Cândido Luiz S. Maynard
Mestrando do Programa de Pós-graduação de Ciências da Religião – UFS
Pesquisador do GPDAS /CNPq/UFS
Bolsista CAPES
Email: aptablet@mica12.com.br
Assim como a nossa Semana Santa, que conta o período da quarta-feira de cinzas até a Quaresma, o chamado Yom HaShoah (Dia da Memoria do Holocausto) é a celebração que reflete e remonta a memória do genocídio judeu durante a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945).
Após o estabelecimento do Estado judeu a discussão sobre uma data para a lembrança das atrocidades sofridas durante a Segunda Guerra foi proposta. Inicialmente, considerou-se a data de comemoração o dia da revolta do gueto de Varsóvia(1943), mas esta ideia foi rejeitada por coincidir com a chamada Pessach, a páscoa judaica. A aprovação então ficou a cargo de Ben Gurion (1886-1968) e Yitzhak Ben-Zvi (1884-1963).
No Yom HaShoah, ao menos em Israel, as sirenes de aviso a ataques aéreos tocam e durante dois minutos todas as atividades são suspensas. Motoristas deixam seus veículos e saem às ruas ,ficando de pé em meio às avenidas. O Yad Vashem, renomada instituição dedicada a estudos sobre o Holocausto, apresenta vários momentos de visitação gratuita e palestras sobre o tema, sempre na língua hebraica.
Os memoriais são abertos a visitação e todo o Israel relembra o momento terrível da história judaica, as televisões e rádios também entram no tema e massificam esse dia e seu significado.
O atual presidente de Israel Reuven Rivilis (1939) declarou que a “a jornada de Israel começou lá”. Apesar dos revisionistas defenderem que a realidade do genocídio judeu não foi o que a humanidade conheceu, em Israel hoje existem vivos aproximadamente mais de 189 mil sobreviventes, todos testemunhas desses momentos,.
Mas apesar de toda essa posição e manifestação popular, Israel não tem cuidado dos seus sobreviventes. Segundo estatísticas, 25% vivem na pobreza com dificuldades de ter acesso a garantias básicas como saúde e moradia.
Mais de 80% da população jovem acredita que o Yom HaShoah deverá cair no esquecimento ou enfraquecimento da memoria popular. Deste total, 36,6% acredita que é definitiva essa posição outros 45% acreditam que esse esquecimento é possível. O instituto Geocartography (http://www.geocartography.com/eng/) realizou a pesquisa com aproximadamente 500 pessoas.
Hoje em Israel o sentimento de valorizar o Yom HaShoah é uma preocupação, as força militares, ao formarem seus contigentes, efetuam sua jura no ambiente do Yad Vashem. As propostas são duas: Nunca esquecer (#NeverForget) e Nunca Novamente. (#NeverAgain), sejam as atrocidades hitleristas ou quaisquer outras, que o Yom HaShoah possa nos lembrar a nós homens do que somos capazes. Uma ferramenta para não esquecer. Como disse Zygmunt Bauman (1925), a administração da vida distancia o ser humano da reflexão moral. Assim, vez por outra, é necessário alguém para nos lembrar de refletirmos novamente.