O mundo se divide em dois tipos de pessoas: as que nunca entraram numa Sex Shop e as que frequentam, encomendam, importam e amam produtos eróticos. Viciam-se nas novidades. Lembro que a primeira vez que entrei num espaço assim tinha uns 18 anos e estava acompanhado de vários amigos e amigas da escola. Para nós, uma engraçada novidade. Claro que não compramos nada, na época tudo era importado e caro, mas nos divertíamos olhando, descobrindo o que estava do outro lado daquelas pequenas “salas secretas”. Hoje, tudo é (quase) natural!
Um amigo meu, idoso, resolveu fazer uma surpresa e presentear uma colega com um pênis de chocolate, “pra tirar onda”, no aniversário da tal. Mas que ficou surpreendido foi meu amigo ao constatar a infinidade de artigos sexuais à venda numa loja do gênero. “Nunca tinha entrado e a moça (atendente) falando tudo aquilo tudo na maior tranquilidade. Fui encomendar uma brincadeira e sai de lá estarrecido. Eles vendem de tudo mesmo, vi coisas que nunca imaginei que existisse”, contou ele com a cara pálida e os olhos paralisados.
Na hora em que ele falou, eu ri muito, porque descobri antes dos meus 20 anos o que ele estava conhecendo agora perto dos 70. Mas pensando bem, pelo menos ele conheceu. Antes tarde do que você que nunca teve coragem para explorar uma sex shop! Se esse meu amigo soubesse que entre suas aventuras sexuais e o mercado de produtos eróticos existe um muro tão alto, certamente já teria escalado cada centímetro para conferir as novidades.
Mas enquanto um não conhecia nada, outro amigo, coroa também, mas antenado com as novidades, me confidenciou uma prática que ele vem aperfeiçoando com “bastante eficiência” nas últimas semanas. Trata-se do uso de um dilatador anal para expandir a resistência de quem se deixará penetrar. Como estamos falando de uma região ainda pouco explorada, mas desejada por todo mundo que gosta de sexo, o assunto era novidade para meus ouvidos até recentemente. Na hora pensei: “vou escrever sobre isso na coluna”.
Aqui estou (o que vem a seguir é um resumo da conversa).
Cenário (mesa de um bar com mais seis pessoas sentadas bebendo e falando as besteiras rotineiras, típicas de bar).
Meu amigo: (do nada solta) eu adoro desvirginar um cu!
Eu: o que? (gritei de susto).
Meu amigo: eu adoro quando a pessoa nunca fez sexo anal e eu lhe apresento esta prática, me sinto especial assim. Tenho um super tesão nesse tipo de apresentação.
(Todo mundo da já rindo, mas com os ouvidos ligados!).
Eu: como assim? Por que esse assunto agora?
Meu amigo: encomendei um dilatador anal maravilhoso (ele falou como se todos da mesa soubessem o que significado). Assim que chegou já comecei usando-o num rolinho que há muito tempo eu vinha pedindo para me dar o cu.
Eu: como assim, você está usando um aparelho no rabo do povo?
Meu amigo: sim, foi até caro, mas é funcional. Tenho utilizado tanto que o valor já compensou!
Eu: mas como assim? Você coloca no cu da outra pessoa e aperta um botão e o cu abre? E não machuca? Abre quanto? Você não tinha outra forma de pedir para penetrar ao invés de enfiar um dispositivo?
Meu amigo: primeiro tenho que convencer a outra pessoa a dar, depois vem um gel que estimule a região, que faça dilatar, cicatrize e ao mesmo tempo escorregue o dilatador. O aparelho vem por último… não tenho paciência pra ficar tentando penetrar algo muito fechado. Gosto de cu virgem, mas que ao desvirginar, seja fácil pra mim…
(neste momento era como se meu amigo estivesse relatando a cura do câncer. Todos nós, chocados, olhando pra ele).
… aí é só colocar e bombar o aparelhinho pra expandir. O cu faz assim (ele mostrou com as mãos uma espécie de explosão). Não sobra uma prega (riu)!
Eu: mas isso não causa nenhum problema, fisiologicamente falando?
Meu amigo: não. Se não, não seria vendido. Tem que saber fazer, deixar a pessoa relaxada e mostrar que sexo anal também faz parte da relação. Só sei que após abrir, a penetração é uma delicia. Ninguém fica mais com pudores e é só diversão. Eu adoro!!!!
Eu: mas a pessoa não fica estranhando você chegar com uma maleta cheia de utensílios querendo rasgar o cu dela?
Meu amigo: fica, claro, mas são pessoas que já me relaciono, daí existe confiança. Eu falo, explico tudo com calma, lemos a bula do produto. Daí passamos para a parte prática da coisa, e garanto a todos vocês que no final todo mundo acaba bem e gozado. O povo adora uma nova descoberta.
(nessa hora, todos nós corremos para nossos celulares, buscando em pesquisas se existia mesmo esse tipo de dilatador – segundos depois – minutos de risadas na mesa – EXISTE). Estávamos entre a nova descoberta relatada e o abismo de nossas almas pseudomodernas. Vivendo e aprendendo!
Ultimamente, a alegria dos adultos, mais experientes, é saber que num mundo de papai-e-mamãe existe espaço para vibradores, géis anestésicos, aparelhos estimulantes, bonecas infláveis (para punheteiros solitários), e mil e outras coisas, incluindo dilatadores de ânus também. Sabe filme erótico entre mulher e cavalo? não é nada perto das estranhas novidades lançadas diariamente. Loucura é pensar que bem perto de sua casa pode existir uma verdadeira Disneylândia sexual esperando pelos seus visitantes ou até mesmo um louco, com um dilatador anal, esperando por sua próxima conquista!
Será que existe uma medida de verificação do desenvolvimento mental de uma sociedade baseado no número de sex shop existente em seu território? Se for assim, infelizmente, em Sergipe, precisaremos evoluir muito ainda, mas graças ao meu amigo, expert em dilatação, já estamos trilhando no caminho certo para a evolução do prazer.
Louvemos!