiu quórum, imagine com muita gente desanimado e em condições de desigualdades. Esses votos nominais não têm efeito jurídico nenhum. Vai haver outra eleição direta.

“Nós não saímos porque senão iríamos apanhar”
Infonet – Então o que foi que ocorreu na sexta-feira?
HC – O que me deixou muito decepcionado e triste foi com a reação desproporcional, o ato de selvageria dos apoiadores da candidatura de Edson Ulisses. Cerca de 30 pessoas – uns dez advogados e uns 20 que não são advogados, que estavam infiltrados na eleição da Ordem, não sei com qual interesse –chutando a porta da OAB, ameaçando quebrar a OAB. Achincalhando o presidente nacional, Cezar Britto, e sua família. Uma família Britto honrada que tem outro expoente, como o ministro Carlos Britto… foram palavras impublicáveis contra a família Britto, xingando a mãe de Cezar Britto, me chamando de picareta, tentando quebrar o patrimônio. O mais grave de tudo isso, tentando denegrir a história da OAB, de referência, credibilidade e respeito de toda a sociedade sergipana.

Infonet – Qual o argumento para toda essa ação?
HC – Tudo isso porque não foram apurados os votos nominais. Os votos que não têm nenhuma validade, nenhum efeito jurídico. As eleições foram tranqüilas, democráticas, limpas, transparentes, simplesmente porque não quisemos publicar os votos, se criou esse ambiente de selvageria. Eu e o presidente nacional da OAB ficamos confinados até às 9h da noite, foram três horas. Nós não saímos porque senão iríamos apanhar. Nós não saímos por covardia, não. Não saímos para evitar um maior escândalo. Já pensou o presidente nacional sendo agredido? O presidente da OAB de Sergipe sendo linchado por 30 pessoas insanas? Enquanto isso, Edson Ulisses e Aída Campos estavam no gabinete da presidência [da OAB] fazendo um recurso contra nossa decisão e os apoiadores deles tentando quebrar a Ordem.

Infonet – Isso tem a ver com alguma declaração sua, algum posicionamento do senhor em relação às eleições?
HC – Todo esse pleito fui isento. Não pedi voto para ninguém, não fiz nenhuma declaração para favorecer ou prejudicar alguma candidatura.

Henri Clay mostra documentação de defesa contra a impugnação da candidatura de Edson Ulisses
Infonet – A partir de agora o senhor muda?
HC – O próximo passo é convocar o conselho para decidir uma nova data. O desembargador da OAB será o mais votado, seja ele quem for. Quem deve dizer quem será o desembargador são os advogados, nós delegamos esse poder para os colegas advogados… Durante todo pleito nós poderíamos ter indeferido candidaturas administrativamente, por insuficiência de documentos. Sete candidatos, dentre eles, Edson Ulisses e Aída Campos, pediram registro de candidatura com documentos insuficientes. Nós demos prazo de cinco dias para eles completarem os documentos, para não impugnarem as candidaturas deles. Tiveram mais impugnações, indeferimos as impugnações de Mendonça Prado [deputado federal] e do vereador Nitinho. Teve ação judicial do Ministério Público [Federal] e do próprio Mendonça Prado e a OAB está defendendo o direito do doutor Edson Ulisses se candidatar. Por que fizemos isso? Porque nós achamos que quem tem que decidir quem vai fazer parte da lista são os advogados. Não é o Ministério Público nem ninguém.

Infonet – O primeiro colocado será o candidato da OAB?
HC – A medida em que nós abrimos mão, nós temos que dar valor, respaldar a legitimidade das urnas. Continuaremos pleiteando que o Tribunal de Justiça e o governador do Estado declinem da prerrogativa e respeitem a vontade das urnas, claro que eles não têm obrigatoriedade de fazer isso, tanto o Tribunal de Justiça quanto o governador tem prerrogativa constitucional de escolher quem quiser.

Infonet – A que o senhor atribui a falta de quórum?
HC – Falta de divulgação não foi, nem de mobilização. Os 16 candidatos estavam mobilizando a classe, pedindo voto. Ora, nós temos que considerar a manifestação democrática da grande maioria dos advogados. Cerca de 75% dos advogados inscritos na Ordem não quiseram participar, não se interessaram pelo pleito. Há algum motivo forte para isso, que precisa ser analisado.

Por Paulo Rolemberg

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