Embora a AIDS predomine em pessoas do sexo masculino, dados do Ministério da Saúde mostram um aumento dos casos em mulheres com idade acima de 60 anos e queda em faixas etárias menores.
Em Sergipe, do ano de 1.987 até 2.019, foram registrados 1.634 casos de mulheres vivendo com AIDS e 741 casos de mulheres com HIV. As faixas etárias mais atingidas são de 20 a 29 anos e de 30 a 39 anos.
É importante neste momento onde se comemora o dia 8 de março – dia internacional da mulher, uma reflexão sobre a questão da aids nas mulheres, procurando informar sobre a principal forma de transmissão do HIV para as mulheres e as novas tecnologias para a prevenção também para o sexo feminino. Outros temas ligados ao assunto, serão abordados durante o mês de março, além de rodas de conversa dirigida às mulheres.
A principal forma de transmissão do HIV para as mulheres é através da relação sexual (vaginal, anal, oral) sem o uso do preservativo, geralmente com parceiros estáveis. Existem mulheres que estão se infectando nas relações sexuais ocasionais. Há uma grande dificuldade das mulheres em perceberem o risco que estão expostas, nas relações estáveis (mulheres casadas ou com relações sexuais duradouras). Aí entra o fator “emoção” ou “paixão” e a confiança na fidelidade do parceiro. O tema HIV/AIDS precisa ser incluído nas conversas dos casais, mesmo aqueles apaixonados.
A vulnerabilidade feminina está relacionada a vários fatores. O primeiro fator que torna a mulher mais propensa a adquirir o HIV diz respeito às suas próprias características físicas. A mucosa da vagina, ao ter contato com o esperma de um homem soropositivo, facilita que o vírus da Aids se instale no corpo. A desigualdade de gênero contribui para a disseminação do HIV. Ela pode aumentar as taxas de infecção e reduzir a capacidade de mulheres e meninas para lidar com a epidemia. Muitas vezes, as mulheres têm menos informação sobre o HIV e menos recursos para tomar medidas preventivas. Elas enfrentam barreiras para a negociação do sexo seguro, por causa da dinâmica de poder desigual com os homens. A violência sexual, uma violação generalizada dos direitos das mulheres, agrava o risco de transmissão do HIV.
As mulheres estão sujeitas a repetidas infecções ginecológicas e a infecções sexualmente transmissíveis que abrem fissuras na mucosa vaginal, aumentando o risco de penetração do HIV. O uso de pílulas anticoncepcionais provoca modificações na mucosa vaginal que facilitam a penetração do HIV.
as novas tecnologias para a prevenção, além da camisinha, que também podem ser utilizadas pela mulher, recebem o nome de prevenção combinada. consiste no uso de medicamentos para prevenir a infecção pelo HIV e outras medidas em relação a outras IST, como a vacina contra o HPV e hepatite b, melhoria do pré-natal e tratamento das IST.
O uso de medicamentos antirretrovirais para prevenção acontece em três situações: em primeiro lugar, para as mulheres soropositivas não infectarem seus parceiros, o uso correto dos medicamentos reduz a carga viral (quantidade de HIV no sangue), diminuindo o risco de infecção. Em segundo lugar, existe a PEP – Profilaxia Pós Exposição, onde a mulher que se envolveu em uma situação de risco (violência sexual, relação sexual consentida mas sem camisinha ou acidente com material perfuro-cortante) terá, até 72 horas, a possibilidade de reduzir o risco de infecção pelo HIV, fazendo o teste rápido e usando medicamento antirretroviral por 28 dias e, posteriormente, repetindo os testes por 30, 60 e 90 dias. Em terceiro lugar, através da PrEP – Profilaxia Pré Exposição ao HIV, para aquelas mulheres que, com frequência se envolve em situações de risco de infecção pelo HIV (trabalhadoras sexuais ou parceiras de soropositivos).