A um clique da rede mundial de informações, o número de internautas cresce da mesma forma que o número de delitos nesse mesmo sistema. Pelos dados de uma pesquisa global da consultora Score Networks, em 2007, só no Brasil 15 milhões de pessoas tinham acesso à Internet, o que representa 8% da população. Existem arquivos que são infiltrados nos computadores através de e-mails, possibilitando que alguns tenham acesso a dados do usuário
À medida que crescem esses números, os delitos cometidos na web são uma das maiores preocupações para usuários e também delegacias especializadas em desvendar os infratores dessa ação. Em Sergipe, não existe uma polícia voltada para tratar dos crimes que ocorrem exclusivamente pela Internet, mas já é cogitada a possibilidade de se criar uma.
O delegado titular da Delegacia Especializada em Defraudações e Falsificações, Joel Santos Ferreira, destaca: “os números de crimes cibernéticos têm tido um aumento considerável com o avanço das tecnologias. Por isso, já foi cogitada a criação de uma delegacia com possibilidade de tratar especificamente deles. A delegacia Especial não trabalha com questões pontuais de crime pela internet, mas há alguns casos de estelionato abarcando esse meio de comunicação. É o caso de fraudes na venda de veículos automotivos, rastreamento de dados para fins maldosos e outros. Isso é crime contra o patrimônio. E mesmo assim não é nada significativo aqui no Estado”, diz.
Delegacia Especial de Defraudações e Falsificações de Sergipe – Acadepol
Joel Ferreira explica que quando se trata de crimes pela internet, a procedência dele é averiguada pela delegacia de origem do delito. “Ou seja, se a pessoa é lesada em Sergipe, mas o estelionato foi originário do Maranhão ou Rio de janeiro, é a polícia desses locais que atuarão na investigação. Nesse caso, Sergipe só daria suporte com informações adicionais”.
O usuário deve estar atento para não sair lesado
O coordenador de Tecnologia da Informação de uma empresa local, Dawitt Ralph, diz que a segurança em rede não é 100% segura. “Existem alguns mecanismos que o usuário pode se prevenir, mas basta estar conectado com a rede, você está propício a ser uma vítima de um golpista”, explica o especialista. .
Senhas de banco, informações confidenciais e acesso de compras on-line sem certificação podem ser facilmente capturados com ‘softwares’ que resultam certamente em perda de patrimônio para esse consumidor, destaca Ralph. O coordenador de tecnologia aconselha ao usuário que não tem domínio de identificar esses arquivos que não abram arquivos de extensão .cmd ou .exe, que são os que normalmente “invadem” o sistema para conseguir algo.
Coordenador de Tecnologia de Informações, Dawitt Ralph, aconselha o usuário, sem domínio, a não abrir arquivos com extensão cmd ou exe.
Porque esse comércio é tão lucrativo quanto o tráfico de entorpecentes?
É fato que o tráfico de entorpecentes abarganha uma clientela que movimenta uma rede de crimes com a finalidade de alimentar a violência social. São pessoas que traficam drogas, da mesma forma que golpistas lesam consumidores em prol de um dinheiro advindo de forma fraudulenta. Mas qual a diferença desses crimes serem cometidos na internet ou não? O grande diferencial está na dificuldade de se fiscalizar as informações.
O delegado Joel Ferreira diz que em Aracaju não é sabido que tenha a obrigatoriedade de uma fiscalização em lan houses, locais onde comumente são identificados usuários maldosos para captação de informações que podem lesar internautas. Isso facilita um maior acesso a esses tipos de crime e conseqüentemente a exploração comercial desse delito, tornando-se lucrativo. Embora não haja obrigatoriedade da fiscalização, toda comunicação deixa rastro. É assim que as delegacias fazem seus trabalhos.
Não se sabe ao certo, em termos quantitativos, o lucro do comércio que gira em torno de golpes na mídia, mas o delegado Joel aponta que “Onde há circulação de riqueza, há presença de fraudadores e conseqüentemente um potencial muito grande desse ‘comércio’”, conclui.
Por Karinéia Cruz e Carla Sousa