http://isurvived.org/AUSCHWITZ_TheCamp.html |
Andreza Maynard
Membro do GET/UFS/CNPq
Doutora em História
Pós-doutoranda em História pela UFRPE
Bolsista FAPITEC/CNPq em categoria DCR
Trabalho apoiado pelo projeto "Quando a Guerra chegou ao Brasil: Ataques submarinos e memórias nos mares de Sergipe e Bahia (1942-1945)", Edital Universal CNPq 2014.
A Segunda Guerra Mundial continua a ser um tema instigante para o mundo contemporâneo. Em 2015 vários fatos marcantes que ocorreram naquele conflito devem ser retomados. A liberação dos prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz, ocorrida em 27 de janeiro de 1945, fez parte do evento bélico que ajudou a definir o século XX.
De certa forma, Auschwitz se tornou um símbolo do Holocausto. Justamente por isso a data causou tanta comoção. Uma cerimônia foi organizada para celebrar a libertação do campo pelo exército russo, mas o presidente Vladimir Putin não compareceu ao evento. Isso gerou comentários, sobretudo num momento em que as relações da Rússia os países europeus do Ocidente estão abaladas. Contudo, outros líderes mundiais estavam presentes, como os presidentes da França, François Hollande; Alemanha, Joachim Gauck; Ucrânia, Petro Poroshenko; Áustria, Heinz Fischer, aproximadamente 300 sobreviventes (que eram crianças e adolescentes quando viveram no campo) e o público geral.
Inicialmente os campos de concentração eram empregados como alojamento para militares, servindo também como local de detenção, sobretudo para os prisioneiros de guerra. Durante a Segunda Guerra Mundial existiram vários campos de concentração na União Soviética e até mesmo nos Estados Unidos. No entanto a experiência nazista conferiu aos campos de concentração o sinônimo de campos de extermínio, também chamados de “campos da morte”.
Desde 1933 esses campos foram criados em toda a Alemanha. Os territórios ocupados pela Alemanha também passam a abrigar os “campos da morte”. Auschwitz, por exemplo, estava localizado ao sul da Polônia. Nesses locais, a humilhação tinha início desde a chegada. Os indivíduos eram despidos e raspados na presença das SS. Os corpos se esgotavam e a moral era rapidamente enfraquecida. Em Auschwitz o horror em grande escala se deveu aos maus tratos, à fome, à violência física e psicológica, à exaustão nos trabalhos forçados, à câmara de gás, mas também às numerosas experiências pseudomédicas dos médicos da SS, que estavam sob a supervisão de Joseph Mengele. No auge do desespero e medo, alguns prisioneiros se lançavam voluntariamente contra os arames farpados eletrificados.
A celebração dos 70 anos da libertação do campo de Auschwitz proporciona um encontro entre a História e a Memória. A presença dos sobreviventes do campo, todos idosos, representa um testemunho vivo de tudo o que aconteceu ali. No entanto esse “registro” está se esvaecendo. Em 2005 aproximadamente 1.500 sobreviventes participaram da cerimônia para lembrar a data de 27 de janeiro de 1945. Em 2015 cerca de 300 sobreviventes compareceram, muitos deles pela última vez.
Além dos relatos dos sobreviventes, existem outras formas de memória. O próprio campo de concentração se tornou um museu em 1947. Nesse sentido, a tarefa dos historiadores é dupla, pois o seu trabalho ajuda a preservar a memória (sob a forma da produção de textos analíticos), ao mesmo tempo em que somos também responsáveis por lembrar a humanidade sobre essa página obscura da História Mundial.
Obs.: o museu pode ser acessado a partir do seguinte endereço eletrônico: http://www.auschwitz.org.pl/