A sátira social e política sempre esteve presente na história do Carnaval. Com irreverência e forte alegoria crítica ao atual governo, artistas sergipanos lançaram nesta terça-feira, 19, o “Bloco Cibernético Unidos do Laranjal”, que percorrerá as plataformas da internet num cortejo carnavalesco formado por música e videoclipe, unindo os internautas num frevo contagiante que instiga a levar para as ruas uma pergunta nacional: “Cadê Queiroz?”.
A produção musical e audiovisual, feita em parceria entre artistas sergipanos e do frevo pernambucano, passará pelos principais logradouros virtuais. “Vamos partir do beco do Twitter, descer a ladeira do YouTube, chegar na praia do Instagram, e alcançar, enfim, o largo do Facebook, com os foliões entrando em cada casa do WhatsApp, e convocando cada grupo para cantar com a gente para além do Carnaval: ‘Queiroz, Queiroz, Queiroz, arruma dinheiro pra nós’”, divulga o “Unidos do Laranjal” em suas redes sociais.
“UNIDOS DO LARANJAL”
Criada de forma coletiva, a música “Cadê Queiroz?” foi composta em Sergipe pelos músicos Henrique Teles (Maria Scombona), Alex Sant’Anna e Julio Andrade (The Baggios). “O tema ‘Cadê Queiroz?’ surgiu como uma inquietação, estávamos sempre discutindo acerca do caso que envolve a família Bolsonaro e sobre a importância dos artistas se posicionarem neste momento político do país. A gente compôs e logo veio a ideia de expandir e chamar outros parceiros para produzir junto com a gente, e assim o Bloco ‘Unidos do Laranjal’ foi sendo criado”, conta Henrique Teles.
A música passou pelos ouvidos do pernambucano Silvério Pessoa, que reagiu com entusiasmo e quis incorporar o Frevo. “Venho me apresentando há alguns anos nos palcos do Carnaval de Aracaju e não foi nenhuma surpresa receber essa produção feita por Henrique, Alex e Julico! Eu e outros músicos pernambucanos nos unimos a essa construção que aponta para um caminho sem volta, que é da solidariedade, da brodagem, do ‘se dar as mãos’, numa tendência mundial de um ajudar ao outro e construir a música coletivamente”, afirma Silvério Pessoa.
A convite de Silvério Pessoa, a composição ganhou a contribuição dos arranjos frevistas do maestro Clênio Lima (da pernambucana Big Band à Nordestina). “Tivemos a missão de incorporar a alma do Frevo nessa obra crítica, construída diante do momento que a gente vive. Essa aproximação entre artistas de outros estados é muito importante e igualmente prazeroso. Dou a maior importância a esse tipo de iniciativa, que fortalece uma classe que hoje sofre dificuldades e desvalorização do Governo”, diz Clênio Lima.
ARTE COMO MANIFESTO
O compositor Henrique Teles afirma que questionar é um dos papéis da Arte. “Temos muita responsabilidade em tudo o que a gente fala, propõe e faz. Neste momento, a atuação dos artistas é necessária, no sentido de questionar, de trazer à luz. Não podíamos deixar de mencionar o ‘Caso Queiroz’, citando a família Bolsonaro e essa coisa estranha de tentar se esconder este assunto. A gente vem com esse objetivo de tentar saber o que se passa, de fato, na ascensão dessa família ao poder e o que está por trás disso tudo. Isso é de interesse da sociedade”.
Inclusive, nos últimos anos a classe artística de Sergipe tem se mostrado ativa na resistência. Em 2013, o “Manifesta” reuniu diversos artistas locais na Orla de Atalaia, no dia do aniversário de Aracaju (capital sergipana), em 17 de Março, destacando a importância do fomento à cultura pelos órgãos oficiais e do respeito à produção local. Já de 2015 a 2016, os artistas da cena sergipana se uniram no movimento intitulado “A Arte Abraça A Democracia”, contra a ameaça de golpe de Estado que se concretizou com o Impeachment.
Fonte: Assessoria de Imprensa
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