Lucas Borba
Graduando do curso de Licenciatura em História pela Universidade de Pernambuco
Integrante do GEHSCAL (Grupo de Estudos Históricos Socioculturais da América Latina) na linha de História do Tempo Presente
e-mail: borbademiranda@gmail.com
Orientador: Prof. Dr. Karl Schurster Veríssimo de Sousa Leão
“O fascismo está a voltar?” Essa pergunta tem sido recorrente à sociedade europeia há algum tempo. Países do velho continente que passam por um período de crise econômica e social estão a testemunhar um crescimento de votos e de opiniões de eleitores favoráveis à extrema-direita, que relatam certa desconfiança no sistema de democracia vigente. Ao longo da História observamos a ascensão de regimes fascistas em períodos de colapso da democracia, períodos em que as massas, descontentes com o regime governante passam a apoiar novas sugestões de governo.
O movimento ultradireitista que está a pairar sobre a sociedade europeia no presente é constantemente descrito como Neofascismo ou Fascismo do Século XXI. Mas afinal, o que há de novo no fascismo? Quais as diferenças entre o “novo fascismo” e a ideologia fascista fortemente presente na Europa na primeira metade do século XXI? Podemos destacar que a extrema-direita atual baseia-se em medidas de anti-imigração, xenofobia, nacionalismo e autoritarismo. A aversão ao capitalismo, a estatização de grandes empresas, e o antissemitismo foram excluídos da agenda política da nova direita.
Em tempos de altos índices de desemprego, inflação crescente, e descontentamento social, a imigração é compreendida pelos cidadãos nativos como um acréscimo de concorrência no mercado de trabalho, como também faz aumentar a demanda para a utilização de serviços públicos, como saúde e educação. Um destes casos é a questão da Suíça, na qual foi aprovado recentemente por meio de um referendo a limitação de imigrantes, contrariando a livre migração proposta pela União Europeia. A ideia foi propagada à população pela União Democrática do Centro, partido de extrema-direita suíço. A medida afeta demasiadamente trabalhadores de cerca de 50 cidades italianas, na região do lado de Ceresio e Como, que trabalham no país vizinho. Conhecidos como frontalieri, eles estão a formar um contingente de 62 mil trabalhadores.
Na Holanda, o Partido da Liberdade (PVV na sigla em holandês) está a ganhar pontos nas pesquisas de intenção de voto. Cidadãos de Almere, uma pequena cidade no arredores de Amsterdã, mostram opiniões contra a imigração, e a favor de um resgate das tradições culturais desta cidade (tal resgate cultural também fora proposto pelo Nacional Socialismo), que foi construída a partir de 1976 por famílias jovens, de baixo poder aquisitivo com a intenção de fugir do multiculturalismo e do acelerado ritmo de vida das grandes cidades. O PVV também preocupa-se demasiadamente com a questão do crescimento do islã, ao qual atribuem a ameaça de liberdade das mulheres e homossexuais. Seu líder, Geert Wilders, está a fazer campanha junto aos partidos de extrema-direita da França, Suíça, Áustria e Bélgica, para formar uma coalizão e concorrer às eleições para o parlamento europeu.
A Espanha também está a observar o crescimento das intenções de voto da extrema-direita. Numa pesquisa realizada recentemente, 2% dos eleitores espanhóis, o que equivale a aproximadamente 700.000 pessoas, são apoiadores da ultradireita, que está representada principalmente pelo Partido Populista (PP).
Marine Le Pen herdou do seu pai, Jean Marie Le Pen, a liderança da extrema-direita na França, que tem como principal ator o Front National. É Marine que hoje está a liderar as reuniões com a direita europeia para formar a coalizão desejada para concorrer ao parlamento europeu nas eleições de maio. Com o “mínimo comum” de desvincular-se da União Europeia, a fazer com que cada nação seja responsável pelas leis de imigração e por uma moeda nacional, e o combate aos imigrantes, com destaque para os muçulmanos, a ultradireita está a adquirir um crescente número de adeptos, o que gera preocupação por parte de políticos europeus. Vinte e seis destacados políticos, acadêmicos e empresários do continente europeu que estão a discutir nos dias 27 e 28 de fevereiro na Conferência Projeto Europa uma possível solução para o avanço das intenções de voto favoráveis à extrema-direita, apontam a valorização da coesão entre os países da União Europeia, bem como de suas populações, a gerar um sentimento de união do povo europeu, e a melhoria dos serviços públicos como uma das alternativas para frear o descontentamento populacional na Europa.
O GET-UFS e o GEHSCAL, Grupo de Estudos Históricos Socioculturais da América Latina na linha de História do Tempo Presente (UPE), realizam atividades de intercâmbio apoiados pela FACEPE através de Auxílio à Pesquisador Visitante e pela FAPITEC através do Edital FAPITEC/SE /FUNTEC/CNPq N° 04/2011- Programa Primeiros Projetos (PPP).