Quem quiser que venda a ilusão de que o componente ideológico já não tem mais peso. Desde 1989 a eleição presidencial é um embate entre direita e esquerda, e dessa vez não é diferente.
Em todas as sete eleições desde a democratização do país a esquerda é representada no final pelo PT. Agora se repete o mesmo. Essa hegemonia petista contribui como alimento à antipatia de parcela da população ao partido da estrela vermelha.
Em 1989, Fernando Collor derrotou Lula no segundo turno. Em 1994 e 1998, Fernando Henrique Cardoso venceu no primeiro turno, mas em ambas as eleições a disputa mais acirrada deu-se com Lula. Em 2002 e 2006, o líder petista finalmente venceu os tucanos (José Serra e Geraldo Alckmin), as duas eleições decididas no segundo turno. Os tucanos (José Serra e Aécio Neves) voltaram a ser derrotados em 2010 e 2014, dessa vez por Dilma Rousseff.
Em 2018, pelo que as pesquisas desenham, a eleição não será decidida por um tucano, mas novamente um petista estará na reta final. Dessa vez o embate direita x esquerda será entre o capitão da reserva do Exército Jair Bolsonaro e o professor e advogado Fernando Haddad.
As seis últimas pesquisas eleitorais, realizadas entre os dias 8 e 16 de setembro, consolidam a candidatura de Bolsonaro como representante do eleitorado mais conservador e apontam o nome de Haddad como o preferido do eleitorado de centro-esquerda.
Antes estacionado no patamar dos 20% a 22%, a candidatura de Bolsonaro se fortaleceu após o atentado que sofreu em Juiz de Fora, em 6 de setembro, e da polarização que se estabeleceu com o PT, já que ele se apresenta como o verdadeiro antipetista. Hoje, suas intenções de voto estão na média dos 26%.
Já Haddad saiu de modestos 3% a 4% que possuía antes de Lula ser retirado definitivamente da disputa e passou a ser o postulante à cadeira presidencial que mais subiu, como já era esperado, desde que foi oficializado como candidato no dia 11, tendo como candidata à vice a deputada Manuela D’Ávila, do PCdoB.
Agora, após ultrapassar Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro Gomes (PDT), tem em média mais de 15% das intenções de voto.
Faltando menos de 20 dias para o primeiro turno da eleição, à proporção que a campanha avança e a polarização cresce — e os ataques contra o adversário inflamam as militâncias dos dois lados —, a tendência é que as candidaturas de Bolsonaro e Haddad se robusteçam.
É a velha disputa entre direita e esquerda definindo mais uma vez o destino do Brasil. Sabe-se lá quem vai levar dessa vez, mas se espera que haja bom-senso, maturidade e juízo para vencedores e derrotados. Pelo bem de todos.
CANDIDATO | IBOPE
8 a 10/9 |
CUT/VOX POPULI
7 a 11/9 |
XP/IPESPE
10 e 12/9 |
DATAFOLHA
13 a 14/9 |
CNT/MDA
12 e 15/9 |
BTG/ PACTUAL
15 e 16/9 |
MÉDIA
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Jair Bolsonaro (PSL) | 26% | 18% | 23% | 26% | 28,2% | 33% | 25,7% | |
Fernando Haddad (PT) | 8% | 22% | 16% | 13% | 17,6% | 16% | 15,4% | |
Ciro Gomes (PDT) | 11% | 10% | 11% | 13% | 10,8% | 14% | 11,6% | |
Geraldo Alckmin (PSDB) | 9% | 4% | 9% | 9% | 6,1% | 6% | 7,2% | |
Marina Silva (REDE) | 9% | 5% | 6% | 8% | 4,1% | 5% | 6,2% | |
João Amoêdo (NOVO) | 3% | – | 4% | 3% | 2,8% | 4% | 2,8% | |
Álvaro Dias (PODEMOS) | 3% | – | 4% | 3% | 1,9% | 2% | 2,3% | |
Henrique Meirelles (MDB) | 3% | – | 2% | 3% | 1,7% | 2% | 1,9% | |
Cabo Daciolo (PATRIOTA) | 1% | – | 0% | 1% | 0,4% | 1% | 0,6% | |
Guilherme Boulos (PSOL) | 0% | – | 1% | 1% | 0,4% | 0% | 0,4% | |
Vera Salgado (PSTU) | 1% | – | 0% | 1% | 0,3% | 0% | 0,4% | |
Eymael (DC) | 0% | – | 0% | 0% | 0% | 0% | 0% | |
João Goulart Filho (PPL) | 0% | – | 0% | 0% | 0% | 0% | 0% | |
Brancos/Nulos | 19% | 21% | 19% | 13% | 13,4% | 11% | 16% | |
Indecisos | 7% | 16% | 4% | 6% | 12,3% | 5% | 8,4% |