Na manhã deste sábado, 15, a equipe de jornalismo do Portal Infonet foi aos municípios de Tomar do Geru, Cristinapólis e Rio Real (este último na Bahia), ouvir conhecidos, autoridades, vítimas e familiares de vítimas sobre o terror que o menor e seus comparsas espalharam na região. Além dos três municípios, o grupo ainda atuou nas cidades de Itabaianinha e recentemente em Itaporanga D’ajuda. O início Nascido em Tomar do Geru, Pipita cresceu na zona rural da cidade e já demonstrava certo comportamento agressivo. “Lá Pouco se sabe da vida familiar do rapaz de 17 anos. Autoridades e populares não sabem informar do paradeiro de sua mãe, apenas existem informações acerca de seu pai. “O pai dele está preso em Aracaju, acusado de homicídio”, disse doutor Santana, delegado de Rio Real (BA). Pipita não começou a agir sozinho. A convivência familiar nula foi suprida pelo companheirismo de rapazes com apelidos um tanto exóticos, como Araken e Gago. Um outro, conhecido como Cinho Boy, é alvo de indignação de alguns cidadãos. “Não tinha necessidade nenhuma do Cinho estar nessa vida. Ele ganha uma pensão gorda do pai, que passa de R$ 3 mil”, especulou um cidadão geruense que preferiu não se identificar. Cinho Boy está preso na delegacia de Cristinapólis, e nenhuma informação a respeito dele foi confirmada ou desmentida pelos funcionários do local. “Eu sou o Pipita” A mulher A.L.S. é mãe de uma das duas meninas seqüestradas e estupradas pelo Pipita em um povoado rural de Rio Real (BA). Ela relata que o bando composto pelo líder, dois homens e uma mulher, invadiu outra residência na mesma noite em que levaram sua filha de 17 anos, e que nos dois casos ele fez questão de se identificar. “Na primeira casa eles chegaram com grosseria, dizendo até que eram da policia, roubaram umas coisas e inclusive se identificou, levando a filha do dono da casa. Então vieram pra minha casa, entraram, anunciaram o assalto, levaram dinheiro, compras de mercado, celular e no final virou pra minha filha e disse que ela ia com ele. Na porta ele atirou em um moto táxi e no final ouvi ele falar: ‘Eu sou Pipita’”, descreve. A outra garota seqüestrada está em Aracaju, onde faz tratamento devido ao trauma que passou. Ainda em Rio Real, o bando de Pipita é acusado de outros roubos e destruições de casas, todas na zona rural da cidade. Eles ainda agiriam em Itabaianinha. Em Itaporanga D’ajuda, o caso foi semelhante. Ele é acusado de ter seqüestrado três adolescentes (duas ainda não resgatadas), matar um jovem de 16 anos, balear uma mulher de 38 e ameaçar um radialista. Em uma destas invasões, ele também se apresentou por seu apelido. Ameaças e informantes De acordo com o doutor Osvaldo Rezende, delegado de Estância que está nas investigações do caso, a maioria das acusações que pesam sobre Pipita são de roubo. “Parece que por essa região foram seis estupros. As entidades policiais estão em alerta para o caso”, disse. Ela ainda revelou que está encurralada, pois mora rodeada por informantes do bando, e diz já ter recebido algumas ameaças. Desesperada, falou que não sabe o que fazer. “Parece que estamos todos nas mãos daquela criatura. O que será de nós, meu Deus?”, concluiu. Os conterrâneos do menor de idade já atribuíram outros apelidos a Pipita. Na feira da cidade, alguns o chamavam de ‘Lobo’, por só agir a noite, outros de ‘o novo Lampião’, por viver no mato e seus atos de tortura serem semelhantes ao cangaceiro nordestino, ícone dos anos 40. A busca Desde a madrugada de sexta, 14, Pipita e um comparsa estão foragidos com duas meninas seqüestradas em Itaporanga D’ajuda, uma de 13 e outra de 15 anos. Autoridades da segurança pública de Sergipe, políticos e mais de 50 policiais estão empenhados em capturar Pipita e pôr um ponto final nesta história através da sua detenção. Por Glauco Vinícius e Raquel Almeida
Nos últimos três meses um rapaz de 17 anos vem chamando a atenção da população sergipana e imprensa policial do Estado. Ele é líder de um bando, invadiu casas, as saqueou, matou pessoas sem motivo aparente e levou consigo garotas as quais abusaria sexualmente. Qualquer semelhança com um cangaceiro do sertão é mera coincidência, pois estes são fatos da história de C.S.R., o Pipita, menor de idade que está aterrorizando o interior sergipano. A foto de Pipita está exposta na maioria das delegacias do Estado. (A tarja preta foi colocada em sua foto por ele ser menor de idade)
na estrada do povoado que eu moro, ele era miudinho e já chamava os meninos pra briga”, afirma Gicelma de Jesus, conterrânea do menor que ressalta que o garoto sempre gostou de andar em bando. Gicelma diz ainda estar com medo
A menor também conversou com a equipe do Portal Infonet. Ela falou que passou três dias refém dele, em matagais os quais ela não tinha noção de onde ficavam. “Não, não era em casa. Era em mato mesmo. Certas coisas ele não conversava em nossa frente (dela e da outra garota seqüestrada). Com a gente ele conversava normal, contava piada…”, disse. A.L.S.: “Penso até em sair daqui”
Z.A. fala de sua revolta ao Portal Infonet
Em uma barraquinha de petiscos na feira de Tomar do Geru, estava dona Z.A., mãe de uma das primeiras vitimas fatais de Pipita, no início de dezembro de 2007. “Ele sentou no bar que minha filha trabalhava, sentou, pediu uma dose de conhaque. Parece que ele queria pegar mesmo o cara que estava com ela, mas ninguém sabe a razão. No final, ele pediu uma cerveja, tirou a arma e atirou na minha filha, no meu neto e em outro rapaz. Meu neto está em casa agora, na cama, por causa do tiro no pescoço que levou”, lamentou.
Fotos: Portal Infonet
(A utilização de fotos e informações das matérias do Portal Infonet devem respeitar a Lei dos Direitos Autorais. Portanto, deve-se solicitar a sua utilização e informar a fonte e dando o devido crédito).
Comentários