As obras começaram em ritmo alucinante. A primeira delas, o Palácio Provisório (atual prédio da Delegacia Fiscal) foi contratada em 23 de março de 1855, menos de uma semana depois da Resolução da mudança, com o tenente coronel Antonio Carneiro de Menezes. Era uma construção relativamente simples, com dois quartos, duas salas de frente, um gabinete, uma sala de jantar, dispensa e cozinha. O presidente Salvador Corrêa de Sá e Benevides mandou ampliar o Palacete, com mais dois quartos, uma estrebaria e um muro. Em 18 de abril, foi contratada a obra da Alfândega, (prédio que está fechado, no fundo da praça General Valadão), construído sobre as ruínas da Alfândega velha. Em 23 de abril o Quartel da Polícia (atual prédio, sem uso, da Secretaria de Estado da Educação, a avenida Ivo do Prado). Em 22 de maio foi lançada a pedra fundamental da Catedral, que não passou de parte do alicerce, e em 15 de junho teve início, no terreno onde deveria ser construída a Catedral, a obra do Palacete da Assembléia Legislativa Provincial. As obras de esgotamento sanitário e de aterro tiveram como responsável o Capitão Francisco Pereira da Silva, enquanto as três fontes que Inácio Barbosa mandou cavar ficaram sob a responsabilidade do tenente coronel José Xavier Garcia de Almeida. A historiografia sergipana é pródiga para com os presidentes titulares, mas trata pouco dos vices, geralmente quatro, para cumprir certos períodos. Quando foi chamado a assumir o Governo, o Barão de Propriá era o 3º vice-presidente. O Barão de Maruim, que era o 1º vice, estava fora da Província e o 2º vice ou tinha morrido ou estava com algum impedimento. Apesar de passar apenas 20 dias como presidente interino, o Barão de Propriá teve de enfrentar o cólera, tomando providências que livraram Sergipe de uma epidemia de graves proporções. Doente, em Estância, o presidente Inácio Barbosa temia que o cólera que grassava na Província da Bahia pudesse atrapalhar os seus planos de povoar Aracaju com funcionários públicos transferidos de São Cristóvão e com sergipanos de vários lugares. Foi Inácio Barbosa, no leito de morte, quem declarou a “Quarentena” para as embarcações procedentes de portos onde houvesse a epidemia do cólera e criou uma Comissão de 3 médicos para Estância, dentre eles o poeta José Maria Gomes de Souza, um para São Cristóvão – Dr. Francisco Sabino Coelho de Sampaio, e um para Aracaju, o Dr. José Antonio de Freitas Júnior, encarregada do monitoramento da providência. Inácio Barbosa, em 6 de setembro de 1855, convocou o Barão de Propriá e o mandou assumir o Governo da Província, para tomar outras medidas, como a de contatar com os presidentes das Províncias de Pernambuco e de Alagoas, garantindo o abastecimento de Sergipe, principalmente de comidas e remédios, prejudicado com a decisão de fechar as entradas para os barcos da Bahia e de outros portos ao Sul. O Barão de Propriá, em Relatório datado de 26 de setembro de 1855, com o qual passa a administração da Província ao Barão de Maruim, demonstra toda a sua preocupação com a situação ameaçadora, como um percalço ao intencionário do presidente Inácio Joaquim Barbosa. As circunstâncias desfavoráveis daquela quadra, incluindo a morte prematura do presidente, não impediram, contudo, o sucesso do projeto de mudança da capital. Os aterros se tornaram rotineiros e vararam o tempo, as doenças foram combatidas, as áreas das construções saneadas, e as obras fizeram de Aracaju um grande canteiro de trabalho, como atesta o relato da visita de Dom Pedro II e sua comitiva a capital sergipana, em janeiro de 1860. Aracaju foi, também, uma vitória da determinação.
A decisão do presidente Inácio Barbosa de mudar a capital ainda carece de mais amplo e melhor entendimento, para que certas lacunas sejam preenchidas com informações contidas nos documentos públicos, com as quais será possível consignar, nos anais da história, o papel de pelo menos quatro figuras de destaque político: o próprio presidente Inácio Barbosa, o Barão de Propriá – comandante José da Trindade Prado, da Guarda Nacional -, o Barão de Maruim – João Gomes de Melo – e o presidente Salvador Corrêa de Sá e Benevides. Inácio Barbosa foi nomeado presidente da Província de Sergipe em 7 de outubro de 1853, tomou posse em 17 de novembro do mesmo ano, governando até 6 de setembro de 1855, quando chamou a assumir a
administração o vice-Barão de Propriá, que permaneceu a frente do Governo até 26 de setembro, passando a chefia da Província ao Barão de Maruim. Salvador Corrêa de Sá e Benevides, nomeado em 24 de dezembro de 1855, tomou posse em 27 de fevereiro de 1856, ficando em Sergipe até 11 de abril de 1857. As atuais praças Fausto Cardoso e Olímpio Campos foram aterradas e receberam as primeiras e mais importantes obras públicas da nova capital
Inácio Barbosa tinha pressa em dotar Aracaju das condições de habitabilidade e convocou os capitalistas mais próximos para participarem da somação de esforços em pelo menos três medidas imediatas: o aterro da área central da nova cidade – a Olaria, a construção das várias obras e o combate às doenças que ameaçavam mais que as próprias “febres do Aracaju”. O engenheiro Sebastião José Basílio Pirro, que desde 1848 estava na Província, comissionado, contou com a colaboração de mais dois colegas, para implantar seu projeto, que não era tão simples como querem supor alguns intérpretes da história da capital sergipana. O tenente Coronel José Xavier Garcia de Almeida, encarregado de obras gerais, e Capitão Francisco Pereira da Silva, responsável pelas obras da Província.
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