Adson do Espírito Santo
Mestrando em História – PPGH (UFAL)
Bolsista CAPES
Orientadora: Profª. Dr. Michelle Macedo Reis – PPGH (UFAL)
Nas décadas de 1930 e 1940, a propaganda política, enquanto um fenômeno da sociedade e da cultura, adquiriu uma importância considerável; devido ao avanço dos meios de comunicação e o seu uso por regimes totalitários. A Propaganda nazista, inspirada na publicidade comercial norte-americana, teve um grande impacto em diversas partes do globo, inspirando, inclusive, o regime brasileiro conhecido como Estado Novo.
A propaganda política faz uso de ideias e conceitos, mas em seu produto material, os transformam em imagens e símbolos. Neste tipo de propaganda, a referência básica é a sedução, um elemento de ordem emocional de grande eficácia na atração das massas. Tal fato foi percebido com muita perspicácia pelas autoridades totalitárias. “A arte da propaganda consiste em ser capaz de despertar a imaginação pública fazendo apelo aos sentimentos, encontrando fórmulas psicologicamente apropriadas que chamam a atenção das massas e tocam os corações.” Escreveu Hitler, em seu livro, Mein Kampf:
Sendo parte integrante da estratégica para o exercício do poder em qualquer regime político, a propaganda, adquire muito mais força, naqueles de tendência totalitária, pois o Estado, graças ao monopólio dos meios de comunicação, exerce censura rigorosa sobre o conjunto das informações e as manipula.
No Regime brasileiro, as técnicas de manipulação destinadas a provocar mudanças de sensibilidade e exaltação dos sentimentos, assim como as formas de organização e planejamento dos órgãos encarregados da propaganda política, foram inspiradas nos regimes totalitários europeus, e demonstram, dadas as devidas proporções, similitudes. No entanto, as técnicas brasileiras apresentam características particulares e produziram resultados distintos das congêneres europeias.
Se o regime fascista alemão criou, em 13 de março de 1933, o novo Ministério da Informação Popular e da Propaganda, órgão responsável pela articulação propagandística, cuja organização foi confiada a Joseph Goebbels. No Brasil, em 27 de dezembro de 1939, foi criado o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). Dirigido inicialmente pelo jornalista sergipano Lourival Fontes (1899-1967), este departamento, tinha como função coordenar, orientar e centralizar a propaganda interna e externa; fazer censura a teatro, cinema, funções esportivas; organizar manifestações cívicas, festas patrióticas, exposições, concertos e conferências e dirigir e organizar o programa de radiodifusão social do governo.
A exemplo do que acontecia na Alemanha e Itália, no Brasil, o Estado Novo organizou festas e comemorações de todo tipo. Em ocasiões como a Semana da Criança, por exemplo, incluía na sua programação a aposição festiva do retrato do presidente, fato que motivava a presença de corais, discursos inflamados, coquetéis e autoridades. Deste modo, o retrato de Vargas, representação inanimada do chefe político, também o tornava “onipresente”. A ele se exigia respeito e solenidades. Por meio da espetacularização destes eventos, procurava-se ostentar a grandeza do poder; concomitantemente à articulação produzida no intuito intensificar as emoções, sentimentos, tendendo a provocar uma paixão pela estrutura política do Estado.
Todavia, não devemos atribuir somente aos meios de comunicação, o sucesso da propaganda política no Estado Novo, pois isto seria superestimar o seu poder. Devemos levar em consideração o fato de que ela apenas reforça tendências já existentes na sociedade e que a eficácia de sua atuação depende dos códigos de afetividade, costumes e elementos histórico-culturais dos receptores.
Por fim, cabe lembrar que o efeito das mensagens enviadas por meio da propaganda política, não possuem um efeito unívoco dentro da sociedade, provocando, desta maneira, dissonâncias. Contudo, mesmo sem obter uma adesão unânime, a propaganda política foi um dos pilares de sustentação do poder.