Andreza Maynard
Doutora em História
Pós-doutoranda em História pela UFRPE
Bolsista FAPITEC/CNPq em modalidade DCR
Trabalho apoiado pelo projeto "Quando a Guerra chegou ao Brasil: Ataques submarinos e memórias nos mares de Sergipe e Bahia (1942-1945)", Edital Universal CNPq 2014.
No dia 12 de abril de 1945 falecia o presidente dos Estados Unidos, Franklin Delano Roosevelt. Coincidentemente Hitler também morreria dias depois, em 30 de abril. E enquanto a sorte da Alemanha nazista já estava traçada antes da morte do Fuehrer, os Estados Unidos continuavam procurando se destacar na política internacional, mesmo diante da morte de Roosevelt.
Único presidente a vencer três eleições seguidas e a assumir três mandatos (1933 – 1941, 1941 – 1945, 1945), Roosevelt participou de um momento da história dos Estados Unidos em que o país procurava se firmar como a maior potência do século XX. Tendo permanecido por 12 anos no poder, Roosevelt se envolve nesse ambicioso projeto ainda no início dos anos 1930.
Após 1929, os Estados Unidos foi amplamente afetados pela Depressão. As lideranças republicanas adotaram medidas que quase não tiveram impacto sobre a ampla crise econômica que se instalara no país. Candidato do Partido Democrata, Roosevelt venceu as eleições de 1932 prometendo restaurar a confiança na economia e na sociedade norte-americana.
Em 1933 foi lançado um pacote de medidas nomeado de “New Deal”. Traduzindo ao pé da letra, o “Novo Acordo” pretendia recuperar a indústria e a agricultura, regular o sistema financeiro, oferecer maior assistência social e realizar uma série de obras públicas. Dois anos depois foi lançada uma segunda etapa do “New Deal”.
O impacto da crise econômica pôde ser sentido até mesmo na produção cinematográfica. O filme “Os três porquinhos” (Walt Disney, 1933), coincidiu com o início da campanha de Roosevelt. Os autores do livro “Cinema e Política”, Leif Furhammar e Folke Isaksson, afirmam que o filme teve um grande efeito popular, pois “o Lobão tornou-se símbolo da depressão, e o refrão ‘Quem tem medo do lobão’ serviu como uma espécie de canção de guerra na luta para afastar o desespero” (p.55). Já os filmes “Tempos Modernos” (Charles Chaplin, 1936) e “Vinhas da Ira” (John Ford, 1939) fogem à regra de evitar temas polêmicos e denunciam os tempos difíceis vividos pelos norte-americanos.
Durante toda a década de 1930 os Estados Unidos lutaram contra a crise econômica, que só foi superada durante a Segunda Guerra Mundial. O conflito bélico proporcionou um quadro completamente distinto dos anos da Depressão. Em quatro anos os norte-americanos gozavam de pleno emprego e os Estados Unidos dobraram seu PIB. Em várias narrativas cinematográficas, inclusive contemporâneas, Franklin D. Roosevelt aparece como um homem dotado da força que era necessária para retirar o país da crise.
Roosevelt fez viagens importantes durante a Guerra para oficializar acordos de cooperação a favor dos países Aliados, e mais ainda, em benefício dos Estados Unidos. Em janeiro de 1943 o presidente norte-americano esteve no Rio Grande do Norte, onde encontrou com Getúlio Vargas para reafirmar a política de Boa Vizinhança. E em 1945 Roosevelt esteve em Yalta (região da Crimeia), onde se reuniu com o primeiro-ministro britânico Winston Churchill e com o líder da União Soviética, Joseph Stalin. Na ocasião os três definiram o futuro da Guerra e das zonas de influência dos três países pelos 50 anos seguintes.
Ainda à frente da presidência, Roosevelt liderou o país durante a Segunda Guerra. Muito embora a decisão mais controversa, a respeito do lançamento das bombas atômicas lançadas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, tenha sido tomada por seu sucessor, Harry Truman. Apesar de haver a justificativa oficial de que os japoneses não se renderiam, alguns historiadores colocam que os ataques atômicos tinham o objetivo de afirmar os Estados Unidos como a maior potência (militar e econômica) do planeta. Dessa maneira, a Segunda Guerra Mundial pode ser tomada não apenas como a luta contra as potências do Eixo, mas também como a tentativa da construção de um sistema político mundial sob a hegemonia dos Estados Unidos.