Jogo do bicho cada dia mais moderno

Máquina utilizada para o jogo do bicho
O jogo do bicho em Aracaju acompanhou a modernização das grandes capitais, digitalizando todo o funcionamento do negócio. Os bloquinhos de anotações e os carimbos de resultados deram espaço a maquinetas modernas, semelhantes aos de pagamento de cartões de crédito.

“Agora ficou mais fácil e rápido, as pessoas chegam aqui, dizem o número e nós digitamos, aí ela recebe o volante do jogo como comprovante. A mesma coisa acontece com o resultado”, explicou um dono de banca localizada na avenida Barão de Maruim, que não quis se identificar.

Ainda é possível encontrar pessoas sentadas em cadeiras nos cantos de bares, ou em alguma calçada movimentada, com uma velha banca azul realizando as apostas. No entanto, sem o papel e caneta.

Homem realiza jogo em uma banquinha na avenida Barão de Maruim
Segundo o operador do jogo, como são chamados, mesmo sendo uma atividade considerada ilegal, essa acaba sendo uma boa opção para ganhar dinheiro, tanto para quem aposta como para quem vende o jogo. “Eu considero a mesma coisa das loterias da Caixa. As pessoas arriscam um palpite e apostam quanto elas querem ganhar”, pontuou.

Alguns pontos da capital, onde o jogo é realizado não existe nenhum tipo de identificação, mas acabam seguindo uma característica comum. “Todos os pontos são pintados de azul, e nos lugares são realizadas também recargas de celular”, contou. O apontador ainda acrescentou que mesmo vendendo recargas o jogo ainda é a atividade mais lucrativa do ponto.

Ponto do jogo em uma das principais avenidas de Aracaju
As pessoas que trabalham com essa atividade, segundo a operadora de um dos pontos de jogos na avenida Francisco Porto, que também não quis ser identificada,  ganham 20% do valor arrecadado nas apostas. “Aqui meu ponto é pouco movimentado, mas tem lugares por aí que a pessoas conseguem ganhar mais de seis mil reais por mês” explicou.

Contravenção penal

No entanto, para o superintendente da Polícia Civil, delegado João Batista, o problema vai além do simples jogo. “A questão não é a contravenção penal, e sim o que está por trás dela”, pontuou.

Para João Batista o principal foco é o montante de dinheiro que esta atividade pode gerar e que não é tributado. “O que nos assusta é o volume de dinheiro que essa atividade produz. É um dinheiro que não é tributado, não é fiscalizado e não tem nenhum tipo de controle. E esse dinheiro pode estar irrigando outros tipos de crime, no mínimo lavagem de dinheiro, algum crime de ordem tributária”, ressaltou.

Ponto também vende recarga telefônica
Quando questionado a respeito do trabalho da polícia, para combater a contravenção, o superintendente pontuou que a tônica dessa superintendência é trabalhar com planejamento.

“Não adianta pegar um apontadorzinho numa esquina. Não adianta, porque vamos pegar o lado mais fraco. A idéia é investigar, planejar e agir”, explicou João Batista.

O delegado também esclareceu que atendendo ao Código Penal este tipo de contravenção é tratada de uma forma diferente. Como é um crime de menor potencial ofensivo e as demandas são muitas não se torna prioridade.

Superintendente da Polícia Civil, João Batista
“Ser combatido pela a polícia, isso é fato. É claro e evidente que a polícia tem suas limitações. Ela atua em várias frentes onde muitas vezes tem que haver prioridade nesse combate à criminalidade” pontuou.

João Batista finaliza explicando que uma operação para desbaratar o jogo do bicho demanda uma apuração investigativa, necessita de toda uma logística e requer tempo. “Infelizmente como acontece com o tráfico de drogas, a gente não consegue combater tudo ao mesmo tempo por causa das limitações”, disse.

Por Alcione Martins e Raquel Almeida

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