A JORNADA DO PROLER E OS LIVROS

O Comitê Sergipano do PROLER vem mantendo o compromisso e a qualidade dos seus eventos, todos dedicados ao incentivo à leitura. A Jornada Temática de Arte – Educação A África está em nós, realizada nos dias 5 e 6 no auditório da Biblioteca Pública Epifânio Dória é um belo exemplo a ser citado, porque reuniu palestrantes, expositores, escritores oferecendo aos assistentes, na grande maioria professores, um painel amplo do tema central, a cultura negra. Os palestrantes foram Roberto Benjamim, livre docente de Pernambuco, presidente da Comissão Nacional do Folclore e autor do livro que deu título a Jornada – A África está em nós; Beatriz Góes Dantas, a maior especialista sergipano em temática negra; Fernando Aguiar, especialista em religiosidade afro-brasileira; além de representantes de confissões religiosas que participaram de Mesa Redonda. As Exposições foram organizadas com as fotografias de Janaina Couvo, sobre a presença feminina no Candomblé sergipano, e de Dinho Duarte – Máscaras africanas -, as pinturas de Costa Lima, os objetos litúrgicos – indumentária ritual, do acervo do professor Fernando Aguiar e os aspectos da escravidão em Sergipe, documentos do Arquivo Público do Estado. As palestras e as exposições atestam a conduta cultural dos organizadores, instituições e pessoas, dentre os quais cabe destacar os nomes de Aglaé D’Ávila Fontes e Maria Rachel dos Reis Morais, incansáveis no aperfeiçoamento do evento anual e a quem Sergipe deve o reconhecimento justo. As escolas precisam, cada vez mais, de estímulos à leitura. Não apenas os alunos, mas também os professores, para que o processo ensino – aprendizagem não seja um fingimento: o professor finge que ensina, e o aluno finge que aprende. O aluno, quando chega na escola, é portador de um repertório que adquiriu em casa, no convívio familiar, nas calçadas e nas ruas, nos espaços internos dos condomínios, no contato com as demais crianças. Sua fala, seus gestos, seus conhecimentos, atitudes, crenças, hábitos, valores devem ser considerados, como parte essencial de uma cultura local, que é a referência mais próxima e que está conotada da geografia e da história. O professor, curador da cultura universal, distribuída nas disciplinas da escola, é quem conduz o processo de produção do saber, ampliando o conhecimento e refletindo sobre ele. A escola, como agência de cultura, é o espaço lúdico de encontro de culturas e tanto mais ela seja estimulada à leitura, mais ela cumpre o seu papel de preparar crianças e jovens para a vida e para o mundo. As escolas públicas do Estado de Sergipe já tiveram salas de leitura e salas de vídeo, como instrumentos de reforço à aprendizagem, e tiveram, também, estantes nas salas de aulas do ensino fundamental, como incentivo ao uso de livros, em geral, nas classes. A velha alegação de falta de recursos, ou outra qualquer desculpa marota, levou a SEED a suprimir das escolas tais serviços, deslocando os professores, já treinados, para as funções triviais do magistério. O PROLER de algum modo compensa a deficiência das escolas e conta com a sensibilidade dos professores, que comparecem e participam animados dos eventos, como se viu na Jornada Temática de Arte – Educação A África está em nós. As falas de encaminhamento do tema, os debates, as exposições didáticas e o lançamento dos livros formam um conhecimento novo, esclarecedor, a ser levado para as escolas e nelas ampliado como exercício prático. O conhecimento sobre a escravidão negra, a contribuição étnica ao Brasil e à formação da sociedade brasileira, particularmente a Sergipe e aos sergipanos, é um fundamento da cultura, que por séculos tem sido relegado a plano secundário. A Jornada Temática do PROLER foi enriquecida pelo lançamento dos Catálogos de Horácio Hora e de Silvio Romero, editados pela Secretaria de Estado da Cultura. Ambos organizados por Ana Conceição Sobral de Carvalho e Rosina Fonsêca Rocha, o primeiro, em formato grande, reúne obras do artista espalhadas por vários espaços privados e do Museu Histórico de Sergipe, em São Cristovão, e textos de vários autores enfocando a importância de Horácio Hora para as artes sergipanas. O segundo – Silvio Romero e a Sergipanidade – é um Catálogo da exposição montada em 2001, quando Sergipe celebrou os 150 anos de nascimento, em Lagarto, do crítico e historiador literário, e tem textos e ilustrações que cumprem, admiravelmente, sua função didática. O terceiro lançamento foi Traços da História de Maroim, de Joel Aguiar, livro comemorativo dos 150 anos de elevação de Maroim à categoria de cidade, em 5 de maio. Trata-se de uma reedição, melhorada em sua ilustração, juntando dois livros: um, editado em 1927, em homenagem aos 50 anos de fundação do Gabinete de Leitura de Maroim, a segunda mais antiga biblioteca pública sergipana, o outro, escrito antes de 1986, provavelmente em 1983, com informações sobre a cidade, sua história, fatos relevantes, figuras de comerciantes estrangeiros e brasileiros, religião, educação, cultura, que destacam a terra de Cleômenes Campos, de Deodato Maia, de Alberto Deodato, de Corinto Mendonça, e do próprio Joel Macieira Aguiar. O Secretário de Estado da Cultura, José Carlos Teixeira, deu mais uma demonstração de apreço ao esforço cultural dos sergipanos apoiando a Jornada Temática do PROLER e promovendo os lançamentos dos livros que a Secretaria de Estado da Cultura editou, valorizando a bibliografia sergipana, e incentivando, verdadeiramente, a leitura. A Secretaria de Estado da Cultura supre, assim, as deficiências da Secretaria de Estado da Educação em matéria de estímulo à leitura nas escolas públicas de Sergipe. Permitida a reprodução desde que citada a fonte “Pesquise – Pesquisa de Sergipe / InfoNet”

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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